Contra um ataque que fez 42 gols no ano, Marcelo Lomba deu mais uma prova de sua grande fase, que já vem desde o ano passado. O melhor goleiro do Brasileirão 2018, segundo a CBF, impediu o Grêmio de abrir o placar no Gre-Nal 419 no segundo tempo diante do único atacante do futebol brasileiro convocado por Tite.
Lomba percebeu onde Everton chutaria, depois de ter se livrado de Zeca e passado por Moledo, agachou-se, esticou o braço e defendeu, sem deixar rebote para outros gremistas que entravam na área. O camisa 12 levantou, gritou com os companheiros, incentivou o time e reiniciou o ataque. O lance foi decisivo para o clássico, corriqueiro para o goleiro.
A partir dessa defesa, aliás, o Inter cresceu no jogo. Foi a demonstração de confiança de que o sistema pode até falhar — e talvez tenha sido a única do Gre-Nal —, mas ali atrás tem gente para salvar.
E Lomba tem vivido tão bom momento e há tanto tempo que fez sua ação no Gre-Nal nem parecer grande coisa. Reparem no que disse ao final do jogo:
— Foi um jogo difícil, as duas equipes tiveram chances. Acredito que vamos ter um jogo parecido na volta, em que tudo vai ser decidido no detalhe.
Bem verdade que, do outro lado, Paulo Victor também precisou defender. E até mais do que seu ex-colega de Flamengo. Nessas horas, Lomba limitava-se torcer pelos colegas.
À parte essa defesa difícil, Lomba teve outros dois sustos em chutes de fora da área. Sem conseguir penetrar na zaga colorada, Maicon e Alisson arriscaram de longe. No de Maicon, foi por cima, mais alto. No de Alisson, a bola caiu abruptamente e pegou no travessão. O voo do goleiro, desta vez, foi mais protocolar.
Lomba não passou por muito mais trabalhos, fisicamente falando. As bolas alçadas para a área foram afastadas pelos zagueiros e por Guerrero, que voltou para ajudar em escanteios. Só uma vez Kannemann cabeceou, mas, desequilibrado, concluiu por cima.
Esses dados apontam para outro ponto importante. A defesa do Inter portou-se bem, ainda mais diante de um ataque tão poderoso. Mesmo sofrendo uma baixa antes dos 20 minutos, quando Rithely sentiu uma lesão muscular e deu lugar a Lindoso, o Inter evitou um assédio maior do Grêmio.
— Lindoso teve uma lesão, ficou 10 ou 12 dias parado. Teve que fazer uma recuperação de uma pancada no joelho. O Rithely vinha jogando, tinha feito as semifinais, mas infelizmente sentiu. Que bom que o Lindoso entrou e foi bem — elogiou o técnico Odair Hellmann.
Lindoso conseguiu executar a missão de conter Jean Pyerre, enquanto Zeca correu a tarde toda atras de Everton. O lateral teve uma atuação elogiada, apesar de todo o trabalho que teve.
— É bom ressaltar o jogo coletivo que o Zeca fez. Se falou todo o tempo que ele seria atropelado pelo Everton, e ele fez um bom jogo coletivo. Não é que o Inter estivesse desajustado. O Grêmio adianta os dois laterais, o meia vem para jogar curto e eles criam uma superioridade numérica. Quando o Lindoso entrou, até se restabelecer o sincronismo, caíam o Jean Pyerre, o Maicon e o Cortez por aquele lado. Quando ajustamos isso novamente, fiz a troca de lado entre o Nico e o D'Alessandro, para levar um pouco de perigo nas costas do Cortez. Então, é um jogo de xadrez. Mas dali não saiu nenhuma situação perigosa. Foi uma posse que não se traduziu em situações de gol.
Agora, o plano é tentar repetir na Arena o desempenho defensivo do Beira-Rio. Se possível, com menos apuros para o goleiro. Para isso, o time deve fazer um treino fechado nesta segunda. Tudo faz parte da estratégia já traçada por Odair:
— Vamos para o jogo de quarta com tudo, porque também é o último jogo e não tem mais o que guardar ou poupar. É botar todas as energias para conquistar o título.