Se no final de semana o São Paulo via o Inter pelo retrovisor, a rodada de meio de semana fez a perseguição emparelhar. Na abertura do segundo turno, o time de Odair Hellmann não se importou com os desfalques, foi a Salvador, venceu o Bahia por 1 a 0 e, por causa do empate do líder com o Paraná, diminuiu para um ponto a distância da primeira posição.
O resultado na Fonte Nova teve um sabor especial para o clube. Primeiro por quebrar a invencibilidade do adversário, que estava invicto havia oito rodadas na competição. Depois, porque ampliou para cinco o número de jogos seguidos que o Inter deixa o campo comemorando três pontos (sendo três fora de casa e todos sem levar gol). Por último, porque a vitória chegou em uma noite em que seis opções do ataque não estavam à disposição: Leandro Damião, Jonatan Alvez, Nico López, D'Alessandro, Lucca e Guerrero, que ainda nem estreou.
— No Gauchão, quando ficamos sem o Pottker e o Damião, a gente sentiu falta demais. Quando começamos a contratar, alguns questionaram por que o Inter contratava tantos atacantes. Hoje, nos faltaram seis jogadores. Para ganhar o Brasileirão, precisa ter grupo, e, hoje. nós temos grupo. Quando faltam um ou dois não sentimos tanto — disse o vice de futebol do Inter, Roberto Melo.
Para o dirigente, ainda que a ausência em competições paralelas favoreça no aspecto físico, por poder recuperar jogadores, o fato de ter menos partidas diminui a rodagem dos jogadores.
— Não é fácil jogar aqui em Salvador. O Bahia vinha havia oito jogos sem perder. É uma equipe rápida, que ataca demais. Temos de valorizar demais esses três pontos. Não cansamos de falar da qualidade do nosso grupo, e ele vem fazendo a diferença. Camilo, Dudu e Rossi não vinham jogando, entraram sem ritmo e foram todos muito bem. Os que entraram também foram muito bem, como o Juan e o Brenner, que não jogam há muito tempo. Temos de valorizar demais o grupo — completou.
Além da rodagem dos jogadores, Odair elogiou também a dedicação defensiva da equipe:
— A nossa marcação e o nosso comprometimento estão fazendo a diferença. É mérito dos jogadores, que não desistem em nenhum lance. Quando recuperamos a posse, fazemos a transição em velocidade. Fizemos um grande jogo em todos os aspectos. Se mantivermos esse comprometimento, fará a diferença até o final do campeonato.
A efetividade relatada por Odair foi vista no primeiro tempo. Aos oito minutos, o Inter teve a primeira chance clara da partida. Pottker iniciou a jogada pelo lado direito, arrancou e entregou a Patrick, que avançou para o meio e dividiu com um jogador do Bahia. A bola se apresentou para Camilo, livre, na área. Ele tirou do goleiro, mas também da trave, e botou para fora.
Depois de ver o Bahia crescer, o time gaúcho deu o golpe fatal. Aos 22 minutos, Edenilson descolou um lançamento pelo lado direito. O goleiro Anderson saiu mal, ficou no meio do caminho, e Rossi aproveitou, girou em cima do zagueiro Lucas Fonseca e cruzou para Patrick, livre, apenas escorar de cabeça para a rede: 1 a 0 e comemoração à Pantera Negra, o personagem da Marvel que simboliza o primeiro herói de ascendência africana. Também foi colorada a melhor chance de ampliar, quando Iago arrancou pela esquerda, mas em vez de servir Camilo, que entrava livre, optou por bater a gol, facilitando a defesa de Anderson.
De resto, o time ficou postado atrás e garantiu o resultado. Agora, o treinador espera pelo principal reforço da temporada para estrear no domingo. Guerrero pode ser a grande novidade da partida diante do Palmeiras:
— Vamos avaliar bem essa situação. Ele mesmo falou que precisa de um tempo. Para render, jogador precisa estar bem. Ficou esses dias treinando forte. Vamos sentar e conversar. Se tiver condições, irá para o jogo. Não sei se titular ou entrando depois.
Com Guerrero e os retornos de quem cumpriu suspensão, o Inter terá também a força de 45 mil torcedores para enfrentar o Palmeiras e seguir disputando ombro a ombro a liderança com o São Paulo.