Guto Ferreira terá uma oportunidade raríssima no Inter. Repetir uma escalação em três jogos seguidos é uma prática inédita nesta década do lado colorado. De fato, na última vez que isso ocorreu:
– Luiz Inácio Lula da Silva era o presidente do Brasil e Dilma Rousseff recém era ministra de Minas e Energia do governo;
– O Estado era governado por Yeda Crusius;
– Barack Obama havia começado a comandar os Estados Unidos;
– A novela das 21h era Caminho das Índias;
– A música da moda era Você não vale nada e
– Dunga preparava a Seleção para a Copa da África do Sul.
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E o Inter nem era bicampeão da América ainda. Foi em novembro de 2009. O time era comandado por Mário Sérgio, que havia substituído Tite no meio daquele Brasileirão. Da 35ª à 37ª rodada, o técnico conseguiu escalar: Lauro; Danilo Silva, Índio, Bolívar e Kléber; Sandro, Guiñazu, Giuliano e D´Alessandro; Marquinhos e Alecsandro. Com esse time, venceu Atlético-MG por 1 a 0 no Mineirão (gol de Giuliano), o Sport por 2 a 1 na Ilha do Retiro (Kléber e Andrezinho) e o Santos no Beira-Rio por 3 a 1 (Danilo Silva, Marquinhos Gabriel e D'Alessandro).
– Lembro daquele jogo contra o Sport, fomos a Recife e voltamos com chances de conquistar o Brasileirão na última rodada, mas ficamos com o vice – diz o lateral-esquerdo Kléber.
Para quem não se recorda, na partida decisiva daquele campeonato, o Inter venceu o Santo André por 4 a 1 no Beira-Rio, mas não teve o resultado paralelo que precisava, já que, ao mesmo tempo, o Flamengo derrotava o Grêmio por 2 a 1, de virada, e erguia o troféu.
Mesmo assim, só essa sequência de escalações idênticas já marcou a história do Inter. E essa chance de repetir é vista positivamente pelo ex-lateral.
– Para o jogador, faz muita diferença ter os mesmos colegas. Isso aumenta o entrosamento, vamos aprendendo onde o companheiro está, sabemos para onde ele vai se movimentar. Ao mesmo tempo, o técnico consegue dar sua cara – analisa Kléber.
Beto Campos que o diga. O técnico que ganhou o Gauchão de 2017 com o Novo Hamburgo usou praticamente o mesmo time oito vezes. Cinco delas foi a equipe que decidiu a competição. E, nas outras três, só mudou o lateral-direito (Léo estava machucado e deu lugar a Renan).
– É muito importante repetir a equipe. Claro que facilita ter os resultados a favor e não ter lesões. Vencer os jogos aumenta a confiança e garante tranquilidade para dar o entrosamento necessário. No Náutico, infelizmente, não consegui fazer isso. No Novo Hamburgo, mexi o menos possível e as coisas deram certo – comenta o treinador.
Confiança, aliás, é a palavra usada pelo zagueiro Victor Cuesta para definir o momento do Inter. Segundo ele, o entrosamento do grupo tem ajudado a melhorar o resultado em campo:
– O time está se entregando, está correndo muito. Sabemos que tem qualidade. Tem que brigar, lutar. Está acontecendo isso aí.
Para seguir neste momento, Guto Ferreira pode atualizar os dados sobre repetição de time. A tendência, inclusive, é essa. Pelos treinos da semana, em que manteve sempre os mesmos nomes, o time que venceu o Guarani, em Campinas, e o Londrina, em casa, deve ser reaproveitado. O torcedor já sabe quase de memória: Danilo Fernandes; Cláudio Winck, Klaus, Cuesta e Uendel; Rodrigo Dourado; Edenilson, D'Alessandro, Pottker e Sasha; Leandro Damião.