De repente, Rafael Sobis. Jogador-símbolo da primeira Libertadores do Inter, o atacante, atualmente com 34 anos, tem encarado com dever cívico a reserva na equipe de Odair Hellmann. Curiosamente, os seus cartões amarelos têm sido recebidos mais por reclamações no banco do que em campo.
Mas o recesso propicia um momento de recomeço. O novo início do Inter será dado no sábado (22), quando a delegação embarcará para Atibaia – cidade distante cerca de 70 quilômetros de São Paulo. E, nessa retomada de temporada, Sobis poderia ganhar a vaga de Nico López na equipe.
Os números de Sobis no ano são bons, apesar da suplência. São cinco gols e seis assistências em 22 partidas. Nico, por exemplo, que vive uma escassez de gols desde a chegada de Paolo Guerrero ao clube, soma seis gols e quatro assistências em 24 jogos.
Os comentaristas de GaúchaZH, Leonardo Oliveira, Maurício Saraiva e Diogo Olivier analisam se a troca de titulares seria algo viável, com um setor ofensivo formado por D'Alessandro, Guerrero e Sobis, ou se Nico deve permanecer no time, tendo Sobis como uma espécie de 12º jogador para o segundo semestre.
Diogo Olivier
Em tese, dá para unir os três: D'Alessandro, Guerrero e Sobis. Na prática, no contexto do Inter, creio que não. Em algumas situações durante um jogo, talvez.
Duvido que Odair Hellmann veja Rafael Sobis como reserva. Um treinador pensa a sua estratégia com 14 jogadores, pensando nas substituições. Se Sobis oferece números tão expressivos assim, não vejo razão para mudar o seu aproveitamento.
Nico López parou de fazer gols, o que é ruim para o atacante, mas não o vejo em crise. O time passou a jogar em função de Guerrero como homem terminal, só isso. Nico exibe disciplina tática. Pelo lado, fecha o corredor. Acompanha lateral. É uma tarefa defensiva que precisa ser exercida. Não sei se Sobis tem condições de fazer isso durante 90 minutos. Assim como D'Ale, tem de ser pensado com cuidado, para potencializá-lo e tirar o máximo de um jogador diferenciado para o Inter.
Hoje, Sobis é mais alternativa a Guerrero, como falso 9, e a D'Ale, na condição de meia-central, como atuava no Tigres, adiantando Gignac. De extrema, a juventude e o vigor físico para ir e vir incansavelmente garantem lugar a Nico.
Leonardo Oliveira
Jogar com D'Alessandro, Guerrero e Sobis até pode ser possível. Tudo é possível na construção de um time. A questão é que para colocar Rafael Sobis no lugar de Nico López, Odair precisará rever seu conceito de jogo ? e até mesmo o esquema.
Nico acrescentou ao seu repertório técnico a disciplina tática, o envolvimento com o jogo e, mais do que isso, passou a se comunicar com o mundo ao seu redor. Hoje, neste Inter que recompõe com rapidez e acelera para sair da defesa, ele é um dos pontos de equilíbrio. Não vem fazendo os gols que cristalizavam seu bom momento até o começo de abril. Mas vale ressaltar aqui que eles sumiram a partir da entrada de Guerrero no ataque.
O peruano virou o ponto terminal de um time que joga afunilado para ele. Até a sua chegada, Nico tinha essa tarefa terminal em seu escopo. Agora, atua mais para servir do que para concluir. O que ele não está impedido de fazer. Até tem feito, só que o longo período sem gols virou um peso extra, e ele tem demonstrado isso com a ansiedade e a falta de precisão na hora de arrematar.
Maurício Saraiva
Não vejo como Sobis jogar ao lado de Guerrero, como homem de lado de campo. Desde que surgiu no Inter fazendo sucesso, Rafael Sobis joga por dentro. No Tigres, em 2015, destaque individual daquele time, atuava atrás do centroavante, o francês Gignac. Hoje em dia, é um meia-atacante de corredor precisa ter velocidade e vitalidade porque se cobra dele que ajude o lateral sem a bola marcando o lateral adversário.
Com a bola, precisa ser o puxador do contragolpe, o que requer uma capacidade pulmonar enorme. Rafael Sobis joga cada vez mais no atalho e tem muito a contribuir na campanha colorada de Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Não vejo por onde tirar Nico Lopez do time, mesmo respeitando os ótimos números de Sobis somando gols e assistências.
Remanescente do bicampeonato da Libertadores e multicampeão por outros clubes, Sobis não ajuda só dentro do campo. Odair Hellmann conduz bem estas questões de titular ou reserva, basta ver como D'Alessandro lidou com a cena inédita para ele de não ser titular absoluto no ano passado.
Nico López perdeu protagonismo na entrada de Guerrero na equipe. Virou coadjuvante, mas dos bons. É claro que precisa fazer gol, não está desobrigado da tarefa só porque agora há um centroavante extraclasse. Não vive seu melhor momento técnico, mas sua recuperação precisa vir com sua titularidade garantida. Se cair de produção num nível que comprometa a dinâmica do time do Odair, é diferente. Neste momento, não se trata disso.