O Brasil está vivendo um caos nos estádios, com torcidas se matando antes, durante e depois dos jogos. Como se o futebol fosse apenas uma desculpa para agredir um adversário, mesmo que ali esteja um pai de família gente fina, um grande médico.
Nas famílias, e na nossa não é diferente, encontramos torcedores dos dois times que, no churrasco de domingo, tocam flauta, dão risadas e, no outro dia, a vida continua. Jogadores adversários no campo são muitas vezes compadres e amigos e vão jantar juntos depois da rodada. Quando o país assistiu à torcida mista aqui no Sul, ficou surpreso. O que para mim deveria ser ao contrário, deveríamos nos surpreender com alguém que agride outra pessoa por torcer para outra equipe. Às vezes é tão absurdo que até torcedores do mesmo time brigam.
A primeira vez que vi a torcida mista na minha vida foi em 1984, ali no Bar do Silom, na Venâncio Aires, perto do Pronto Socorro. Todos éramos amigos de longa data lá do Alegrete, mas quando o assunto era Inter e Grêmio, a atmosfera do lugar e até o comportamento da gurizada mudava. Nunca tivemos briga, mas também não tinha muito diálogo.
Ideia genial
Lembro bem de um dia em que ele abriu o bar meio atrasado e não deu tempo de separar as mesas e cadeiras, como sempre fazia. O Toninho, um amigo lá do Alegrete, perguntou se ficaria assim e ele respondeu que sim, sem saber que naquele dia ele estaria criando uma ideia genial, misturar as torcidas. A convivência foi tão bacana que virou modelo.