Poupar ou não poupar, eis a questão. Julho é um mês decisivo para os planos do Inter no restante do ano. Afinal, o sétimo mês da temporada apontará o destino da equipe nas copas, do Brasil e Libertadores — além de marcar três jogos pelo Brasileirão. Neste domingo (14), a equipe de Odair Hellmann retornará ao Brasileirão, após um recesso de um mês no campeonato.
Como não obteve um bom resultado no jogo de ida pela Copa do Brasil (perdeu para o Palmeiras no Allianz Parque), precisará de um esforço extra para seguir adiante no torneio na partida desta quarta-feira. Por isso, diante do Athletico-PR, na Arena da Baixada, o Inter deverá preservar peças-chave.
Para complicar ainda mais as coisas — e aumentar as possibilidades de time misto ou reserva —, a semana decisiva na Copa do Brasil culminará com o Gre-Nal 421, na noite do próximo sábado, no Beira-Rio. A maratona de julho não terminará no clássico: na sequência, o Colorado inicia a participação nas oitavas de final da Libertadores.
Portanto, não será surpresa se, neste momento, o Brasileirão ficar em segundo ou terceiro plano. Afinal, a Copa do Brasil garante um lugar na Libertadores de 2020, mais prêmio que supera os R$ 60 milhões, enquanto o torneio sul-americano leva uma vez mais ao Mundial de Clubes da Fifa.
Velha prática
No Beira-Rio, poupar alguns ou muitos titulares é cultural quando o clube tem um calendário de elite, disputando as principais competições do ano. Desde 2006, quando conquistou a Libertadores pela primeira vez, o Campeonato Brasileiro foi colocado de lado. Naquela temporada, Inter e São Paulo disputavam cabeça a cabeça a ponta da tabela, mas, assim que os colorados levantaram o troféu continental — justamente na final com o São Paulo —, o Brasileirão passou a ser uma espécie de laboratório para o Mundial de Yokohama, no Japão. Mesmo assim, o time de Abel Braga foi vice-campeão nacional, nove pontos atrás do São Paulo.
Em 2010, a preservação foi ainda maior — apesar de o resultado final não ter sido a conquista planetária, como quatro ano antes. Depois de bater o Chivas-MEX e garantir o bicampeonato da América, a ordem foi tirar o pé no Brasileirão e focar o Mundial de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Jogadores foram preservados, teste foram feitos, e o Inter encerrou a temporada doméstica na sétima colocação, distante 13 pontos do campeão, Fluminense.
Já em 2015, quando chegou às semifinais da Libertadores, o rodízio de jogadores havia sido institucionalizado pelo técnico Diego Aguirre desde o começo do ano. Até ser eliminado pelo Tigres-MEX, o Inter havia disputado boa parte do Campeonato Brasileiro com uma formação mista ou suplente, a fim de poupar os titulares para os compromissos continentais. Ocupava a 10ª colocação até a 14ª rodada, quando deixou a Libertadores, a 10 pontos do líder do Brasileirão, Atlético-MG.
— As primeiras quatro semanas de jogos vão nos dizer se precisaremos priorizar alguma competição — admitiu o diretor executivo de futebol do Inter, Rodrigo Caetano, ainda durante o período de preparação da equipe, em Atibaia (SP).
— Não tem como, em jogos eliminatórios, não concentrar o melhor de suas forças. Mas isso será avaliado jogo a jogo, e conforme forem os nossos resultados. Este tipo de calendário é algo que precisa fazer parte da realidade do Inter todos os anos. Cabe a nós escolhermos a melhor estratégia e tentarmos algum destes títulos. As primeiras quatro semanas definirão se vamos priorizar alguma competição ou não — finalizou o dirigente.
O ator Zé Victor Castiel entende que Odair Hellmann não tem recursos humanos para manter o mesmo time jogando o máximo em mais de uma competição. Mas o torcedor faz um alerta ao desempenho da equipe longe do Beira-Rio:
— O Inter não tem plantel suficiente para encarar três competições tão importantes. Tem que usar força máxima sempre nas copas. Neste fim de semana, no Brasileirão, terá de usar peças alternativas. O Inter precisa ter atitude mais agressiva fora de casa, ainda que jamais pedirei a cabeça do Odair porque o acho um excelente técnico. Mas precisa cobrar dos jogadores uma atitude diferente fora de casa.
Para outro colorado, o cantor e apresentador Neto Fagundes, o erro será atuar com todo o time suplente.
— Gostaria de ver o Inter com os titulares sempre, para ter continuidade do trabalho. Mas sei que há essas questões físicas, de desgaste. Pensando na partida com o Palmeiras, Inter até poderia segurar alguns titulares para enfrentar o Athletico-PR, mas que não perdesse o padrão total, colocando todos os reservas — entende Neto.
— Acho natural que alguns sejam poupados, em função dos cartões e das lesões recentes. Só não vejo motivo para usar uma equipe totalmente reserva — corrobora o cantor e compositor Thedy Corrêa.
Quarto colocado no Campeonato Brasileiro, nove pontos atrás do líder, Palmeiras, o Inter tem pela frente uma tabela acessível, depois de encarar as pedreiras Athletico-PR e Grêmio. Após o clássico, jogará contra o Nacional-URU, pela Libertadores. A maratona prosseguirá apenas três dias depois, com o Inter retornando ao Brasileirão, a fim de receber o Ceará. Quatro dias depois de jogar contra os cearenses, os colorados enfrentarão o Nacional no Beira-Rio, na decisão de quem avançará às quartas da Libertadores.
Depois disso, a sequência no Campeonato Brasileiro aponta para Fluminense, Corinthians, Fortaleza, Goiás, Botafogo, São Paulo e Atlético-MG, todos times que hoje estão abaixo do Inter na tabela. Ou seja: caso ainda siga sonhando com o um título que não vê há quatro décadas — em detrimento dos milhões da Copa do Brasil e da chance de voltar ao Mundial —, talvez seja a hora de o Inter pensar com carinho (e titulares) nesta reta final de primeiro turno de Brasileirão.
HISTÓRICO DA DUPLA GRE-NAL
Desde 2006, quando o Campeonato Brasileiro começou a ser disputado no formato atual, com 20 clubes, a maior pontuação entre a Dupla foi obtida pelo Grêmio. Em 2008, a equipe treinada por Celso Roth foi vice-campeã com 72 pontos, três a menos do que São Paulo. O pior desempenho é colorado. Em 2016, na campanha que resultou no rebaixamento para a Série B, o Inter terminou a competição na 17ª colocação, com 43 pontos.
Confira a classificação de Inter e Grêmio, ano a ano:
2018
Inter – 3º colocado (69 pontos)
Grêmio – 4º colocado (66 pontos)
2017
Grêmio – 4º colocado (62 pontos)
Inter – Disputou a Série B
2016
Grêmio – 9º colocado (53 pontos)
Inter – 17º colocado (43 pontos)
2015
Grêmio – 3º colocado (68 pontos)
Inter – 5º colocado (60 pontos)
2014
Inter – 3º colocado (69 pontos)
Grêmio – 7º colocado (61 pontos)
2013
Grêmio – Vice-campeão (65 pontos)
Inter – 13º colocado (48 pontos)
2012
Grêmio – 3º colocado (71 pontos)
Inter – 10º colocado (52 pontos)
2011
Inter – 5º colocado (60 pontos)
Grêmio – 12º colocado (48 pontos)
2010
Grêmio – 4º colocado (63 pontos)
Inter – 7º colocado (58 pontos)
2009
Inter – Vice-campeão (65 pontos)
Grêmio – 8º colocado (55 pontos)
2008
Grêmio – Vice-campeão (72 pontos)
Inter – 6º colocado (54 pontos)
2007
Grêmio – 6º colocado (58 pontos)
Inter – 11º colocado (54 pontos)
2006
Inter – Vice-campeão (69 pontos)
Grêmio – 3º colocado (67 pontos)