Amanda Munhoz e Rafael Diverio
Juntos, Camilo e D’Alessandro deram 17 passes para gol na Série B. E a dupla só foi titular uma vez. Agora, contra o Guarani, na despedida do Inter da Segunda Divisão, os dois estarão em campo para fazer a parte colorada na busca pelo título. Uma vitória, combinada a uma derrota ou empate do América-MG com o CRB, dá o troféu aos gaúchos.
Camilo, 31 anos, encerra a temporada em alta cota e pronto para começar 2018 entre os titulares. Confira sua entrevista a Zero Hora.
Como vocês chegam a essa última rodada na Série B?
Chegamos dever cumprido por ter alcançado a meta. O torcedor sofreu um impacto muito grande, foi a primeira vez na história do clube o rebaixamento, e nós devolvemos à primeira divisão. Agora vamos trabalhar para fazer grandes competições e almejar títulos a partir do ano que vem.
Para o Guarani, vale quase nada o jogo. O que esperam?
Não tem isso. Até agora, todas as equipes que jogaram contra o Inter sabem que é a partida maior, é a chance de aparecer mais. Por isso buscam algo a mais, encontrar o espaço, arrumar ou renovar o contrato. Para nós, vale muito também, vai ter casa cheia e podemos até concretizar o título se ganhar e o América-MG não vencer o CRB.
Tem amigos no CRB? Falou com eles?
Tenho, claro. Falei com eles, sim, passei uma força: “ó, ajuda nós aí” (risos).
Há frustração se o título não vier?
Não tem frustração, não. Nosso grande objetivo foi alcançado.
Contra o Guarani, você vai ser titular, ao lado de D’Alessandro. Esse foi um dos maiores debates sobre o Inter no ano, se vocês poderiam jogar juntos. Podem?
O D’Ale, com a experiência que tem, com o futebol que tem, sabe se posicionar, sabe achar o companheiro. Se você se movimenta, ele te acha. Poderia ter tido mais sequência ao lado dele.
Para vocês jogarem juntos, alguém tem que sair da posição, ir para o lado.
No jogo passado, contra o Goiás, entrei no lugar do Sasha, aberto mas consegui me desprender. Isso depende do adversário, também. Às vezes você pode não ganhar na velocidade do lateral do outro time, mas pode se antecipar na movimentação.
O meia tem duas possibilidades de sentir feliz: quando faz gol ou quando dá assistência.
Qual é a posição que gosta de jogar?
Gosto de atuar de meia centralizado, próximo dos atacantes, podendo entrar na área. Jogar mais aberto requer mais velocidade, o que não é meu caso, e bastante um contra um. É o caso do Pottker é um cara de força, velocidade, ele é exatamente dessa posição. Mas, dependendo do adversário, dá para jogar assim, varia de acordo com o lateral. Agora, o Odair me dá liberdade para me movimentar, rodar, trocar com D’Ale, participar do jogo, brigar por espaço.
Você é um dos maiores garçons da temporada, mas ainda não fez gols. O que é melhor: fazer o gol ou deixar o companheiro na cara?
O meia tem duas possibilidades de sentir feliz: quando faz gol ou quando dá assistência. Sabemos o quanto é difícil se livrar dos volantes marcadores, fortes, e achar um passe que vença a defesa.
Agora que finalmente vai ser titular, o que pensa?
Queria ter tido essa oportunidade muito antes, tentar pegar sequência para mostrar meu futebol. Respeito as escolhas do treinador, mas estive sempre focado para ajudar, e fiquei feliz nos jogos em que pude contribuir. Ter uma sequência é sempre importante, mas entendo o lado dos companheiros que estavam bem. Espero que em 2018 venha a sequência, estou tranquilo, com a cabeça boa para isso.
Depende do técnico essa sequência?
Depende de mim, principalmente. A temporada vai estar começando do zero. No Brasil, muda tudo de um ano para o outro, mexe bastante no time, quem era titular vai para o banco, o reserva vai para o time. É assim, o futebol é dinâmico.
Roger tem muita experiência, é um amigo que tenho no futebol. Estou muito feliz, torcendo para que ele que possa vir. Vai ajudar muito.
Conhece bem o Roger, reforço para a próxima temporada?
Jogamos juntos no Sport, na Chapecoense e no Botafogo. Ele tem muita experiência, é um amigo que tenho no futebol. Estou muito feliz, torcendo para que ele que possa vir. Vai ajudar muito.
Tem falado com ele?
Tenho passado umas informações que ele me pede. Vou ficar feliz se ele concretizar essa negociação. Conheço o Roger muito bem, como hoje conheço o Damião. São dois grandes jogadores. Quem ganha com isso, se concretizar, é o Inter.
Está adaptado a Porto Alegre?
Minha família está gostando, minha filha ama esse lugar. Aqui não é tão frio como era em Chapecó, comprei várias roupas de frio e não usei (risos). Quero ficar muito tempo aqui ainda.
O que faz nas folgas?
Vou a shopping, restaurante. Aqui tem uma coisa legal, que o pessoal vai nos parques. Também vou, tento botar um boné, mas não consigo por causa do cabelo (risos).
Aqui em Porto Alegre tem uma coisa legal, que o pessoal vai nos parques. Também vou, tento botar um boné, mas não consigo por causa do cabelo (risos).
CAMILO
Meia do Inter
Mas agora a fase é tranquila. Não chegou a pegar o ambiente mais pesado.
Não. Meu primeiro jogo foi contra o Oeste, quando vencemos e a começaram a acabar os problemas. Eram os últimos jogos Está fazendo praticamente um turno que cheguei aqui no Inter.
Como foi a experiência de ser o time grande na Série B?
Foi bom. Sempre tivemos a responsabilidade em cima de nós. Não podia ser menos do que isso, pela grandeza do clube. As outras equipes jogavam no limite da concentração, queriam se promover. Tínhamos de jogar sempre no limite, e não é fácil. No início da competição, já víamos a pressão. O torcedor também sentiu, viu que seria difícil a subida. Conseguimos reverter.
Na Série B, o Inter era o time grande que encontrava os adversários retrancados. Na Série A, como vai ser?
Temos de ver com o treinador, com as escolhas de jogadores para completar o grupo. Acho que o jogo será mais aberto, as equipes também vão propor o jogo. Na Série B não é assim. Por outro lado, vai ser um jogo mais amplo, mais jogado, de duas equipes mais qualificadas.
Os grandes jogos do inter foram com adversários da Série A, como Palmeiras, Corinthians, Grêmio.
Justamente. Nosso time, se estivesse na Série A, estaria muito bem, pelo nível de responsabilidade, de atenção e concentração. Pena que no final da Série B, a gente teve essa queda de rendimento e não talvez não concretize o título.
No meu modo de ver, faltou (a Guto Ferreira) uma rodagem maior do elenco, para não ter desgaste no final do campeonato. Era sempre a mesma equipe, e acho que os jogadores já estavam sentindo o peso, não tínhamos mais aquela intensidade.
Pelo que o Inter estaria brigando se estivesse na Série A?
É difícil dizer, mas acho que estaria na primeira parte da tabela, brigando por alguma coisa. Quem sabe pela Libertadores.
Mas você vê a necessidade de reforço?
Ah, como qualquer grande equipe, sempre precisa de reforço. Acredito que a diretoria está vendo com o treinador que virá ou com o Odair Hellmann.
Falando em treinador, o que aconteceu na demissão de Guto Ferreira faltando um ponto para subir?
Acho que o Guto fez um grande trabalho, deu sequência a um time, é um cara que trabalha muito. No meu modo de ver, faltou uma rodagem maior do elenco, para não ter desgaste no final do campeonato. Era sempre a mesma equipe, e acho que os jogadores já estavam sentindo o peso, não tínhamos mais aquela intensidade. Mas Guto fez um grande trabalho, tanto que faltou só uma vitória.
Eu ficaria com o Odair (de técnico).
Vocês gostam bastante do Odair, né?
Gostamos bastante dele. Ele tem trabalho dentro de campo, englobando todos os aspectos, é muito querido por todos.
Acha que ele tem condições de ser o técnico do time?
Sim. Tem pulso, já viveu isso que a gente passa. Isso é importante, porque tira as barreiras do atleta para chegar no treinador. Tem atletas que gostam dessa simplicidade, e tem treinador que tem seu respeito, que é mais linha dura. Vai de cada um. Eu gosto de ambos. Para mim, é indiferente. Mas o Odair sabe o seu tempo, e ninguém melhor do que ele mesmo para falar sobre isso.
O que sabe de Abel Braga?
Nunca trabalhei com o Abel Braga, mas parece ser um cara muito sério, direto. Isso é muito legal.
Vamos imaginar que o Roberto Melo descesse no vestiário e perguntasse: “Camilo, quem você indicaria para ser o técnico?”. O que responderia?
Eu ficaria com o Odair.