Faltava Victor Cuesta falar. E ele até falou na tarde desta quarta-feira, em Fortaleza. Mas não me convenceu. Fez um pronunciamento protocolar, de menos de um minuto – para ser exato, foram 58 segundos – e saiu da sala de entrevistas sem responder a um tema de profunda gravidade.
A acusação de racismo feita pelo centroavante Elton era um tema que merecia um trato melhor do Inter e um posicionamento mais firme do clube. Até porque ela respingou e muito no clube. Além de ir contra sua origem, de ser popular e aberto a todas as etnias, principalmente a partir dos final da década de 1920.
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A impressão que ficou é de que Cuesta e o Inter esperaram o quanto deu para se pronunciar. Cuesta deveria ter se manifestado, se possível, no minuto seguinte à acusação de Elton em rede nacional. Mas o clube decidiu aguardar por mais de 18 horas para se posicionar. Nesse meio tempo, viu sua imagem ser atingida e varou os noticiários esportivos com a vinculação a um ato de racismo. Para quem fechou 2016 com a imagem arranhada pelas declarações infelizes no episódio da Chapecoense e, depois, com a tentativa de evitar o rebaixamento no tapetão, tudo o que o Inter não precisava era estar envolvido em denúncia de racismo. Fica a lição. Em casos como esse, é preciso agir rápido. E, principalmente, não deixar qualquer resquício de dúvida.