D'Alessandro é o jogador de franquia do Inter, a cara do clube, o capitão. Leandro Damião e William Pottker, os homens-gol. Uendel, quem mais joga. Danilo Fernandes, a segurança na pequena área. Rodrigo Dourado, o último xodó das categorias de base. Mas, talvez, o pilar desse Inter que emerge do purgatório de volta para a Série A seja o discreto Edenilson.
Mesmo sem ter os holofotes voltados para si, sem ser o dono da camisa mais procurada nas lojas do clube ou aquele cujo primeiro nome é lembrado pelos torcedores, o camisa 8 é essencial para a equipe de Guto Ferreira. O mau futebol jogado em Varginha, com desconexão entre os setores, e deixando o ataque com a força de um anêmico, passou muito pela ausência de Edenilson. Suspenso, o volante permaneceu em Porto Alegre, enquanto os seus companheiros se emaranhavam no interior mineiro e voltavam com um chocho 0 a 0 diante do Boa.
Catapultado do Caxias para o Corinthians de Tite, Edenilson teve como espelho um dos capitães da atual Seleção Brasileira, Paulinho. Jogaram juntos na equipe paulista e foram campeões nacionais, da Libertadores e do Mundial.
Contratado pelo Caxias ao Corinthians, após o Gauchão de 2011, Edenilson foi escolhido a dedo pela então comissão técnica do Parque São Jorge: Tite e Cléber Xavier. A contratação, que chegou a surpreender a imprensa paulista, uma vez que se tratava de um desconhecido até então, logo se destacou em São Paulo.
— Edenilson é um jogador que faz falta ao Inter. Nos tempos de Corinthians, ele era o nosso 12º jogador, fazendo diversas funções: lateral, meio e beirada externa — recorda o auxiliar técnico da Seleção Brasileira, Cléber Xavier.
Para Cléber, Edenilson não é volante, é um "meio-campista", devido à função de ligação defesa-ataque que exerce no setor. na opinião do auxiliar técnico da Seleção, "jogadores construtores" são Uendel, D'Alessandro e Renato Augusto, exemplifica.
— Quando buscamos ele no Caxias, algumas coisas nos chamaram a atenção: a mobilidade, a agilidade e o dinamismo realizando mais de duas funções, além de ser um jogador com técnica e inteligência tática, e por ter uma conduta muito boa, ser um cara alegre e bom de grupo. Edenilson dá ao meio-campo uma alta taxa de trabalho — diz o braço direito de Tite. — No Inter, ele desempenha muito bem essa função, que é o desenho que também estamos utilizando na Seleção: um sistema que varia para o 4-3-3, para o 4-1-4-1. No Inter, não há outro jogador como ele. E, no futebol brasileiro, poucos conseguem desempenhar a função do Edenilson: a de meio-campista pela direita _ elogia Cléber Xavier.
Campeão da Libertadores e do Mundial com a turma de 2006 do Inter, Wellington Monteiro era o volante polivalente de Abel Braga. Enquanto Edinho era o destruidor, Wellington era um dos responsáveis por sair com a bola redondinha desde o sistema defensivo.
— Edenilson é o cara fundamental. Não é o cara que aparece para a torcida, mas é essencial para a equipe. É o jogador que tem toda a visão do campo. A saída de bola é dele, é quem tem obrigação de começar lá de trás. O famoso "volante moderno" é o cara que faz essa transição, não o volante que faz gols — entende o campeão mundial, hoje com 39 anos, e defendendo o Clube Esportivo União, de Francisco Beltrão (PR). — O cara que tem a noção de jogar em várias posições é o sonho de todo treinador, é uma joia rara. Do meio para trás não existem craques, mas o segundo volante, que é fenomenal na simplicidade do que faz, é quem dá o suporte para os craques lá na frente. E Edenilson é essa joia — finaliza Wellington Monteiro.
Mas Edenilson tratou de diminuir sua importância:
— O entrosamento pesa bastante, nosso melhor momento foi quando tivemos o time bem entrosado. Em alguns jogos não acontece o que o trabalhamos, mas o importante é retomar.
Nas próximas semanas, caso confirme o acesso antecipado à Série A, a direção colorada terá uma decisão a tomar. Edenilson está emprestado ao Inter até junho de 2018. Pertence à Udinese e o valor estipulado em contrato para a opção de compra é de aproximadamente R$ 5 milhões. Poucas vezes uma "joia" pareceu tão em conta.