Mistério, expectativa e ansiedade. Estes são os ingredientes naturais que constroem os clássicos Gre-Nais. Muitas vezes, os treinadores costumam lançar mão de uma cartada inesperada para surpreender o rival.
Considerando o tempo de espera para o jogo desta quarta-feira (22), que marcará a retomada do futebol no Rio Grande do Sul, não seria de se espantar caso Eduardo Coudet apresentasse uma aposta de última hora no Estádio Centenário. Pensando nisso, GaúchaZH relembra cinco episódios em que a escalação do colorada trouxe uma novidade a campo.
Fabiano
Vindo de conquistas nacionais e continentais, o Grêmio era amplamente favorito ao título do Gauchão de 1997. Do lado colorado, comandado por Celso Roth, a arma era o atacante Fabiano. Até que surgiu a ideia de encenar uma lesão, em que o jogador deixaria o gramado suplementar do Estádio Beira-Rio carregado pelos médicos, com a perna engessada. Na noite da decisão, porém, o camisa 7 não apenas iniciou como titular como também marcou o gol que rendeu a vitória ao Inter e, consequentemente, a taça de campeão.
Taison
Contratado para substituir Abel Braga em meio ao Brasileirão de 2008, Tite chegou ao Beira-Rio sob a desconfiança dos colorados por ter uma imagem atrelada ao arquirrival. Por isso, não poderia sair derrotado de seu primeiro Gre-Nal. O jogo era na casa do Grêmio, que mirava a liderança do campeonato. O técnico não teve dúvidas e promoveu a estreia de um garoto até então desconhecido: Taison. Com 20 anos, o atacante não se intimidou e, ao lado de Nilmar e Alex, puxou os contra-ataques em velocidade. O Colorado chegou a abrir o marcador, com gol de Índio, mas acabou sofrendo o empate em pênalti convertido por Roger Flores. A vitória não veio, mas o empate ajudou o time a se reerguer sob o comando do novo treinador.
Juan Jesus
Tratava-se da final do Gauchão de 2011. Depois de ter perdido o jogo de ida, em casa, por 3 a 2, o técnico Paulo Roberto Falcão precisava apresentar uma novidade que surpreendesse o Grêmio no Estádio Olímpico. A ideia foi colocar o zagueiro Juan Jesus no time, para que o habilidoso lateral Kleber aparecesse no meio-campo. Mas, bastaram alguns minutos para ver que a troca surtiu efeito contrário. O Inter saiu perdendo por 1 a 0 e Falcão desfez o sistema tático, sacando o jovem defensor e mandando a campo o atacante Zé Roberto. Desta vez, a substituição foi eficaz, fazendo com que o Colorado virasse o marcador e, nos pênaltis, conquistasse a taça.
Dátolo
No início de 2012, uma proposta do futebol chinês fez o Inter temer pela saída de D'Alessandro. Por isso, a direção se apressou no mercado para contratar um meia que o substituísse. O escolhido foi o também argentino Jesús Dátolo, que estava no Espanyol. A estreia do jogador se deu justamente em um clássico Gre-Nal, válido pela fase classificatória do Gauchão. Ele foi a grande atração da equipe reserva escalada por Dorival Júnior que, no Estádio Olímpico, conseguiu empatar por 2 a 2. O primeiro gol da partida, inclusive, foi marcado por ele, em chute de fora da área.
Zeca
Enfrentar o Grêmio na Arena não trazia boas lembranças para o técnico Odair Hellmann. Depois da goleada de 5 a 0, em que comandou a equipe de maneira interina, o treinador havia sido efetivado no cargo após a saída da Série B, mas acabou ficando de fora da final do Gauchão de 2018 depois de perder por 3 a 0 na casa tricolor pelas quartas de final. Por isso, era preciso apresentar uma novidade no clássico do primeiro turno do Brasileirão. A saída encontrada por ele foi congestionar o meio-campo, escalando o lateral Zeca em um tripé de volantes à frente da área. O Inter conseguiu segurar o empate por 0 a 0 e, mais do que isso, encontrou um novo modelo de jogo, sem a presença de um meia articulador. Assim, a equipe decolou no campeonato nacional, terminando o ano em terceiro lugar, com uma vaga direta para a Libertadores do ano seguinte.