Depois de vencer as eleições no final de 2014, Vitorio Piffero retornava à presidência do Inter sob o cântico de "o campeão voltou". O dirigente, que havia vivido as grandes conquistas do clube de 2006 a 2010, recebia a equipe classificada para a fase de grupos da Libertadores de 2015. Sem renovar o contrato do técnico Abel Braga, que havia comandado o time na temporada anterior, partiu atrás de outros treinadores. O objetivo era acertar com Tite, que preferiu assinar com o Corinthians. Dando sequência à série de matérias que recorda treinadores que quase acertaram com o Colorado, GaúchaZH aborda a relação conflituosa com Mano Menezes.
Gaúcho de Passo do Sobrado, Luiz Antônio Venker Menezes — ou, simplesmente, Mano — já havia passado pelas categorias de base do Inter no final dos anos 1990. Anos depois, voltaria ao Beira-Rio como rival, comandando Grêmio e Corinthians. Na casa colorada, aliás, conquistou o Gauchão de 2006 e a Copa do Brasil de 2009, o que talvez explique a reação de Piffero quando questionado sobre a possibilidade de contratar o treinador naquele início de 2015.
— Eu gosto do Mano Menezes. Mas acho que ele não é treinador para o Inter — disse o mandatário colorado em entrevista à Rádio Gaúcha.
A declaração não poderia ter causado pior impressão. No final das contas, o dirigente perdeu Tite, não conseguiu convencer Abel a ficar e, ainda por cima, afastou Mano Menezes. A saída foi atravessar a fronteira e buscar o ex-atacante Diego Aguirre, que havia feito boa campanha com o Peñarol em 2011.
Sem nunca ter sido o nome dos sonhos da presidência, o uruguaio permaneceu no cargo até a eliminação do time na semifinal da Libertadores. Desta forma, ainda na metade daquele ano, o nome de Mano ressurgiu na pauta colorada. Era a chance do contragolpe do treinador.
— Entrevistaram o presidente, e ele disse que eu não tinha o perfil. Ele tem todo o direito. Até acho que ele poderia não ter falado em público, ter sido mais elegante. Eu não vou trabalhar no Internacional com ele. Eu penso que técnico é um cargo de muita confiança do presidente do clube. Quando desde o começo não existe essa empatia, não tem como. Ele sabe que eu não vou trabalhar com ele — disse o técnico em entrevista ao programa "Bem, Amigos!", do SporTV.
O Inter acabaria o ano com Argel Fucks, enquanto Mano Menezes iria para o Cruzeiro. Em Minas Gerais, o treinador conquistou dois Campeonatos Mineiros e duas Copas do Brasil. Neste mesmo período, o Colorado não passou de um Gauchão, além de amargar o primeiro rebaixamento de sua história.