Olhar para a casamata do Inter durante o Gauchão Feminino não é limitar-se apenas à figura central do técnico à beira do gramado. Podemos tranquilamente afirmar que o comando colorado neste Estadual foi dividido em duas principais figuras: o treinador Maurício Salgado e a auxiliar técnica Camilla Orlando. Essa última, responsável pela preparação das Gurias Coloradas na fase mata-mata da competição.
Primeiro, o cara entre as mulheres. Natural da capital São Paulo, aos 47 anos, Maurício é o encarregado pela evolução da equipe feminina ao longo da temporada. Em seu primeiro ano na capital gaúcha, o treinador chegou com um extenso currículo. Comandou times como Corinthians, Palmeiras, América-RN, São Bernardo, São Caetano e Audax, grandes equipe no cenário feminino.
O Inter é seu primeiro time no sul do Brasil. Equipe e cidade que, segundo o treinador, o fazem sentir em casa.
— Já trabalhei em vários outros lugares, e Porto Alegre talvez tenha sido a cidade em que me adaptei mais rapidamente. A questão de como fui acolhido no clube e pelas atletas, onde várias já tinham trabalhado comigo, facilitou bastante. Tenho gostado muito de morar em Porto Alegre e trabalhar no Inter — declarou o treinador.
Neste ano, Maurício e as Gurias Coloradas mostraram suas credenciais no Campeonato Brasileiro. Ao herdar uma vaga na Primeira Divisão (A1), após a junção da Ponte Preta com o Rio Preto, o time colorado surpreendeu ao chegar nas quartas de finais — quando foi eliminado pelo Flamengo. Uma grande campanha para uma equipe que nem na Série A1 estava no início do ano.
— Foi uma temporada muito produtiva, até acima das nossas expectativas. Fizemos um planejamento de acesso com título mas, após ascender à Primeira Divisão, tivemos de adaptar esse planejamento. E, dentro desse aspecto, fizemos uma campanha muito boa. No nosso primeiro ano na A1, ficamos em quinto lugar — analisou.
Formado em Educação Física pela USP e com licenças C e B da CBF Academy, o paulista se divide entre os compromissos colorados e os da seleção universitária. A frente da equipe brasileira há 14 anos, o comandante tem no currículo um bicampeonato mundial e duas medalhas de bronze.
Vida dupla desgastante que o faz repensar sua continuidade à frente da seleção universitária:
— É evidente que sobrecarrega um pouco. Ainda há um problema de calendário no Brasil. Aqui no Inter, como em qualquer equipe grande, a demanda cada vez vai aumentando. Então é de se estudar a minha continuidade ou não na seleção brasileira porque a prioridade é o Inter.
É um momento muito importante na minha carreira
CAMILLA ORLANDO
Auxiliar técnica do Inter
E é aí que entra a nossa segunda personagem: a brasiliense Camilla Orlando. É a auxiliar técnica quem segura as pontas da equipe colorada quando Maurício precisa se ausentar. O técnico está na China para a disputa do Mundial Universitário, e é Camilla quem prepara as coloradas para a grande decisão de domingo.
A técnica tem moral. Aos 34 anos, comandou o time colorado na conquista da primeira edição do Brasileirão Sub-18, neste ano. Na decisão, o Inter passou pelo São Paulo no Pacaembu.
— É um momento muito importante na minha carreira, mais um grande momento nesse ano. Comandar a equipe nessa fase decisiva tem sido de muito aprendizado com a comissão do profissional e com as atletas. É um grupo muito experiente, elas estão bem preparadas para esse Gre-Nal — disse a técnica.
Na casamata no dia da grande decisão, é Maurício que estará no comando. Desembarca em Porto Alegre nesta sexta-feira (29) e segue imediatamente para Ijuí. Até lá, Camilla tratará de fazer os ajustes finais para que as Gurias Coloradas, enfim, conquistem o primeiro título da Gauchão Feminino.