O Inter cogita desistir de disputar o Brasileirão de Aspirantes, competição conquistada pela própria equipe colorada em 2019. Um dos motivos é a extinção do time B, equipe que reunia atletas de até 23 anos. Além disso, o clube passa por um momento de mudança na sua política de divisões de base e tem como objetivo aproveitar cada vez mais os jovens atletas no grupo principal.
A ideia é fortalecer as categorias sub-15, sub-17 e sub-20 e aproveitar as principais promessas na equipe de Eduardo Coudet. No atual plantel principal, há oito jogadores com menos de 20 anos, que teriam idade, inclusive, para atuar pelas divisões de base. Logo, a direção entende que não haveria sentido contar com uma equipe de transição.
Diante dessa política, o que pode inviabilizar a participação do Inter no Brasileirão de Aspirantes nos próximos anos é o regulamento da competição. Apesar de se tratar um campeonato sub-23, as equipes podem relacionar para os jogos no máximo oito atletas com idade até 19 anos. Desta forma, os times são obrigados a escalar diversos jogadores acima de 20 anos. Este item tornaria inviável a participação colorada, pois, sem o Inter B, não haverá jogadores suficientes para formar um time sub-23, ao menos que alguns atletas do grupo de Eduardo Coudet sejam cedidos para o torneio, hipótese que o clube não admite.
— Se não mudarem o regulamento, o Inter não vai jogar. Creio que outras equipes tomarão a mesma decisão — disse uma fonte do clube.
A questão principal é que a direção colorada definiu que não vai investir em jogadores acima de 20 anos para categorias que não sejam o grupo principal. Se não for para reforçar o time de Coudet, o investimento será na base, mas em atletas com idade inferior a 18 anos.
— Temos a filosofia de montar equipes cada vez mais jovens, plantéis equilibrados e com número de atletas reduzido, priorizando a qualidade do trabalho. Consequentemente, o investimento em atletas para uma equipe sub-23 vem sendo menor. Hoje, reduzimos a folha e apostamos mais na captação de atletas desde as categorias menores, que é o futuro sustentável do futebol do clube. Logo, a manutenção de um time acima de 20 anos não faria sentido — explica o diretor-geral das categorias de base do Inter, Fabrício Dellaix.
Essa nova filosofia já teve reflexos em algumas decisões do início do ano. Em vez de contratar jovens "semi-prontos" de 20 anos, o clube buscou, para a base, jogadores mais jovens. No início do ano, desembarcaram no Beira-Rio três garotos de 18 anos procedentes de outros países América do Sul, como os atacantes Maximiliano Zalazar, do Boca Juniors-ARG, Tomás Lujan, do Platense-ARG, e Andrés Amaya, do Atlético Hulia-COL.
— O nosso objetivo principal é formar jogadores e disponibilizar atletas em condições para o departamento profissional. A ideia é ter atletas cada vez mais jovens, o que é importante também para gerar receitas. O título da Copa São Paulo é uma consequência disso. Quando contratamos três atletas sul-americanos de 18 anos e não de 20 estamos dando um indicativo. Não sabemos se o Brasileirão de Aspirantes vai acontecer, Mas, se não pudermos disputar, será porque teremos outros objetivos dentro do planejamento — finaliza Dellaix.