As boas atuações de D'Alessandro e Sarrafiore contra o Flamengo, com uma assistência do camisa 10 para Paolo Guerrero e o gol da vitória marcado pelo garoto de 21 anos, reacendem o debate: existe lugar para os dois no time do Inter?
Na vitória da quarta-feira (1º), em um Beira-Rio com mais de 40 mil torcedores, D'Alessandro fez um grande primeiro tempo. GaúchaZH deu nota 7 para a atuação do argentino, que ficou em campo por 66 minutos. Diante do atual campeão carioca, o D'Ale, de 38 anos, teve 90% de aproveitamento nos passes (45/50), acertou dois de quatro cruzamentos tentados – um deles o que originou o gol de abertura do placar – e foi responsável por 7,78% dos 45,8% de posse de bola que o Inter teve no jogo. Ele ainda deu três passes para finalização, acertou um arremate, defendido por César, fez um desarme e sofreu uma falta.
Para o colunista Leonardo Oliveira, os dois podem jogar e contribuir para a campanha colorada em 2019.
— D'Alessandro ou Sarrafiore? Os dois. Explico o porquê. A ideia de Odair Hellmann de preservar D'Alessandro para os grandes jogos está correta. Só assim ele dará sua contribuição máxima por 50, 60 minutos. Como foi contra o Flamengo. Afora isso, ou seja, em 70% dos jogos, Sarrafiore deve ser o titular, sem qualquer sombra de dúvida. Esse, aliás, é um passo decisivo que o Inter precisa dar para a sucessão de D'Alessandro. Sarrafiore precisa de mais tempo e de começar como titular para se afirmar —explica Leonardo.
Gustavo Fogaça, analista de desempenho de GaúchaZH, também vai na linha de que ambos podem ser aproveitados ao longo da temporada.
— A evolução técnica individual de Sarrafiore é incontestável. O que faz pensar que há muito ainda para crescer em seu desempenho, e isso é uma excelente notícia para o futuro do Inter. Sarrafiore tem média de 1,9 finalização por jogo, com 43% de aproveitamento. A qualidade do seu chute de longa distância é uma arma para o Colorado, e cada vez é melhor aproveitada. Os números mostram que D'Alessandro ainda é mais eficiente na construção ofensiva do que Sarrafiore. Acerta mais passes e cria mais chances de gol por partida. Para mim, o camisa 10 não é mais titular inconteste, e sim um jogador de estratégia, uma variável a ser usada de acordo ao adversário. Se complementam jogando juntos e podem se revezar. D'Alessandro é o líder que pode mudar a cara de um jogo. Sarrafiore é a esperança de um belo futuro para o Inter.
Já o narrador Jader Rocha, dos canais SporTV, acredita que D'Alessandro deve ser usado em jogos de caráter mais decisivo.
— D’Alessandro tem que participar de jogos-chave. Contribui muito dessa maneira. É o que penso. Sarrafiore é uma realidade, jogador de alta qualidade, mas que precisa de bagagem. E só se adquire essa bagagem jogando. Tem de ter sequência — afirma o jornalista gaúcho.
Comentarista das rádios Globo e CBN, Carlos Eduardo Eboli, discorda do revezamento e acredita que Sarrafiore deveria ser fixado como titular.
— Eu não faria revezamento, não. Fixaria o Sarrafiore como titular do Inter, daria uma condição física para que ele pudesse aguentar toda a partida, se realmente for esse o problema. Hoje, com a intensidade de jogo que o Inter tem, principalmente nos jogos em casa, Sarrafiore dá uma dinâmica diferente, uma mobilidade. É um jogador mais agudo, vertical. Eu treinaria o máximo o time titular com o Sarrafiore.
Eboli acredita ainda que D'Alessandro, pela idade, deve ser usado situações específicas da partida.
— Respeitando a biografia do D'Alessandro, eu não o vejo hoje como titular. Ele é importante para o elenco, pela experiência, até na parte técnica, é claro. Mas é um jogador para situações pontuais. Você quer dar uma segurada no jogo, trabalhar mais a bola, rodar mais. Se você está vencendo a partida e quer travar mais o adversário, aí você coloca o D'Alessandro. Mas pela característica inicial de jogo do Inter, vejo o Sarrafiore com um joador muito mais interessante, pela característica de jogo — afirma.
Diante do Flamengo, Sarrafiore entrou exatamente no lugar de D'Alessandro e acabou sendo decisivo, ao marcar o gol da vitória, aos 32 minutos do segundo tempo. O jovem meia revelado pelo Huracán, ainda acertou um lançamento, teve 87,5 % de passes certos (7/8), foi desarmado em três oportunidades e ficou 2,82% do tempo em que a bola esteve com o Inter. Por ter definido a vitória, levou nota 8 de GaúchaZH.
Após a vitória sobre o Flamengo, o técnico colorado voltou a falar sobre o aproveitamento de D'Alessandro.
— Nós usamos muito essa variação no ano passado. Eu tentei utilizá-la no início do ano, mas ela desequilibrou um pouco nossa defesa. Então, a gente retomou o aspecto de sustentação com o tripé, mas ela nunca deixou de ser uma alternativa. A gente já chegou a usar o Nico por dentro. O Nico pode fazer essa função, o D'Alessandro, o Sobis, o Camilo, Nonato. Já no segundo tempo, contra o Alianza Lima, eu usei essa formação. O D'Ale entrou bem no jogo, deu volume. É uma variação que a gente trabalha, treina. Cada jogador tem a sua característica — explicou Odair, em sua entrevista coletiva.
Sobre Sarrafore, Odair preferiu dizer que ele será utilizado em determinados momentos.
— É um jogador que faz parte do grupo. Estamos usando ele em duas funções diferentes dentro das variações que temos. Assim como ele, temos o D'Alessandro, o Sobis, o Nico. São todos jogadores importantes. Ele agrega muito ao grupo. Em determinado momento, ele vai iniciar o jogo. Tudo dentro de uma estratégia que temos, até pra mudar a forma de jogar. Ele desenvolveu muito do ano passado pra cá. Que bom que é um jogador que está conseguindo nos ajudar muito, junto com os outros do grupo — disse o comandante colorado.