A confiança do Inter no futebol de Gustavo (ou Gustagol, como ficou conhecido) se expressa no modelo da negociação feita com o Corinthians. Além de trazê-lo por empréstimo até dezembro, a direção colorada adquiriu 15% dos direitos econômicos do atleta, estabelecendo um valor fixo para comprar outro percentual ao final do ano.
Último reforço anunciado no Beira-Rio, o centroavante de 25 anos representará, em um primeiro momento, o fim das improvisações para Eduardo Coudet. Tendo apenas Paolo Guerrero como camisa 9 de ofício à disposição no elenco, o técnico argentino se viu obrigado a escalar o meia Thiago Galhardo em uma função mais ofensiva neste início de 2020. Porém, Gustagol será bem mais do que um substituto imediato.
Por conta das convocações para a seleção peruana, Guerrero será um desfalque constante para o Inter. Caso o Peru chegue à final da Copa América mais uma vez, como no ano passado, o Colorado ficará sem seu centroavante titular em 10 jogos do Brasileirão, entre junho e julho (da 6ª até a 15ª rodada).
A primeira experiência será já no Gauchão, quando o Inter enfrentar o Esportivo, em Bento Gonçalves, e o Aimoré, no Beira-Rio, pelas 5ª e 6ª rodadas do segundo turno. Nestes dois jogos, o centroavante titular estará a serviço de Ricardo Gareca para o início das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. A dose ainda poderá ser repetida em mais duas rodadas do campeonato nacional, em outubro e novembro. Portanto, Gustagol irá executar a função do camisa 9 em ao menos 14 partidas desta temporada.
— Vi ele em campo pelo Corinthians e pelo Fortaleza, quando fez uma Série B excepcional (em 2018). Achei uma boa contratação, porque não há centroavantes disponíveis no mercado. Da primeira vez que o Casagrande viu ele no Criciúma, ficou impressionado. Ele não é tão bom tecnicamente, com a bola nos pés, mas o pacote que ele entrega é bom. Tem chute forte, boa conclusão e o Rogério Ceni diz que ele é o melhor cabeceador do futebol brasileiro. Acho que é um pouco exagerado, mas ele é um jogador importante — analisa Sérgio Xavier Filho, comentarista do SporTV.
Dupla de centroavantes?
Outra alternativa que não pode ser descartada é ver Guerrero e Gustavo atuando juntos. Em seus trabalhos anteriores, Coudet já formou uma dupla de ataque com dois centroavantes. No Rosario Central, por exemplo, Marco Ruben teve a companhia do colombiano Teo Gutiérrez, além do ex-gremista Herrera. No Racing, o ex-colorado Lisandro López também atuou com atletas de características semelhantes, como Gustavo Bou, Cvitanich e Cristaldo.
— Chacho gosta de jogar com dois camisas 9 e sem extremos. Eles se dividem nas funções. Um sai mais da área, cai pelos lados, recua para armar o jogo junto aos meias, e o outro fica na área. Ele pratica muito o jogo interno, além da subida dos laterais — descreve Nicolás Montalá, setorista de Racing pelo diário Olé.
Caso a escolha se repita, escalando dois centroavantes no Inter, resta saber qual dos dois irá atuar mais recuado. Se depender de seu retrospecto recente, Gustagol será o homem de referência entre os zagueiros. Isso porque todos os 14 gols marcados por ele no Corinthians foram jogando nesta função. Destes, seis foram de cabeça — considerada a especialidade do jogador que mede 1m89cm. A maioria (quatro), em jogadas de bolas parada, incluindo o empate em 1 a 1 com o Racing, pela Copa Sul-Americana, quando aparou de cabeça uma cobrança de falta pela direita. Ou seja, o próprio Coudet já foi vítima daquele que, a partir do próximo fim de semana, reforçará o setor ofensivo colorado.
— Se você colocar os dois, o time perde mobilidade. O Gustavo não é um jogador lento, mas também não é rápido. Não dá para colocá-lo aberto pelos lados. Só podem jogar juntos em determinada circunstância do jogo, quando o Inter estiver perdendo, precisando fazer gol — conclui Sérgio Xavier Filho.