Luis Manuel Seijas desembarcou no Inter em 2016 com status de titular. O venezuelano chegava ao time de Argel Fucks após boas atuações na Libertadores daquele ano pelo Independiente Santa Fé, da Colômbia. Eleito à seleção de melhores da América em 2015, o jogador foi contratado para ser o substituto para D'Alessandro, emprestado ao River Plate. Mas as boas atuações não vieram, e Seijas foi emprestado para a Chapecoense, em 2017, e depois treinando em separado até rescindir o seu contrato para retornar ao clube que o projetou no continente, em 2018.
Dois anos depois de deixar Porto Alegre, ele vivia a expectativa de voltar a vestir a camisa do Independiente Santa Fé antes da parada do futebol na Colômbia. Uma séria lesão no joelho o tirou dos gramados no ano passado. Aos 33 anos, espera pelo retorno aos treinamentos. Em entrevista a GaúchaZH,Seijas falou sobre os planos para o futuro, como disputar mais uma Copa América, lançar um podcast e fazer curso para ser treinador.
Confira
Como está sendo este período de quarentena na Colômbia e qual a situação da sua lesão?
Eu lesionei o joelho depois da Copa América, na segunda rodada do campeonato colombiano. Em julho vai fazer um ano da minha lesão. Por conta da pandemia, o futebol parou quando eu estava me recuperando. Para o meu joelho, a parada foi boa, está 100% agora. Mas eu tinha sido relacionado na última partida antes da parada, estava quase pronto para voltar. Fiquei com aquela vontade. Agora é preciso ter paciência e ficar mentalmente mais forte.
Mesmo lesionado, você renovou contrato recentemente por mais uma temporada.
Renovei para conseguir jogar e não sair do clube em uma situação de parada. Quero voltar ao meu nível. O técnico da seleção da Venezuela me liga bastante, eu quero jogar a Copa América de novo no ano que vem.
Quando o futebol colombiano deve voltar? Como são os prazos do Independiente Santa Fé?
Estamos quase na última fase dos treinamentos em casa. A quarentena aqui foi muito forte e restrita. Faz uma semana que eu posso correr na rua, e minhas filhas podem caminhar um pouco também. Neste tempo todo, foi treinamento online. Nesta semana, o Ministério dos Esportes promete um decreto para liberar os treinamentos individuais ou em grupos pequenos. Ainda não é como aí no Rio Grande do Sul.
Até hoje tem muito torcedor do Inter que fala no seu nome nas redes sociais.
Eu fico muito feliz com esse carinho. Nas minhas redes sociais, sempre tem um torcedor do Inter. Apesar da minha circunstância não ter sido a melhor, é um ganho para mim ser lembrado.
Você acha que a sua saída do Inter poderia ter sido diferente?
Não sei se foi injusto, mas eu sei que quando me mandaram treinar em Alvorada. Eu me matei treinando, qualquer um que esteve lá pode dizer isso. Acho que merecia uma nova chance, e não ganhei. Não tenho um sentimento de raiva ou algo parecido. Eu gosto muito do Inter, tenho um carinho muito grande pelo time e pela cidade. Fui muito feliz nesta passagem. Os meus filhos falam um português perfeito por conta deste período. Mas eu queria ter ficado um pouco mais. Eu falo muito disso com o D'Alessandro, talvez eu tenha chegado em um momento que não era o mais adequado.
Eu me matei treinando em Alvorada
SEIJAS
Ex-jogador do Inter
Então você mantém uma amizade com D'Alessandro?
Nós nos falamos muito. A gente tem uma relação muito boa de amizade. Eu estou começando um podcast, e o D'Alessandro é um dos meus convidados. Eu sou um cara muito curioso e fiz este projeto com um amigo muito próximo, que é jornalista. É um papo que era para ser de 30 minutos e virou uma hora, uma hora e meia.
Como se chama o podcast? Já foi lançado? Conte algo que o D'Alessandro falou na entrevista...
Se chama Aqui Entre Nós. É como se fosse uma conversa privada. Nós demos muita risada, eu pergunto muito para ele. Falamos do Campeonato Mundial sub-20 da Argentina, que foi quando eu vi ele pela primeira vez. Ele falou muito da boa relação dele com o Carlos Bielsa, que marcou muito a sua carreira. Perguntei para ele qual era o time dele da infância e ele não quis me contar, disse que está escrevendo um livro, que esta resposta ele não daria. Brinquei com ele e perguntei se era o Boca Juniors. Demos muita risada disso.
Então você pensa em trabalhar em algum veículo de comunicação quando se aposentar? Como comentarista?
Eu gosto bastante (da ideia de trabalhar na mídia). Por enquanto, é um passatempo. Se no futuro isto vir a acontecer na minha vida, este seria um bom lugar. Também quero fazer um curso de treinador, acho que é importante. Independentemente do que eu vá fazer, a experiência é fundamental. Mas só experiência não basta. Experiência e preparação são fundamentais para o futuro. Mas acho que ainda tenho força para seguir jogando mais uns anos.
Você fez parte do elenco que acabou sendo rebaixado com o Inter em 2016. Lá de dentro, era possível ver alguma coisa errada?
Tem muita coisa que por ética profissional eu guardo para mim. Eu assumo a minha responsabilidade, mas não posso falar. Das coisas que você pode olhar de fora, um time que troca quatro ou cinco vezes de técnico não dá. Aí não dá. Você sabe que as coisas lá na ponta não estão dando certo. Cada jogador tem que assumir a sua experiência. A vida é assim. É triste ficar marcado por isso, mas também, às vezes, damos muita importância. Fico feliz pelo Inter estar hoje no lugar que sempre mereceu.