Entre os principais times do futebol brasileiro, Uendel é o segundo jogador que mais tempo ficou em campo. A 18 dias de cumprir 29 anos, o lateral-esquerdo do Inter só fica atrás do volante Maycon, do Corinthians, como o atleta de linha com mais minutos de atividade na temporada. Nas 47 partidas que defendeu o time, foram 4.215 minutos, contra 4.576 do corintiano. Neste sábado, em Caruaru, contra o Náutico, uma vez mais Uendel é a certeza de uma defesa que teve alta rotação. Porque se o Colorado tem alguns pilares para a reconstrução de seu time em 2017, um deles certamente foi o lateral-esquerdo.
Uendel foi o primeiro peitaço do Inter no ano. Buscou o titular do Corinthians, antes da abertura do calendário, causando algum frisson no Brasil futebolístico. Afinal, ele deixava um dos candidatos ao título — e atual líder disparado — na Série A para o desafio de subir com os colorados na Série B. Hoje, o camisa 6 já soma 88,6% dos jogos do Inter em 2017. Caso se mantenha sem contusões nem suspensões, ele chegará ao final do ano tendo atuado em 61 de 67 compromissos do clube. É um dos pendurados, aliás.
— Essa longevidade do Uendel em campo talvez se deva ao fato de que ele tem uma consciência corporal muito grande. Nunca passou por períodos de retreinamento (quando um jogador volta de lesão e precisa se readaptar antes de retomar os treinos com o time) desde que chegou ao Inter, faz trabalhos de prevenção e toma muito cuidado com a alimentação — conta o coordenador do Departamento de Performance do Inter, Élio Carravetta.
Além disso, revela Carravetta, Uendel é dos mais interessados em metodologia de treinamentos. Os dois conversam muito sobre o que vem sendo feito em termos de treinamentos na Europa e o lateral envia textos sobre preparação física a Carravetta.
— Dia desses, o Uendel me deu o novo livro do Pep Guardiola (A Evolução) de presente. É um jogador experiente e que se cuida muito. Por isso tem atuado tanto. Sempre digo a eles: o corpo é o cavalo e a cabeça é o jóquei. Se o jóquei não dominar o cavalo, o cavalo vai derrubar o jóquei.
Guto Ferreira tem em Uendel um de seus jogadores de confiança. Além da rodagem do lateral, que já passou desde Criciúma, a Grêmio, Ponte Preta e Corinthians, a leitura de jogo do atleta e a ligação que ele faz da defesa para o ataque cativam Guto.
— Uendel é um cara extremamente experiente e que tem o domínio da posição. Ele sabe a importância que tem dentro do processo e a solidez defensiva que tem. O início das jogadas da nossa equipe parte muito dele, com D'Alessandro, com Sasha, parte muito dele — destaca o treinador do Inter.
O domínio da posição no Inter tem um significado especial. Deficiência histórica do clube, a lateral esquerda só teve um dono incontestável nos últimos anos: Kléber. O jogador tomou conta da vaga em 2009 e só deixou de ser titular em 2013. Antes dele, Jorge Wagner, um meia adaptado, foi quem esteve mais próximo de se garantir, mas oscilou com Rubens Cardoso, Alex (também adaptado) e Hidalgo. Depois de Kléber, a lista vai longe: Fabrício, Alan Ruschel, Raphinha, Geferson, Ernando improvisado, Ceará improvisado, Artur, de novo Alex e outros.
E nem sempre Uendel foi lateral-esquerdo. Ainda nos tempos de Antonio Carlos Zago, virou volante. Tendo Carlinhos na lateral, Zago montou um lado canhoto eficiente para a disputa de alguns jogos do Gauchão. Só não foi adiante porque Carlinhos passou a ter lesão em cima de lesão, o que obrigou Uendel a ser definitivamente o dono da posição.
Capitão do Inter no bicampeonato da Libertadores, Bolívar recebeu das mãos de Pelé a taça de 2010. Foi um dos líderes em suas duas passagens pelo clube. Ele entende que, além da presença de Uendel em campo durante muitos jogos, o camisa 6 também vem sendo fundamental para o time no vestiário.
— Uendel vem se mostrando uma das ótimas contratações da temporada. Um cara que foi campeão brasileiro, que tem cultura de títulos é muito importante dentro de um vestiário que está sendo construído ao longo do ano. Ele encarou o desafio da Série B e o Inter deve segurá-lo ainda por muitos anos, pois os líderes estão acabando no futebol e, ao lado de D'Alessandro, Uendel um jogador com esse perfil. E você não pode perder alguém assim — afirma Bolívar.
Uendel será uma das armas do Inter na tarde deste sábado, no agreste pernambucano, quando a equipe pretende retomar a liderança da Série B. Com mais 90 minutos, passar dos 4,3 mil. De preferência, sem cartão amarelo.
Uendel
No ano
- 47 partidas
- 4.215 minutos
- 1 gol
- 7 assistências
Na Série B
- 91% de passes certos
- 29% de cruzamentos certos
- 20 desarmes
- 5 cartões amarelos