Com três temporadas de Beira-Rio completadas na terça-feira (3), quando usou a faixa de capitão no braço na goleada do Inter por 3 a 0 sobre a Universidad Católica, Victor Cuesta, 31 anos, virou um dos líderes do time de Eduardo Coudet para o primeiro Gre-Nal da história na Libertadores, na próxima quinta-feira (12).
Um dos jogadores que mostrou melhor adaptação ao estilo de Eduardo Coudet, o zagueiro afirmou que prefere que o time colorado assuma riscos na Arena para buscar a primeira vitória na casa do Grêmio desde 2014. Segundo ele, o Inter chega mais afirmado que no primeiro clássico da temporada, pelo Gauchão, e precisa mostrar em campo o resultado do trabalho realizado até aqui pelo grupo e pela nova comissão técnica.
Em entrevista exclusiva ao Grupo RBS, o zagueiro projetou o Inter com uma postura diferente na próxima quinta-feira (12) em relação aos últimos clássicos na Arena.
Qual é expectativa para um Gre-Nal que ficará marcado para a história?
Vai ser especial para a cidade, para o Brasil todo, para a história dos dois clubes, para as torcidas e para nós jogadores. Gre-Nal sempre é especial, mas pela Libertares, terá outro gosto. Vai ser difícil e estratégico. Teremos de trabalhar muito para sair com a vitória de lá.
Para você, é mais importante fazer um gol neste Gre-Nal ou ficar marcado por ter tido uma grande atuação defensiva?
Procuro sempre fazer o meu melhor defendendo. Gosto de fazer um desarme, uma antecipação. Fazer gol é muito bom, mais ainda para um zagueiro, que não tem muita oportunidade, mas o meu principal objetivo é defender o nosso gol e ser protagonista na defesa. É para isso que trabalho.
Quais as lições que vocês podem tirar do primeiro Gre-Nal para este próximo pela Libertadores?
Naquele Gre-Nal, estávamos começando a temporada e fizemos um grande jogo. Penso que o resultado deveria ser melhor para a gente. Começamos devagar, mas a medida que o jogo foi passando, melhoramos. Mesmo com 10 jogadores, penso que merecemos o gol e até ganhar o jogo. Infelizmente perdemos e agora precisamos encarar esse jogo que será fundamental para a gente.
O Inter está mais pronto para o segundo Gre-Nal do ano?
Penso que sim. A gente queria ganhar o primeiro turno do Gauchão. Agora nós e o Grêmio brigamos para chegar à final, mas ambos têm a Libertadores. Será difícil nas duas competições.
Qual é o desafio para um sistema defensivo ter de marcar um jogador como o Everton?
Ele cai mais pelo lado direito da defesa, mas a gente acaba se enfrentando às vezes. Penso que tem sido um duelo parelho, tenho vencido e perdido. É bom marcar um jogador com essas características e que está em uma fase boa. Ele vem sendo convocado para a Seleção e mantém um nível alto no Grêmio.
Como é encarar o Everton no um contra um?
Ser defensor e marcar um jogador desse nível é importante e também mostra que você está preparado para jogar contra grandes atacantes. O futebol brasileiro tem um alto nível de atacantes. É importante marcar esse tipo de jogador, rápidos e que são bons no um contra um. Ir bem nesses duelos é gratificante porque pode marcar para a tua carreira. Não é fácil, mas sempre me preparo para esse duelo.
A maneira de jogar do Coudet te favorece?
É muito bom para a minha característica. Eu fazia isso no Independiente com o (Jorge) Almirón e com o (Gabriel) Milito, que são treinadores com estilos parecidos aos de Coudet. Quando cheguei aqui no Brasil, não foi tanto essas ideias, embora o Zago tenha trabalhado um pouco assim. O Coudet pede para tentar levar a bola, para virar o jogo. É importante ter o apoio do treinador para arriscar.
Ter perdido o Gre-Nal com um gol no final ainda incomoda vocês? O que aconteceu no lance do gol do Diego Souza?
A gente estava sem o primeiro volante, não tínhamos quem entrava no funil no cruzamento. O Victor Ferraz passou correndo. Dei um passo para frente e, quando quis voltar, já era tarde. Tentei fechar o jogador que passou na minha frente, mas eles estavam com bastante gente na área. O cruzamento foi bom e ele (Diego Souza) conseguiu um bom cabeceio.
O Diego Souza é um jogador que gosta do contato físico. É mais difícil marcar um centroavante assim ou um jogador de drible?
Ele procura o contato, consegue segurar a bola para dar apoio aos outros jogadores. É difícil também marcar um centroavante de estatura grande, mas penso que a gente estava fazendo um grande Gre-Nal. Na última bola, acabou escapando.
O elenco assimilou bem a ideia do Coudet?
Ele vai melhorando o idioma aos poucos. O grupo entendeu rápido as ideias. Os resultados foram bons e isso é fundamental no Brasil ou na Argentina. Estamos contentes com a ideia e a proposta. O último jogo mostrou o que a gente quer. É continuar porque ainda temos o que melhorar e vamos fazer isso.
O jogo contra a Católica é um modelo a ser seguido?
A ideia é manter esse tipo de jogo, com intensidade. Poderíamos ter feito dois ou três gols no primeiro tempo. Conseguimos manter o ritmo e chegar ao resultado.
O Inter não teve posturas ofensivas na Arena nos últimos clássicos. É possível repetir no Gre-Nal o que foi feito contra a Católica?
Podemos jogar assim. Temos de trabalhar para isso. Prefiro arriscar, sair para jogar. Não é fácil jogar na Arena. É melhor perder arriscando do que jogar atrás, que sabemos que não deu resultado, pois não ganhamos nenhum Gre-Nal lá. Temos de trabalhar para atacar o Grêmio e fazer um grande jogo.
É melhor perder arriscando do que jogar atrás, o que não deu resultado
CUESTA
sobre o Gre-Nal da Libertadores
O Inter não vence na Arena desde 2014. O quanto isso incomoda vocês?
Pela ideia do Coudet e o pensamento de todos, vamos sair a jogar igual em qualquer campo. Ano passado, vencemos fora de casa na Libertadores, mas ficamos devendo no Brasileirão. Neste ano, fizemos grandes jogos fora de casa já. Vamos sair a ganhar e quebrar esse tabu.
Vocês correm riscos com os zagueiros saindo jogando como estão. Como reagir se o time sofrer um gol por um erro assim?
Nós temos certeza de que vamos acertar mais que errar. Claro que, em algum momento, iremos errar e poderemos levar um gol, mas vamos manter essa ideia. Até agora, deu resultado.
Esse ano terá um número grande de Gre-Nais. É bom ou ruim ter tantos clássicos?
Sempre é bom jogar Gre-Nal. Em 2019, tivemos cinco Gre-Nais e poderíamos ter mais quatro por Libertadores e Copa do Brasil. Tem as dificuldades, a pressão externa, mas sempre é bom. Temos de trabalhar e tentar buscar a vitória nesses clássicos.
O Bruno Fuchs ganhou há pouco tempo a oportunidade no time titular. Você procura dar conselhos para ele?
A gente sempre tenta aconselhar. Ele tem muita qualidade para ser um grande zagueiro. Nós estamos fazendo um grande trabalho. Não sofremos gol na Libertadores. Marcamos com uma linha alta, mas ele é muito rápido e tem recuperação. Ele sabe as qualidades e o que tem de melhorar. Nós temos uma ideia de jogo. Mesmo que alguns não tenham paciência, nós vamos manter.
Nós temos uma ideia de jogo. Mesmo que alguns não tenham paciência, nós vamos manter
CUESTA
sobre estilo de Coudet
O Renzo Saravia acabou de chegar. Facilita ter muitos argentinos no Beira-Rio?
É bom acrescentar argentinos ao grupo. O argentino sempre caiu bem aqui no Inter. São poucos casos que não deram certo. Tomara que o Saravia possa nos ajudar muito. O D'Ale já tem uma história no clube, o Sarrafiore está começando e confio que irá muito longe. Torcemos para que tudo dê certo e eles possam ajudar o clube.
A seleção argentina ainda é uma meta? Você acredita em disputar a Copa do Mundo de 2022?
Tenho idade e trabalho para isso. Estou em um momento muito bom desde que cheguei ao Inter. Sonho em ter mais uma oportunidade na seleção e vou trabalhar para isso. Estou em um futebol competitivo, como o brasileiro, que tem os melhores atacantes. Jogar aqui me deixa preparado para poder chegar à seleção.
Você e o Kannemann brigam por lugar ou podem ser convocados juntos?
Podemos ir juntos, embora ele seja da mesma posição. Ele está indo seguido e eu vou continuar trabalhando para que a oportunidade chegue.
Pelo nível que você tem apresentado no Inter, esperava já ter tido uma nova oportunidade na seleção?
Eu trabalho para ter a oportunidade, mas é o treinador quem escolhe. Quando a oportunidade chegar, tenho de estar pronto para competir. Chegou em 2016, quando estreei na seleção com gol e fui para a Copa América. Depois, estive na Olimpíada, que foi ruim porque a seleção se organizou mal, muitos clubes não liberaram jogadores. A gente foi desorganizado e acabou saindo cedo.
Qual foi o atacante que mais te deu trabalho aqui no futebol brasileiro?
O Everton é muito difícil. O Bruno Henrique e o Gabigol também, principalmente no último confronto pela Libertadores.
Victor Cuesta em Gre-Nal
- 10 jogos
- 2 vitórias
- 4 empates
- 4 derrotas
Título pelo Inter
Recopa Gaúcha (2017)
Prêmios
Melhor zagueiro do Brasileirão de 2018 pela CBF e Bola de Prata ESPN