Na última vez em que a palavra rodízio foi pronunciada no Beira-Rio, o técnico era Diego Aguirre. À época, a medida recebeu críticas de partes da imprensa e torcida, que não concordavam com a metodologia do treinador uruguaio. Pois os críticos podem voltar a se acostumar. Quatro anos depois, com Odair Hellmann, a ideia será novamente implantada. Antes que algum colorado reclame, vale recordar: com esta filosofia, Aguirre foi campeão gaúcho e semifinalista da Libertadores. Resta saber se, agora, a receita dará tão ou mais certo.
— Para tornar o elenco o mais homogêneo possível, para aguentar toda a temporada, vamos fazer um rodízio entre os atletas para que todos adquiram condições ideais — revela o preparador físico Cristiano Nunes, que projeta treinos com bola desde o início da pré-temporada. — Hoje em dia, os trabalhos técnicos e físicos acontecem simultaneamente. Logo nos primeiros dias, as atividades têm um direcionamento para a questão da força, agilidade, velocidade e, para isso, são realizados trabalhos paralelos aos com bola — completa.
O fato do rodízio se repetir em 2019 não é mera coincidência. Assim como em 2015, o Inter voltará a disputar uma Libertadores. Portanto, a pré-temporada precisa ser pensada de maneira diferente ao que aconteceu no ano passado.
— Muda, pelo fato de ter que planejar os treinos que antecedem a Libertadores. Quando ela iniciar, você deixa de ter as semanas cheias. Aí teremos muito mais que recuperar os jogadores em meio às partidas. Por isso, nessa fase inicial, haverá a necessidade de fazer o rodízio — completa o preparador físico colorado.
No entanto, não se sabe se o rodízio continuará ao longo do ano. Até porque, em junho, a exemplo do que aconteceu em 2018, o calendário brasileiro será paralisado para a realização de um torneio de seleções — desta vez, a Copa América.
— A gente vai discutir jogo a jogo, adversário a adversário, acompanhando cada detalhe de como os jogadores vão respondendo. Claro que esse rodízio passa pelo comando do professor Odair. Cabe a nós oferecer o máximo de informações para que ele esteja ciente da capacidade dos atletas e do nível de desgaste de cada um — concluiu.
Contratado no início do ano passado, Cristiano Nunes é um dos remanescentes para 2019. Uma situação ficou evidente no seu trabalho: sob seu comando, o time tem gás até os minutos finais. Foi assim em 2018, quando o Inter venceu alguns jogos nos minutos finais, e, em 2014, quando fez parte da comissão técnica chefiada por Abel Braga que, nos acréscimos, contra o Figueirense, garantiu a classificação para a Libertadores do ano seguinte.
— O atleta tem que entender que vai precisar reunir condições de suportar bem os jogos. Não apenas 60 minutos, mas durante toda a partida. A tradição do Inter é de equipes com entrega muito grande, principalmente quando se joga no Beira-Rio, com o torcedor empurrando os 90 minutos. Vamos trabalhar para que os jogadores continuem suportando bem, buscando resultados no final dos jogos e tendo regularidade. A gente quer evoluir, existe margem para isso — finaliza Nunes.