Em evento ocorrido no último dia 30 de julho, D'Alessandro celebrou seus 10 anos de história dentro do Inter. História essa que sempre escreveu com H maiúsculo, típico de alguém que ocupa seu papel de liderança, sem se omitir.
Dentro desse contexto, Andrés Nicolas D'Alessandro, em um trecho de sua entrevista comemorativa, não se omitiu ao que lhe fora perguntado e, assim, foi claro ao afirmar que, apesar do contrato até 2019, sua permanência no clube dependerá de quem for o vencedor no pleito colorado que avizinha já em dezembro deste ano.
Sócio que é e profundo conhecedor do clube onde vive e convive diariamente nos últimos 10 anos, o atleta foi enfático. Conhece o Inter, seus processos, suas pessoas, seus corredores, seus meandros.
A quem, no entanto, interessa calar D'Alessandro? A quem interessa um ídolo omisso, calado, acovardado? Essas são as perguntas que devem ser respondidas. Não se cala um líder por decreto, não se cala uma voz por sentença. Os tempos são outros. É preciso ter voz, é preciso falar, é preciso se fazer ouvir.
Em uma época onde as redes sociais propagam a palavra, dão voz a todos, permitem o acesso mais amplo à informação, o que se viu diante da manifestação de um ídolo, foi a retranca, a opressão, a vontade de calar como se a manifestação praticada, em seu livre exercício de sócio, de ídolo, de cidadão, tivesse ferido alguma responsabilidade ou mesmo agredido alguém.
Não podemos concordar com isso: D'Alessandro é colorado, é sócio e tem total conhecimento do alcance de suas palavras. Já trabalhou com várias pessoas dentro do clube. Optou também em não trabalhar com outros, em um momento cujo resultado sofremos na pele no ano de 2016. Quis voltar ao seu clube para ajudar naquela que foi a maior cruzada na história recente do clube.
Qualquer um que aceite uma grande tarefa, seja ela grande ou pequena, deve desempenhá-la com atenção. Pessoas como nosso capitão sabem disso e assim se comportam. Assim, aliás, é que se afirmam ídolos de uma nação, sem se omitir. Seja como sócio que é, seja como o exemplar atleta que sempre foi.
Pouca importância tem o que dizemos agora, e as palavras logo desaparecerão, o mundo jamais esquece dos seus feitos. Atitudes que também falam (muito) por si.
Não seria, portanto, estranho se quando decidir se aposentar, nosso capitão possa enfim repetir a frase atribuída a Martin Luther King: "Meus pés estão cansados, mas minha alma está em paz".