Desembarca nesta quinta-feira (27) em Porto Alegre o mais novo reforço colorado: o atacante Maximiliano Zalazar, cria das categorias de base do Boca Juniors. Embora a contratação gere expectativa, o jovem de 19 anos integrará inicialmente o time sub-20 do Inter, passando por alguns meses de adaptação, aos moldes do que foi feito com o meia Sarrafiore, hoje no elenco principal.
— Tenho o visto faz um tempo, não só pelos jogos de sua categoria, mas pela seleção sub-20. Ele joga em um time que não tem um centroavante de área típico, como é normal na Argentina. São vorazes para buscar o gol de uma maneira mais direta. E, dentro deste contexto, ele jogava tanto pela direita como pela esquerda. É muito rápido e potente. Não é um goleador, mas já converteu vários gols — analisa Luciano Torres Toranzo, repórter do site Diario Xeneize, especializado na cobertura do Boca Juniors.
Engana-se quem imagina que, por ser argentino, Maxi Zalazar tenha sido uma indicação do técnico Eduardo Coudet. A única relação entre os dois é a nacionalidade. O desejo colorado em contar com o atacante é mais antigo do que a chegada do novo treinador ao Beira-Rio. Tanto que, ainda em julho do ano passado, a direção apresentou uma oferta, que acabou recusada na Bombonera.
— Quando chegou a proposta do Inter no meio do ano passado, ele estava em fim de contrato com o Boca. O Nicolás Burdisso (ex-gerente de futebol) rejeitou, mas não assinou um contrato profissional com o menino. A mãe dele estava com câncer e eles (dirigentes do Boca), ainda assim, não fizeram nada. Conduziram muito mal a situação — atesta Toranzo.
Passados sete meses e com a troca no comando do clube argentino, a transação finalmente foi concluída. Em fim de contrato com o Boca Juniors, Zalazar renovou por mais três anos e, em seguida, acabou emprestado ao Inter pelas próximas duas temporadas, com opção de compra de 50% dos direitos econômicos fixada em US$ 800 mil (cerca de R$ 3,5 milhões).
Com a negociação concluída, o atleta foi ao CT de Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires, despedir-se dos companheiros. Na saída, abordado por Tato Aguilera, jornalista do canal TyC Sports, explicou que estendeu seu vínculo porque "quis deixar algo ao Boca por todos os anos no clube".
— Notei-o muito feliz por seu empréstimo, com vontade de mostrar e aproveitar essa oportunidade. Estava muito motivado — conta Aguilera.
Prospecção na Argentina
Embora não vá integrar o time principal do Inter em um primeiro momento, Zalazar não se sentirá sozinho no time sub-20. Além dele, o Colorado fechou com o centroavante Tomás Luján, do Platense, da segunda divisão argentina.
A tendência é que cada vez mais estrangeiros integrem os times da base. Com um trabalho de monitoramento que vem sendo realizado desde 2018, o clube busca no mercado continental atletas jovens, em potencial e de baixo custo.
— Em 2013, criamos o Capa (Centro de Análise e Prospecção de Atletas) e, há dois anos, contratamos um observador exclusivamente para observar e analisar o futebol sul-americano, principalmente argentino. Ele passa 15 dias no país vizinho todo mês, observando jogos, fazendo relatórios e depois apresentando para o departamento de futebol, que então contata os clubes e empresários. Ele nos indicou muitos jogadores, mas em diversos casos acabamos esbarrando na questão financeira. No caso do Zalazar, conseguimos avançar — revela Roberto Melo, que ocupou o cargo de vice-presidente de futebol do Inter até novembro do ano passado.