Recuperado de uma grave lesão muscular que o afastou dos gramados por dois meses, o lateral-esquerdo Geferson, ex-Inter, atendeu a reportagem de GaúchaZH. Falou sobre seu momento no CKSA Sofia, vice-líder do Campeonato Búlgaro, contou o sonho de voltar à Seleção Brasileira e relembrou sua passagem pelo Beira-Rio, quando viveu momentos intensos. Lançado por Diego Aguirre em meio a Libertadores de 2015, foi titular da equipe e acabou convocado para a Copa América, mas falhou em uma semifinal, perdeu espaço no time e integrou o elenco que acabou rebaixado em 2016.
Você ficou um bom tempo parado por conta de uma lesão. O que aconteceu?
— Foi uma lesão complicada. Em um treinamento, levei uma joelhada na coxa, o sangue coagulou e tive de fazer uma cirurgia. Fiquei dois meses parado, estou voltando agora e estou feliz por estar ajudando meus companheiros, brigando pela liderança. Mas foi um momento difícil, porque eu estava sozinho, longe da família. E o jogador sempre quer estar jogando, mas o futebol tem dessas. A gente tem que estar com a cabeça tranquila e tentar voltar o mais rápido possível.
Como está sendo jogar na Bulgária, um país com uma cultura totalmente diferente do Brasil? Tem enfrentado dificuldades para se adaptar ao frio, à culinária, ao futebol?
— Para realizar nossos sonhos, deve se passar por dificuldades. Na minha vida, nada foi fácil até hoje, e acredito que não vai continuar sendo. Cada desafio que procuro é para o bem da minha família. A comida aqui não é tão diferente, só falta o feijão (risos). Mas a gente se vira como pode. O que pega bastante é o frio, que já está chegando aqui e volta a ser complicado como foi no início do ano. Mas só tenho a agradecer a Deus por estar podendo tirar de letra esse desafio.
Você ainda conversa com algum jogador do Inter ou algum dos atletas que foi lançado com você por aqui?
— Mantenho contato com a maioria ainda. Com o Rodrigo Dourado, que é meu irmãozão, falo quase todo o dia. Com o Valdívia também falo muito. Tenho pouco contato com o William. Mas os outros dois falo bastante.
Você foi lançado como profissional pelo Diego Aguirre, que acabou de ser demitido do São Paulo. O que você acha que acontece para que o treinador uruguaio não dê certo no futebol brasileiro?
— Não sei explicar o porquê do Aguirre não dar certo. Na verdade, acho que ele deu certo. Fez um grande trabalho pelo Inter, pelo Atlético-MG e pelo São Paulo também, que estava brigando por título. É difícil, é complicado para mim falar sobre treinador, dirigente e demissão, porque minha parte é só jogar. Eles, treinadores, são mais entendidos que eu.
Você estava no elenco do Inter que foi rebaixado em 2016. O que aconteceu naquele ano? Como pode um time que, em um ano brigava pelo título da Libertadores, ser rebaixado no Brasileirão no ano seguinte? Houve influência da eliminação para o Tigres, onde inclusive você cometeu uma falha? Você ainda pensa nisso?
— Na verdade, nunca deixei de pensar sobre isso (rebaixamento). Mas também não sei explicar o que aconteceu. Nosso time era muito unido, sempre correndo um pelo outro, mas tem coisas que a gente vai viver e não vai conseguir explicar. O rebaixamento está nesta diretriz. Nenhum jogador, do mais experiente ao mais novo, vai saber explicar o que aconteceu naquele ano. Mas a eliminação na Libertadores não afetou em nada. É até ruim lembrar disso. Lembrar, não, porque nunca esqueci. É até difícil comentar sobre isso.
Mas você também viveu bons momentos no Inter. Chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, por exemplo. Foi o melhor momento da sua carreira? O que mais te marcou na Seleção?
— Foi um momento mágico, lindo. Até porque eu não esperava ser convocado tão rapidamente. A convocação já tinha saído, o Marcelo foi cortado e eu fui chamado para o lugar dele. A ficha demorou para cair. Todos os momentos foram especiais lá dentro, desde minha chegada à Granja Comary, a ida ao Chile (onde aconteceu a Copa América), o amistoso no Beira-Rio, que eu acabei não entrando. Mas a torcida pedindo meu nome aí no Beira-Rio foi o mais marcante.
Sonha em ser convocado para a Seleção Brasileira de novo?
— O topo da carreira é a Seleção Brasileira. Todos querem chegar lá e comigo não é diferente. Claro que quero voltar, ser lembrado, mas tenho que pensar aqui primeiro, cumprir meus dois anos de contrato aqui, conquistar títulos. Claro que a vontade de voltar à Seleção Brasileira é muito grande. Mesmo quando eu estiver com 30 ou 34 anos, não vou deixar de sonhar com a Seleção.
Quais são seus planos para o futuro? Algum clube brasileiro chegou a te procurar para retornar ao Brasil?
— Meu contrato é até maio de 2020. Aqui é diferente do Brasil, a temporada acaba na metade do ano. Não fui procurado por nenhum clube ainda, até porque eu estava lesionado. Acho que vou fazer o quinto jogo desde que me recuperei de lesão. E eu gosto de viver um dia depois do outro. Se Deus colocar algo melhor na minha vida lá na frente, aceitarei de braços abertos. Não gosto de pensar muito no futuro, porque a gente cria expectativas e pode não dar certo.