Para chegar ao Beira-Rio na noite desta quarta-feira (13), o torcedor colorado cruzará uma ponte construída durante 1.337 noites. Quando ingressar no estádio para empurrar o Inter contra o Alianza Lima, a partir das 21h30min, a torcida vai se reencontrar com a Libertadores, o torneio do qual o bicampeão ficou alijado a partir da vitória sobre o Tigres, no jogo de ida da semifinal de 2015. Desde lá, o Inter que se acostumou à Libertadores precisou se reconstruir para retornar à elite continental.
E a volta para casa será em uma noite de gala. Afinal, diante do Alianza Lima, o Inter abrirá uma sequência de três jogos em casa. Líder do Grupo A, após a vitória em Santiago sobre o Palestino — aliado ao empate entre Alianza e River —, o Inter terá a chance de encaminhar a classificação às oitavas de final do torneio a partir destas partidas no Beira-Rio. Para isso, o clube conta com um estádio tomado por mais de 45 mil torcedores — o que ainda reverterá em uma renda na casa de R$ 1,5 milhão.
No mesmo horário, o atual campeão da Libertadores estará recebendo, no Monumental de Núñez, o Palestino. Favorito em casa, o River deve vencer os chilenos, o que deixa o Inter ainda mais obrigado a ganhar no Beira-Rio. Caso Inter e River abram vantagem, logo na segunda rodada, tudo indica que a chave começará a ser encaminhada ainda no começo de março.
— Mas, para isso, será preciso ter o ambiente do jogo. Em Libertadores, o ambiente do Beira-Rio transforma o time, um surpreendente "algo mais" faz com que todos cresçam de produção. Nota-se desde logo o olho de tigre no grupo — afirma o presidente do Inter campeão da Libertadores e do Mundial em 2006, Fernando Carvalho.
Na campanha de 2006, o Inter estreou empatando na Venezuela com o Maracaibo por 1 a 1 e, na segunda rodada, goleou o Nacional-URU por 3 a 0 em seu primeiro jogo no Beira-Rio. O terceiro gol foi marcado pelo lateral-esquerdo Rubens Cardoso, que abriu o torneio como titular — depois, com a mudança de esquema de Abel Braga, Jorge Wagner ganhou a posição.
— Começar a Libertadores vencendo em casa é fundamental, dá moral e aumenta o respeito dentro da chave. O Inter largou muito bem na competição e, tendo o Beira-Rio lotado como arma, o time tem tudo para buscar os 100% nessas três partidas como mandante — aposta Rubens Cardoso.
Já em 2010, a vitoriosa campanha na Libertadores começou pelo Beira-Rio. Mas não foi algo exatamente fácil. O Inter saiu perdendo para o Emelec e conseguiu consumar a virada somente aos 41 minutos do segundo tempo.
— O Beira-Rio ganhou uma identificação muito grande com a Libertadores. A partir da primeira conquista, o torcedor escolheu a Libertadores como a competição-chave, o torneio que ele gosta de jogar. O Beira-Rio joga junto, ainda mais lotado. A Libertadores brilha aos olhos dos jogadores e da torcida, que sabe a importância que tem como o 12º jogador — comenta Bolívar, capitão do Inter no bicampeonato de 2010.
Ainda que sem mostrar um futebol vistoso, o Inter construiu uma identidade até aqui. O plano tático com três volantes mais Pottker e Nico abertos pelas pontas funcionou no Chile e será mantido para o jogo diante do Alianza Lima — ainda que tudo indique que num futuro breve Nonato ganhe a vez no time titular.
— É uma competição que pede este tipo de jogo, e temos de manter isso — diz o volante Edenilson, corroborando o sistema de jogo adotado por Odair Hellmann na Libertadores.
— Os ingressos estão quase esgotados, a torcida dá força ao nosso time em casa e, por isso, vai encher o Beira-Rio — acrescenta o volante.
O primeiro jogo do resto da vida do Inter na Libertadores será contra o Alianza Lima. Mas o mais importante é que a partida contra os peruanos marca a volta do clube e do Beira-Rio à elite sul-americana.