Um clube com gestão empresarial estará no caminho do Inter. O Cianorte quer fazer história na Copa do Brasil, mas vê o seu foco para o Brasileirão. Em cinco anos, o presidente Lucas Franzato quer comemorar o acesso do clube da cidade de mesmo nome, no Noroeste do Paraná, à Série B – o clube disputará a Série D neste ano. Para isso, usa jogos como com o Inter como vitrine e experiência para a história do clube que completa 16 anos de existência neste ano, ainda que o adversário tenha uma folha muito maior.
– Arrisco a dizer que a nossa folha anual não paga 20% da folha mensal do Inter. A diferença é muito grande, por isso a gente precisa se diferenciar de outras coisas. Entramos no futebol com a ideia do clube empresa – explica o dirigente.
Veja principais trechos da entrevista:
As comemorações continuam com a classificação inédita à terceira fase?
Nossa, ainda estou rouco. Foi muita emoção. É a primeira vez na nossa história que passamos para essa fase. E eliminamos dois times de Série B, ABC e Criciúma, para nós, que temos uma realidade diferente dos outros clubes.
Diferente em que ponto?
Tem dois grandes pontos: estamos em uma cidade de 76 mil habitantes. Temos de jogar o primeiro semestre buscando a manutenção do calendário para o resto do ano. Temos o objetivo de colocar o Cianorte na Série B em cinco anos, já foi um. Agora, esse ano, o principal é acesso para Série C. É um campeonato complicado, acreditamos muito em continuidade de trabalho. Mesmo sem ter calendário pleno no ano passado, por exemplo, mantivemos comissão, jogadores. Mas não podemos deixar a euforia tomar conta. Hoje está todo mundo feliz. Mas se perde do Inter por um placar elástico, já vem pressão de novo.
Quais são os objetivos do Cianorte para este ano?
Nossos dois grandes objetivos são conquistar vaga na Copa do Brasil no ano que vem, ficando entre os três primeiros parananense, e conseguir o acesso para a Série C. Na Série D, não tem receita de TV, precisamos garantir a verba para 2019.
Falando em verba, as folhas de Inter e Cianorte têm uma diferença oceânica.
Arrisco a dizer que a nossa folha anual não paga 20% da folha do mês do Inter. A diferença é muito grande, por isso a gente precisa se diferenciar de outras coisas. Entramos no futebol com a ideia do clube empresa, onde pagamos impostos, e trabalhamos o clube em forma de gestão. Não tem politicagem, não temos dívida com atleta. Nunca vão achar jogadores cobrando dívidas. O diferencial é: escolhemos a dedo a comissão jovem, mesclamos atletas de diferentes idades e mantemos sempre o pé no chão.
Como o clube é gerido?
É gestão de empresa mesmo, companhia LTDA. Pagamos mais impostos do que os outros times, mas vale a pena. Sócio majoritário é quem define o presidente. Com isso, não tem politicagem, não tem presidente que quer aparecer, que faça dívida. Somos responsáveis pelo time do início ao fim. Para se ter uma ideia, a nossa história tem oito treinadores. Tínhamos o Paulo Turra, que é aí do Sul. Ele saiu para ser auxiliar do Felipão na China. Marcelo está há dois anos com a gente. Assim foi o Caio Jr, Gilson Kleina, Cláudio Tencati, sempre apostando em jovens que têm ambição. Pensamos futebol com ética, olho no olho, sem bolas nas costas, não tem essa de jogador derrubar treinador.
O que o jogo do Inter pode ajudar neste modelo de negócio?
Visibilidade. É muito mais fácil trazer jogadores no momento que temos um clube respeitado. Temos o André Luis, que veio pela credibilidade e aceitou o projeto. O jogo com o Inter faz o clube mudar de patamar. Se der a zebra, então... Futebol é isso, a gente pode ganhar. Sonhar, não custa. Temos uma equipe qualificada e a obrigação é toda do Inter. A nosso favor, o final de semana sem jogos do Estadual, o que nos dá mais tempo de treino.