Turno novo, vida nova, jogos mais difíceis. A metade final do Brasileirão já se mostra mais espinhosa –para todos. No caso do Inter, uma espécie de patinho feio no começo do ano, e que agora se transformou em um cisne selvagem na perseguição ao São Paulo, a hora parece ser de buscar alternativas. O Palmeiras de Felipão mostrou no Beira-Rio que o status colorado de candidato a título tem um preço. Com Rodrigo Dourado, Edenilson e Patrick bem marcados, assim como a falta de espaços para Nico López e Rossi avançarem, Odair Hellmann lançou mão de duas peça do banco de reservas para mudar a partida: primeiro Camilo e, depois, D'Alessandro. O time mostrou uma sensível melhora, mesmo sem conseguir a vitória em casa. E a evolução pode sinalizar uma nova alternativa para o treinador colorado.
Na sofrida vitória sobre o Paraná, com gol aos 50 minutos do segundo tempo, diante de um adversário muito fechado, a solução Camilo surtiu efeito. Já contra os comandados de Felipão, nem Camilo deu resultado. Ao encontrar um time com forte pegada na defesa e ataques em velocidade, Odair acabou abrindo mão do armador clássico — no caso do Beira-Rio, D'Alessandro e Camilo. Agora, porém, a dupla pode surgir como alternativa em determinados compromissos, sobretudo em Porto Alegre, para ajudar a abrir defesas mais bem postadas.
– Não adianta, agora que consolidou seu modelo, o Inter tentar ter mais controle da bola e ser mais propositivo – afirma o analista de desempenho Gustavo Fogaça. – Precisa potencializar as valências que estão dando certo: sustentação da primeira linha com os zagueiros mantendo posição, além de aprimorar o passe de Dourado, permitir e criar mais situações de um contra um para Patrick, que é o segundo melhor driblador do campeonato, e Pottker. Também melhorar as finalizações e trabalhar as bolas paradas ofensivas. A tudo isso, colocar mais intensidade e velocidade, com e sem a bola – acrescenta Fogaça.
Ainda conforme o analista, introduzir um armador na equipe atual seria mexer demais na mecânica de jogo.
– D'Alessandro, Camilo e Juan Alano são opções para situações específicas. Agora, agregá-los como titulares significa mudar muito o que está funcionando. Pode dar certo? Pode. Mas vai levar tempo e vai contra os objetivos da temporada, que são disputar o título e a vaga pra Libertadores – aponta Gustavo Fogaça.
Contra o Cruzeiro, neste domingo, no Mineirão, o Inter poderá jogar mais à vontade, ao estilo do primeiro turno, com um futebol reativo, uma vez que a equipe de Mano Menezes vai propor o jogo – mesmo que possa não atuar com a sua força máxima, devido à decisão de quarta-feira, pela Libertadores, diante do Flamengo. Com o retorno de William Pottker, que cumpriu suspensão diante do Palmeiras, o Inter volta a ganhar uma jogada de contra-ataque e de força à frente, liberando Nico e Patrick para auxiliar na criação. Assim, D'Alessandro ou Camilo podem surgir como o diferencial na segunda etapa. Ou mesmo para ajudar a cadenciar o clássico, caso o Inter saia na frente, como ocorreu nas recentes vitórias fora de casa contra Atlético-MG (1 a 0) e Fluminense (3 a 0), quando D'Alessandro foi a campo para ajudar a conter qualquer tentativa de reação adversária.
– Conforme estamos na parte de cima da tabela, as equipes vêm se preparando mais para nos enfrentar. Assumimos uma responsabilidade muito grande com a nossa campanha. As equipes que nos enfrentaram no primeiro turno vão vir mais concentradas – entende Pottker. – O Mano é muito inteligente. Assisto a muitos jogos do Cruzeiro. Ele deixa a equipe propor o jogo. Tem uma transição muito rápida, erra poucos passes. Em cada bola de transição, temos de tomar muito cuidado. Levamos vantagem quando deixamos de propor o jogo porque temos uma equipe de transição muito rápida – completa o camisa 99 do Inter.
Depois de enfrentar o Cruzeiro, o Inter ainda terá duas paradas duríssimas no Brasileirão: Flamengo e Grêmio, ambos em casa, e depois encara Chapecoense e Corinthians, fora.
– Para atacar melhor, às vezes valerá contar com um atacante a menos e um armador a mais. No caso do Inter, esse armador é D'Alessandro. Quem faria a múltipla função de meio e frente seria Patrick, pela força e explosão que tem como característica. Esse plano B pode ser implementado imediatamente contra o Cruzeiro em Belo Horizonte – entende o comentarista de GaúchaZH e da Rede Globo Maurício Saraiva.
O Inter dessa segunda metade de Brasileirão recuperou o respeito de grande grife. E, agora, precisa encontrar soluções em campo, pois, com o seu novo status, também alertou todos os adversários sobre as suas possibilidades.
NO BRASILEIRÃO
D'Alessandro
9 jogos
384 minutos
3 jogos como titular
1 cartão vermelho
Camilo
8 jogos
253 minutos
2 jogos como titular
1 gol