Depois de enviar emissários à Argentina, o Inter tenta contratar um substituto para Odair Hellmann. Caso voltem de Buenos Aires com um acerto, os colorados terão seu 14º treinador estrangeiro da história. O desafio será conduzir a equipe a grandes títulos. Até agora, apenas quatro conseguiram erguer troféus — porém, nada além de Campeonatos Gaúchos.
1926: Tito Arreguy (Uruguai)
Foi um dos fundadores do Oriental Atlético Clube, de Rivera, em 1917. Na ocasião, era zagueiro do time. Porém, à época, o papel de treinador (ou diretor técnico) cabia ao capitão do time, que era justamente ele: Vicente Arreguy, o Tito. Quase uma década depois, em 1926, chegou ao Inter. De acordo com o próprio clube, foi o primeiro treinador estrangeiro a comandar a equipe colorada. Sob seu comando, o time disputou o Campeonato Metropolitano, que foi vencido pelo Grêmio — que posteriormente também se sagraria campeão gaúcho naquele ano.
1930 e 1932: Miguel Genta (Argentina)
Apesar de ter nascido em Buenos Aires, na Argentina, Miguel Aníbal Genta chegou a ser presidente do Inter em 1942. Antes, treinou o Colorado em duas oportunidades — em 1930 e 1932 — sem conquistar títulos. Não bastando toda essa ligação com o lado vermelho, quando jogador, chamado à época apenas de "Migueltio", atuou pelo Grêmio, em 1908.
Atualmente, tem uma praça com seu nome no bairro Itu Sabará, próximo do Aeroporto Salgado Filho, na zona norte de Porto Alegre.
1933-34: Jean Ryff (Suíça)
Natural da Suíça, foi jogador do time colorado no final dos anos 1920 e, posteriormente, treinador. Também não conquistou títulos pelo clube.
1937: Isaac Goldenberg (Áustria)
Com o estouro da Segunda Guerra Mundial, o austríaco Henrique Isaac Goldenberg, de origem judaica, veio morar na Argentina e treinou clubes daquele país. Passou pelo Inter em 1937, sem obter sucesso. Dois anos depois, alcançou o título paulista com o Corinthians. No Brasil, ainda passou pelo Santos.
1942: Ricardo Diéz (Uruguai)
O uruguaio Ricardo Diéz foi o primeiro técnico estrangeiro a conquistar um título com o Inter. Contratado sob a gestão do argentino Miguel Genta, chegou ao Estádio dos Eucaliptos tendo no currículo um Campeonato Gaúcho com o Grêmio Santanense, de Livramento, em 1937. Repetiu o feito com o Rolo Compressor, de Tesourinha, Carlitos e companhia, em 1942. É atribuído a ele o "descobrimento" do zagueiro Nena, que defendeu a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950.
Formado em Educação Física, implementou o aprimoramento da preparação física no futebol gaúcho. Porém, de temperamento explosivo, pediu demissão do clube depois de intromissões da direção em escalar o atacante Russinho, que teria se negado a realizar os exercícios exigidos pelo comandante. Ainda trabalhou em diversos clubes brasileiros, entre eles: Santos, Bahia Atlético-MG e Sport — nos dois últimos também foi campeão estadual.
1944 e 1946: Darío Letona (Peru)
Muito antes de Paolo Guerrero, os colorados já haviam contratado um peruano: Darío Letona Vera. Mesmo tendo nascido em Arequipa, foi na cidade de Santos que ele surgiu para o futebol, treinando a equipe da Vila Belmiro. Antes, trabalhou como preparador físico de nadadores e pugilistas. Passou pelo Estádio dos Eucaliptos em duas ocasiões, sem conquistar troféus.
Em 1960, lançou um livro intitulado "Técnica e Tática de Foot-Ball", onde atribui a si mesmo a introdução do sistema tático 4-2-4. Também trabalhou no Figueirense, Atlético-MG e Vitória.
1946-48: Carlos Volante (Argentina)
Como jogador, foi revelado pelo Lanús, passando pelo San Lorenzo e Vélez Sarsfield, atuando ainda no futebol italiano (Napoli e Torino) e francês (Rennes e Lille). Nesta época, inclusive, atuou como massagista da Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1938. Por isso, acabou contratado pelo Flamengo e, graças a seu sobrenome, os atletas que atuavam no setor mais defensivo do meio-campo passaram a ser chamados de volantes.
Na década seguinte, chegou ao Inter como treinador e conquistou dois Campeonatos Gaúchos de maneira consecutiva: 1947 e 1948. Depois disso, foi para Salvador, onde foi campeão estadual por Vitória e Bahia. No último, inclusive, conquistou a Taça Brasil de 1959, derrotando na final o Santos, de Pelé. Tornou-se, assim, o primeiro técnico estrangeiro a conquistar um título brasileiro.
1949: Felix Magno (Uruguai)
Nascido em Las Piedras, no Uruguai, foi jogador do Guarany de Bagé e do Grêmio Bagé, antes de se transferir para o Inter no final da década de 1920. Com a camisa vermelha, o meio-campista fez parte do Rolo Compressor e conquistou o Gauchão de 1940. Isso fez com que, depois de se transformar em treinador, acabasse sendo contratado pela diretoria colorada em duas oportunidades: 1949 e 1966.
Em Porto Alegre, não ergueu troféus. Porém, foi bicampeão mineiro pelo Atlético-MG (1946 e 1947) e pentacampeão paranaense pelo Coritiba (1951, 1954, 1956, 1957 e 1959).
1950: Alfredo González (Argentina)
Natural da grande Buenos Aires, foi campeão argentino como atleta vestindo a camisa do Boca Juniors. No Brasil, ainda atuou por Flamengo, Vasco, Botafogo e Palmeiras. Como técnico, conquistou sua primeira taça pelo Inter — o Gauchão de 1950. Um ano depois, comandou o Grêmio, mas não repetiu o feito.
Em Pernambuco, conquistou Estaduais por Santa Cruz (1957), Náutico (1963). No Rio de Janeiro, levou o Bangu ao título carioca de 1966.
1996 : Pedro Rocha (Uruguai)
Após mais de 40 anos sem contratar um treinador estrangeiro, o Inter anunciou o uruguaio Pedro Rocha em 1996. Se bem que, neste caso, podia ser praticamente considerado brasileiro. Campeão da Libertadores e do Mundial como jogador pelo Peñarol, o meia atuou por quase uma década pelo São Paulo, tendo inclusive conquistado o Brasileirão de 1977 no clube do Morumbi.
Como técnico, fez sua carreira no Brasil, comandando equipes como o Botafogo-SP, Coritiba e Guarani. Sua passagem pelo Beira-Rio, porém, foi meteórica, durando apenas três meses. Sua demissão, inclusive, é envolta em muita polêmica, tornando-se famosa a história de que teria acontecido depois de ter sido flagrado tomando um sorvete que tinha o símbolo do rival Grêmio.
1996: Elías Figueroa (Chile)
Ídolo do time bicampeão brasileiro em 1975 e 1976, tendo até mesmo marcado o gol do primeiro título, o chileno Figueroa recebeu uma chance como treinador em 1996. A passagem do ex-zagueiro pela casamata, contudo, não chegou nem perto de ser bem-sucedida. O time acabou eliminado na última rodada da fase classificatória, depois de perder por 1 a 0 para o já rebaixado Bragantino. A própria carreira de Figueroa como treinador jamais deslanchou.
2010: Jorge Fossati (Uruguai)
Como goleiro, na década de 1980, passou por Coritiba e Avaí. Atualmente no Al-Ahli, da Arábia Saudita, o uruguaio Jorge Fossati foi contratado pelo Inter depois de superá-lo na Recopa Sul-Americana de 2009, quando comandava a LDU de Quito. No Beira-Rio, perdeu a final do Gauchão para o Grêmio e conduziu o time aos trancos e barrancos até a semifinal da Libertadores de 2010, quando acabou sendo substituído por Celso Roth.
2015 : Diego Aguirre (Uruguai)
Desde 1950, nenhum estrangeiro conseguiu conquistar títulos como técnico do Inter. O tabu foi quebrado pelo uruguaio Diego Aguirre. Ex-jogador colorado na década de 1980, foi contratado pela direção colorada em 2015, após a negativa de Tite e o desacerto com Abel Braga. Foi campeão gaúcho derrotando o Grêmio de Felipão na final e chegou até as semifinais da Libertadores, quando foi eliminado pelo Tigres, do México. Hoje, está no Al-Rayyan, do Catar.