Forçada pela pandemia de coronavírus, a pausa na construção do novo CT do Inter, em Guaíba, atrasou o planejamento do clube mas também foi vista como oportunidade de negócio pela direção. O projeto "Cidade do Inter" entrava na fase de captação de fundos para iniciar as obras quando as medidas restritivas passaram a vigorar no Estado. Se a crise gerada pelo distanciamento social trouxe prejuízos a todos setores da economia, os meses sem atividade serão propícios ao Colorado para buscar arrecadação.
— No momento, vai retardar o início das obras. Mas ganhamos tempo para fazer pesquisas melhores e mais detalhadas sobre a capacidade da torcida. Entendemos as dificuldades atuais, mas é fundamental que o sócio que possa seguir contribuindo, siga. A confiança e investimento no clube serão recompensados no futuro com conquistas e uma grande estrutura — declara o vice-presidente de Negócios Estratégicos, João Pedro Lamana Paiva.
O executivo está envolvido com o projeto desde 2014 e virou o principal responsável em janeiro de 2019. Depois de regularizar o terreno de 90,8 hectares e estabelecer as contrapartidas — metade da área será de preservação ambiental e de cultura indígena — Paiva se dedica a estudar possibilidades para arrecadar os cerca de R$ 2 milhões mensais necessários para iniciar as obras assim que a situação melhorar.
— Claro que agora, mesmo que as autoridades liberem construção civil e tenhamos os recursos, não temos clima. O cuidado com as pessoas e o respeito pela vida vem antes. Mas queremos nos cercar dos meios para que assim que alguma normalidade for retomada, entrarmos com força máxima — estipula o dirigente.
Paiva confia na força dos torcedores para erguer o novo centro de treinamentos. Ele busca inspiração na campanha de construção do Beira-Rio, em 1967, quando colorados até mesmo doavam sacos de cimento ao clube.
— Possibilidades existem. Não temos mais todos os 125 mil sócios pagando em dia por causa da crise, mas se 40 mil deles contribuírem com R$ 40 por mês, por exemplo, já começamos com algo — projeta, citando a vontade de criar novas modalidades de apoio:
— Mesmo os que não são sócios podem ajudar, ainda estamos pensando como. Talvez sorteando pacotes de ingressos, acesso a eventos exclusivos ou camisetas, dependendo das faixas de doações individuais.
O vice-presidente cita, ainda, a possibilidade de empresas contribuírem de maneira mais contundente. Paiva não descarta que parcerias no formato naming rights sejam pensadas para um futuro a médio prazo.
— Uma coisa é o empresário colocar R$ 2 milhões de uma só vez para comprar um jogador, por exemplo, em movimento pontual. Outra seria ele diluir essa contribuição em vários aportes mensais, o que é vantajoso para a gente também — comenta Paiva.
Os primeiros planos calculam que toda a estrutura custará em torno de R$ 70 milhões. Paiva revela que segue em contato com autoridades estaduais para que as licenças de construção, que expiram ao final de 2022, possam ser prorrogadas pelo número de meses que o projeto ficar impedido de prosseguir durante a pandemia.