O gol de Leandro Damião na estreia, contra o Goiás, e a assistência de Nico López para Cláudio Winck no sábado, contra o Guarani, reabriram uma disputa no Inter. No 4-1-4-1 de Guto Ferreira, quem deve ser o último "1"?
Ainda que Leandro Damião e Nico López briguem pela mesma vaga, ambos têm características opostas na função.
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O brasileiro é um centroavante clássico. Com 1m87cm e 28 anos, posiciona-se entre zagueiros, vai para o confronto físico, tem força de cabeceio e arranque. São 90 gols pelo Inter desde 2010, quando apareceu no time principal justamente na decisão da Libertadores. Por outro lado, desperdiçou chances claras. Contra o Goiás, driblou um zagueiro e chutou em cima do goleiro. E diante do Guarani, inverteu: driblou o goleiro e chutou em cima do zagueiro.
Nico López é um jogador de mais velocidade e habilidade. Aos 23 anos e com 1m79cm, tem como virtudes o drible e a assistência, como fez contra o Guarani. Porém, não entra tanto na área e evita o duelo físico com os defensores. Isso diminui seu ímpeto goleador – ainda que seja um dos artilheiros do Inter na temporada, com 13 gols. Mas apresenta um lado "pifador", como na assistência para Winck.
– São dois bons jogadores, de vantagens e desvantagens, mas eu apostaria sempre no centroavante de mais posicionamento, como Damião. Claro, ele chegou há pouco tempo, então acho que vale adaptar o time a ele, como já vimos alguns exemplos – analisa o ex-centroavante Christian, um dos maiores goleadores colorados na metade final dos anos 1990.
Campeão gaúcho com o Novo Hamburgo em 2017, o técnico Beto Campos vê necessidade de uma ajuste de estratégia na equipe dependendo de quem ocupar aquela função:
– Com Damião, o time precisa criar mais pelas laterais, para aproveitar o posicionamento e a estatura. Claro que ele sabe render pelo meio, mas dá essa alternativa ofensiva do lado. O Nico López é um jogador móvel, cria espaços para si e para os outros. É um atacante de ótima finalização e frieza na frente do goleiro.
Artilheiro da Série C com oito gols, André Luís também credita ao sistema tático a escolha do nome que Guto Ferreira precisará fazer até o fim da Série B.
– No 4-1-4-1, são quatro jogadores de ligação no meio, então precisa ter um jogador de referência na frente, como o Damião. Já se a opção for pelo 4-2-3-1 ou até pelo 4-3-3, é possível colocar Nico López, já que outros atletas vão ter liberdade para entrar na área com frequência – explica o centroavante do Ypiranga, de Erechim.
E os dois juntos? É possível escalar Leandro Damião e Nico López sem prejudicar o esquema que trouxe resultado e desempenho ao Inter nas últimas rodadas da Série B?
Damião, em entrevista à ZH, afirmou ser possível atuar ao lado do colega uruguaio.
– Nico López é um grande jogador, já mostrou isso na Libertadores. Comprovou sua qualidade. O Guto vai decidir quem atua, se tivermos que jogar juntos ou não.
Beto Campos acredita ser possível conciliar os dois estilos, desde que fosse feita uma adequação no sistema tático e também uma doação extra dos atacantes para marcar a saída de bola dos adversários que enfrentarem:
– Teria que montar duas linhas de quatro e liberá-los, com a condição que ajudassem no primeiro combate da recomposição.
De fato, para atuarem ao mesmo tempo, seria necessário adaptar o esquema que deu certo na equipe nas últimas partidas.
Isso porque Nico já foi testado, principalmente em sua passagem no futebol europeu, em funções laterais do meio-campo e do ataque, mas não se deu bem.
– Em uma situação dessas, só cabe usar aquela expressão batida: é um problema bom o que tem o Guto Ferreira – sintetiza o goleador Christian.