O sonho do título do Inter chegou ao fim na mesma noite em que terminou também a invencibilidade no Beira-Rio. A derrota por 2 a 1 para o Atlético-MG, na penúltima partida em casa no Brasileirão, vem em um momento de definição da competição, em que o time precisava ganhar para seguir à caça ao Palmeiras — ao mesmo tempo em que se acirra a briga pela vaga direta na fase de grupos da Libertadores. A equipe encerra a 36ª rodada na terceira posição, com 65 pontos, e pode ver o São Paulo (atual quinto colocado) igualar essa pontuação se vencer o Vasco, em São Januário — ainda que fique atrás nos critérios de número de vitórias. Entre os dois times está o Grêmio (quarto), que perdeu para o Flamengo e estacionou nos mesmos 62 pontos do São Paulo.
Após a derrota, houve uma tentativa por parte de jogadores, comissão técnica e dirigentes de diminuir a frustração pelo resultado. Em uma noite em que saiu atrás do placar, buscou o empate e teve chances de virar, o time foi castigado com um gol nos acréscimos, o que sempre deixa maior amargor.
— Foi a primeira vez que perdemos duas partidas em sequência no Brasileirão. A derrota dói muito, e sempre falamos disso. Domingo temos um jogo (contra o Fluminense, no Beira-Rio), temos de olhar e corrigir rapidamente, para potencializar tudo aquilo que nos levou na condição de estar no G-4 — lamentou o técnico Odair Hellmann.
Nenhum dos envolvidos negou que há queda não só de rendimento, mas também dos resultados. O vice de futebol Roberto Melo comentou:
— No segundo turno, os jogos são mais decisivos, equipes jogam a vida. Sabemos que os três pontos são os mesmos, mas a equipe não tem o mesmo nível de concentração quando briga para não cair, por exemplo.
A derrota trouxe um cenário que havia tempos não se via no Beira-Rio: vaias ao final do jogo. Alguns alvos foram destacados, principalmente Iago e Patrick. O lateral discordou de que vive mau momento, enquanto o meio-campista preferiu minimizar, dizendo que são os analistas quem têm de dizer se houve queda de desempenho em seu futebol. Odair tratou de defender seu grupo:
— Esses jogadores foram os que nos trouxeram até aqui. A campanha que temos, foram esses jogadores. Todas as observações diferentes disso, eu fiz. Só queria frisar que essa campanha foi feita com muita entrega, empenho. Só estamos nessa condição porque eles deram o seu melhor. Nem sempre a gente ganha. Perdemos bem menos do que ganhamos e é por isso que fizemos essa campanha regular.
Houve também explicações sobre a declaração de que o Atlético-MG iria "pagar o preço" e "pagar o pato" pela derrota colorada para o Botafogo no final de semana. Tanto Odair quanto Melo trataram de minimizar a polêmica.
— A declaração foi no sentido do que precisávamos jogar, contra o Atlético-MG, tudo o que não jogamos com o Botafogo. De maneira alguma foi menosprezar o Atlético, um grande clube, que tem um grande treinador. Achar que isso vai dar maior empenho, e não um ano de trabalho... — falou Melo.
Odair revelou que viajou de São Paulo para Porto Alegre com a delegação mineira e que ninguém mencionou a declaração:
— Eles sabem que sempre falei no contexto. Com todo respeito, não fez efeito nenhum. O Atlético conseguiu aproveitar.