O capitão do Inter Andrés D’Alessandro completa 39 anos nesta quarta-feira (15). No Beira-Rio desde 2008 — ficou fora apenas na temporada 2016, quando foi emprestado para o River Plate —, o argentino disputou 484 partidas e marcou 94 gols com a camisa colorada.
GaúchaZH questionou ex-jogadores, dirigentes, comentaristas e torcedores sobre o tamanho que D’Ale tem na história do Inter. Confira:
Fernando Carvalho, ex-presidente do Inter
"Na minha avaliação, ele está entre os três maiores da nossa história. Aponto Fernandão, Falcão e D'Alessandro. Ele tem tempo de clube, identificação, títulos e vitórias marcantes contra o Grêmio. O D'Ale é uma pessoa de temperamento sanguíneo, que se entrega dentro de campo exatamente como a torcida do Inter quer. Os três tinham isso, para falar dos que citei. Nós temos outros jogadores com essa garra, mas esses três se destacaram ainda pelos títulos que conquistaram, a participação que tiveram e a qualidade. O D'Ale teve isso e cativou o torcedor. A torcida vê que ele se entrega em campo. E fora, ele se manifesta como torcedor. Quando se refere ao Inter, ele fala 'o nosso clube'. Isso faz com que o torcedor se sinta identificado".
Iarley, ex-atacante campeão da Libertadores e do Mundial
"O D'Ale chegou no momento em que terminava o nosso ciclo, do Fernandão, do Clemer e o meu. Ele chegou com o jeito dele, com liderança e deu sequência a uma era vitoriosa do clube, conquistando vários títulos e vem mantendo o Inter em nível alto. É um cara que vestiu a camisa do clube e se identificou com o torcedor. Está entre os cinco maiores (da história colorada), com certeza. Não tem como a gente fazer um ranking porque cada um teve sua época, mas depois do Fernandão vem ele".
Valdomiro, ex-atacante tricampeão brasileiro
"D’Alessandro representa bastante na história do clube. São 12 anos no Inter. Isso não acontece mais com jogador de futebol. Penso que ele representa muito como um ídolo. Vai ficar marcado na história do Inter junto com Falcão, Fernandão, Figueroa, Valdomiro e outros nomes que fizeram história no clube. É difícil encontrar um jogador que fique tanto tempo. Atualmente tem muito a questão financeira, de o jogador receber uma proposta melhor e sair. Antigamente era mais normal ficar tanto tempo, existia mais essa ligação de amor do jogador com o clube. O D’Ale representa isso".
Nei, lateral-direito campeão da Libertadores
"O D’Ale é um dos cinco maiores ídolos da história do Inter, por tudo que ele conquistou, pelo respeito que tem com a torcida, a postura do clube. Ele vestiu a camisa do Inter. Posso dizer que a camisa está praticamente por baixo dele. É um cara com uma liderança absurda, provando nesse tempo todo a qualidade que tem. É um cara que, desde a época que eu jogava, puxa todos dentro do treino. A idade agora não atrapalha. Ele sempre busca vencer, às vezes em excesso, mas isso é pelo desejo de vitória. Eu aplaudo e tiro o chapéu para o D’Ale. Fora de campo é um pai de família, que respeita e valoriza isso. Com certeza, o D’Alessandro está entre os três ou cinco maiores ídolos da história do Inter".
Filipe Gamba, colunista de GaúchaZH
"D'Alessandro é o maior estrangeiro da história do Inter. Superando, inclusive, o gigantesco Elias Figueroa. D'Alessandro não é o maior ídolo da história do clube, afinal, à sua frente estão Falcão e Fernandão, porém, conseguiu desde que chegou ao Inter, em 2008, colocar o seu nome na história colorada como o terceiro maior jogador".
Lelê Bortholacci, colunista do Diário Gaúcho
"O D'Alessandro certamente está no top 5 de maiores jogadores da história do Inter. Ele criou um vínculo não apenas com o clube, mas com a cidade que serve de exemplo para o mundo inteiro. É raro, principalmente na América do Sul, um jogador ficar tanto em um clube como o D’Ale ficou no Inter. E durante esse tempo ele apresenta números consistentes de títulos e de vitórias em clássicos. Ele entendeu a rivalidade Gre-Nal e virou um cidadão porto-alegrense. Excede as quatro linhas o que ele representa para a cidade ao criar um evento (Lance de Craque) que está no calendário da Capital. Além de tudo isso, tem a qualidade técnica que segue acima da média".
Diogo Olivier, colunista de GaúchaZH
"Comparações são sempre perigosas, pois é complicado confrontar épocas. A idolatria e a entrada no panteão de cada clube não têm a ver só com título. Os títulos são importantes, é claro. São os vencedores que contam a história, mas não toda ela. E nem a verdadeira. Tente contar o universo das Copas sem a Holanda de 1974, por exemplo. D’Alessandro entra na lista dos 10 maiores do Inter por isso. Não pela fartura de títulos, mas por ficar mais de uma década no mesmo clube em tempos de beija-beija do próximo escudo na carreira, por regressar hora ruim da Série B, pelo Lance de Craque, pelo filho gaúcho, pela maneira como percebeu, entendeu e abraçou um pedaço da rivalidade Gre-Nal como se fosse o seu River Plate. Raros ídolos souberam fazer isso tão bem e com tamanha sinceridade. O torcedor do Inter se vê em D’Alessandro, entre erros e acertos de sua personalidade argentina. Muitos até tentaram, mas sem a empatia dele. Sua volta em 2017 carimbou o ingresso no top-10".
Luis Anápio Gomes, ex-vice de futebol do Inter
"O D'Alessandro inverteu a relação com o torcedor. Não é ele quem se identifica com o Inter, mas o torcedor que se identifica com ele. O colorado vê no D'Ale aquela cara que o representa da melhor forma possível. É com inteligência, ele é guerreiro, se doa. Ele faz aquilo que o torcedor quer. Não é apenas para o torcedor, atinge também os dirigentes. O D’Ale sintetiza tudo que o torcedor quer de um jogador. Ele pode cometer deslizes, mas é extremamente profissional. O D'Alessandro transcendeu a identificação dele com o clube e os torcedores passaram a se identificar com ele. Ele representa o Inter não apenas jogando. A maneira dele se colocar, de responder. Ele dá uma voz colorada para o torcedor que não tem voz".
Thedy Corrêa, cantor e torcedor colorado
"É difícil avaliar sem cometer algumas injustiças com uma história que em muitos casos não presenciei. Eu diria que nos últimos 40 ou 50 anos tem Falcão, Fernandão e D’Alessandro. Os três em função da dimensão que cada um adquiriu. O Falcão, talvez, seja o ídolo que atravessou mais tempo com esse status. O Figueroa poderia ser citado, mas ele não esteve tão presente. O D’Alessandro tem números impressionantes. O maior deles é o tempo de permanência. Impressiona ter um jogador há tanto tempo em um clube. Além disso, outra coisa que qualifica para ele estar entre os três é o tipo de relação que estabeleceu com o clube. Isso é algo diferente no futebol mundial. Ele é um cara que se apaixonou pelo clube. O D’Ale é um cara apaixonado pelo Inter".
Zé Victor Castiel, ator e torcedor colorado
"Fazer um ranking sempre é difícil porque cada um teve seu grau de importância no seu tempo. Desde o Rolo Compressor, da minha geração com Figueroa, Falcão e o Valdomiro. Tem o Fernandão, que nos deu o Mundial. Eu diria que o D'Alessandro é o maior exemplo de carinho por um clube que um jogador demonstrou na última década. É muito difícil um jogador da categoria dele ficar tempo tempo no mesmo clube. Ele é comovente tanto quanto o Valdomiro, que ficou tanto tempo aqui. Só que o D'Ale joga em uma época em que não se fica tanto tempo em um clube. O D'Alessandro não é só ídolo porque joga uma barbaridade, mas também pelo caráter. Ele é o primeiro a chegar aos treinos, é o cara que vê um garoto da base amolecendo e chega junto, que cobra quando alguém chega atrasado ao treino. Ele é exemplo. O Valdomiro e o D'Alessandro são atletas comoventes na história do Inter. A diferença entre os dois é a época em que jogaram".
Rafael Malenotti, cantor e representante colorado no Sala de Redação
"O D'Alessandro chegou ao Inter em um momento de auge em que o clube precisava de alguém para dar continuidade a isso. Ele não só assumiu esse posto, com uma inteligência rara e diferenciada e uma técnica de alto nível, como também se mostrou uma referência fora de campo. Ele se integrou totalmente na história do nosso clube e colocou o seu nome em uma posição extremamente importante nesses 111 anos de feitos relevantes e inúmeras conquistas. Somado a isso, criou o Lance de Craque, que todo final de ano junta um time de estrelas para ajudar os mais carentes. Por essas e outras que o D’Alessandro foi, é e sempre será motivo de orgulho para todos nós. É exemplo de atleta e cidadão".