Eduardo Coudet se tornou, no sábado, o maior vencedor da história recente do Racing. Em sua despedida do clube, ele conquistou o Troféu dos Campeões, ao bater o Tigre por 2 a 0, em Mar del Plata. Desde 1967, nenhum treinador do clube havia conquistado dois títulos - Juan José Pizzuti conquistou Libertadores e Mundial e, de quebra, ganhou uma estátua em Avellaneda. Agora, Coudet prepara a sua mudança para Porto Alegre.
O novo técnico do Inter começará efetivamente o seu trabalho no clube em 8 de janeiro, mas estará na cidade neste fim de semana, quando comandará um dos times no jogo beneficente Lance de Craque.
Embora a direção do Inter trate de reforços com Coudet desde meados de outubro, o clube ainda não oficializou a contratação do treinador argentino de 45 anos, o que deverá ocorrer até a sexta-feira.
Também no fim de semana do jogo beneficente entre os Amigos de D'Alessandro contra os Amigos de Guerrero poderá preceder o anúncio sobre o futuro do camisa 10. D'Alessandro ainda precisa renovar para seguir no Inter em 2020. Dificilmente ele anunciará a aposentadoria, deseja permanecer jogando por pelo menos mais um ano. Porém, caso mude de ideia, não se descarta a possibilidade de D'Alessandro assumir uma função na comissão técnica ou mesmo na direção de futebol colorada.
Mesmo depois da sua segunda e última conquista pelo Racing (Coudet ganhou o Campeonato Argentino de 2018/2019 e o Troféu dos Campeões 2019), Eduardo Coudet não falou sobre o Inter, ainda que tenha se despedido do clube Argentino.
— Sinto orgulho pela equipe, pelos jogadores. Merecíamos encerrar o ciclo desta maneira. Sinto que tomei a decisão correta (de aceitar o contrato com o Inter), mas vou sentir saudades — disse Coudet, em sua despedida.
— "Chacho" foi um técnico muito importante para o Racing. Creio que vamos sentir muito, temos uma relação muito boa. Se ele tomou essa decisão (de encerrar a sua passagem pelo Racing), se é para crescer, vamos apoiá-lo. Ele sabe que, no Racing, sempre terá as portas abertas — afirmou Victor Blanco, presidente do clube argentino.
Uma situação, no entanto, chamou atenção na entrevista de Coudet antes da premiação. Em uma mensagem enigmática, com tom de provocação, o treinador parece ter dado uma indireta sobre o fato de que um dos especulados para substituí-lo é Sebastian Beccacece, que dirigia o tradicional adversário de Avellaneda até o mês passado.
— Em 2019, tivemos dois títulos, perdemos só quatro jogos no ano. Eu tive a sorte de ser o treinador destes jogadores. Agradeço a eles, meus amigos, minha família. Tenho uma maneira de ser, de proceder, e a mensagem que gostaria de deixar é que há três anos elegi o lado de Avellaneda que eu queria estar e, com todo respeito aos torcedores, nunca vou dirigir o Independiente — disse Coudet.
Perguntado se poderia voltar ao Racing no futuro, não hesitou:
— Seguramente.
Na coletiva de imprensa, logo depois, Coudet deu os créditos da conquista aos seus atletas:
— É muito difícil seguir sendo competitivo ao longo do tempo e esse plantel conseguiu. Deixamos grandes jogadores na equipe, não estou tão mal assim de olho. É um grande mérito dos jogadores.
O Racing publicou, nesse domingo, uma nota em agradecimento ao treinador. Em determinado trecho ela diz:
"Eduardo Coudet se despediu do Racing como qualquer um gostaria de se despedir de qualquer lugar: com a melhor das alegrias. O técnico da Academia, que chegou em janeiro de 2018 para tentar construir uma equipe competitiva, conseguiu não apenas manter-se no cargo em um contexto em que os técnicos vão e vêm, senão dar ao clube um selo futebolístico claramente reconhecível que produziu muito orgulho nos seus torcedores. Como se fosse pouco, conseguiu dois títulos: Superliga 2018/2019 e Troféu de Campeões".
E finaliza mirando o retorno de Coudet ao clube:
"Já empolgados (os torcedores), no Estádio José María Minella, perguntaram a Coudet se ele pretendia voltar no futuro e, com o sorriso estampado no resto, disse que sim. A resposta do Racing é conhecida de cor. ele será esperado de braços abertos".
A hora dos reforços: Coudet pode indicar ex-meia do Grêmio
Com o técnico a caminho, é hora de começar a contratar os primeiros reforços para 2020. Afinal, Nesta terça-feira, na sede da Conmebol, em Luque (PAR), o Inter conhecerá como será a sua trajetória na pré-Libertadores, a partir de fevereiro.
Depois de definir a dispensa de boa parte do elenco de 2019 (nomes como Bruno, Bruno Silva, Parede, Galdezani, Rithely, Neilton, Emerson Santos e Tréllez, além da venda de Nico López para o Tigres-MEX), o que representará um alívio de mais de R$ 2 milhões ao mês na folha, Damián Musto deverá ser o primeiro contratado para o plantel de Coudet.
O volante argentino de 32 anos estará liberado para voltar ao futebol a partir de 6 de janeiro, quando se encerra a sua suspensão por doping, imposta pela Fifa. O caso ocorreu em sua última partida com a camisa do Rosario Central (comandado por Coudet), disputada em 20 de junho de 2017, contra o Talleres de Córdoba. Ele acabou sendo flagrado pelo uso do diurético hidroclorotiazida.
Além de Musto, nome de confiança de Coudet, o treinador argentino poderá indicar à direção colorada mais um reforço: Walter Montoya. O ex-meia do Grêmio foi campeão com Chacho Coudet no Racing. Ele pertence ao Cruz Azul e está emprestado ao Racing até o final de 2020. O Inter pode tentar a sua contratação em uma triangulação com os clubes mexicano e argentino.
Mas o Inter também mira o futebol europeu. Um universo que não é afeito a clubes com recursos limitados, como é o caso do Inter que ainda convive com déficits anuais. Depois de tentar Aránguiz junto ao Bayern Leverkusen, o clube investiu no empréstimo do meia Gabriel Boschilia, de 23 anos.
Porém, a resposta do clube francês foi negativa. Com isso, caso mantenha o interesse no jogador revelado pelo São Paulo, a direção colorada deverá articular um novo modelo de negociação pelo atleta, uma vez que o Monaco só aceita vendê-lo — e pagou mais de R$ 30 milhões para adquiri-lo, em 2016.
O sonho de o Inter contar com o meia Nacho Fernández, de 29 anos, foi desfeito pelo técnico do River Plate, Marcelo Gallardo. Após conquistar a Copa Argentina, nessa sexta-feira, ao goelar o Central de Córdoba por 3 a 0, Gallardo respondeu sobre a possível saída de Nacho:
— Já conversei com ele, está muito feliz por estar aqui. Ele tem uma cláusula de 15 milhões de euros e quem quiser levá-lo terá que colocá-la, não vale menos do que isso. Ele tem 29 anos e ainda está jogando com um nível extraordinário. A menos que um grande venha e queira levá-lo, acho que ele não vai embora.
Com exceção do gol, o Inter busca reforços para todos os setores. Até para a lateral esquerda. Uendel, Zeca, Natanael e Erik não conseguiram se afirmar. Assim, a direção parte em busca de um titular. Uma consulta ao Palmeiras foi feita por Victor Luís.
O Inter tenta uma liberação sem custos pelo atleta de 26 anos, reserva da equipe paulista. Em um primeiro momento, o pedido colorado foi rejeitado. Uma nova investida deverá ocorrer, afinal, o Inter espera anunciar ainda neste final de ano algum reforço para 2020.