Quando Andressinha errou a última cobrança de pênalti do Brasil contra a Suécia no Maracanã, tudo voltou ao normal. O sonho de ganhar a Olimpíada morreu junto com a vontade do torcedor de acompanhar o futebol feminino.
O brasileiro, em sua maioria, assiste aos jogos das mulheres de quatro em quatro anos. Nesse meio tempo, não temos muita ideia do que acontece. A prova disso é que ninguém deu muita atenção quando a treinadora Emily Lima foi demitida pela CBF, o que levou diversas jogadoras a se aposentarem da Seleção clamando por mais reconhecimento e investimento. Enquanto isso, menos de um mês antes o país estava dividido: Será que Neymar deveria deixar o Barcelona para aceitar a proposta milionária do PSG?
A melhor notícia que o futebol feminino recebeu nos últimos anos foi uma exigência do programa de licenciamento implantado por CBF, Conmebol e Fifa, que clubes de futebol do Brasil que não tiverem um time feminino disputando competições nacionais estarão proibidos de disputar a Libertadores. Os clubes começaram a correr contra o tempo para montarem elencos femininos. Mesmo que na marra tiveram de investir um pouco na modalidade, nem que seja para beneficiar um time masculino no futuro.
No Rio Grande do Sul, o Grêmio já tinha uma equipe antes mesmo da exigência da CBF. O time disputou o Brasileirão no ano passado, mas acabou sendo rebaixado para a Série A2. Porém, o projeto continua. Ao contrário de 2017, quando a Associação Gaúcha de Futebol Feminino fez parceria com o clube para o uso da camisa em competições, dessa vez o tricolor está assumindo todas as operações da modalidade. Ainda assim, o Grêmio lamenta que seja tão difícil encontrar empresas interessadas em patrocinar as mulheres.
Enquanto isso, o Inter reestruturou o projeto do futebol feminino no início de 2017, sob o comando da ex-jogadora da seleção Duda. O resultado foi benéfico ao clube. A equipe venceu o Campeonato Gaúcho em cima do rival Grêmio no Beira-Rio. E parece que o resultado empolgou os dirigentes do colorado, que contrataram a técnica tricolor, Patrícia Gusmão, para ser auxiliar-técnica e também a camisa 10 do Grêmio, Karina Balestra. Enquanto o time principal masculino não vive bom momento no Estado, parece que as meninas coloradas empolgam. Até transmissão ao vivo no Facebook com a reapresentação do time feminino e presença da torcida foi pensado pelo clube.
É pouco, mas parece muito para quem nunca escutava sobre as mulheres dentro desses clubes grandes. Estamos evoluindo aos pouquinhos. Mas nada faz sentido se não houver apoio da torcida também. A todos que reclamam do que o futebol se tornou e como os jogadores estão perdendo a essência e o amor pela camisa, convido que assistam aos jogos femininos. Elas, sim, jogam exclusivamente por amor.