Em um treino movimentado na manhã deste domingo, desenhou-se o primeiro Inter com Leandro Damião. Durante a movimentação, Guto Ferreira colocou o centroavante como titular, mandando Nico López à reserva e, assim, juntando na equipe principal os dois reforços mais recentes, já que Camilo será o substituto do suspenso D'Alessandro no meio-campo.
– O centroavante de referência é uma característica que se repete nas equipes do Guto. Alguém para segurar as jogadas de pivô, que briga pela primeira bola quando o goleiro dá um chutão. Um cara de imposição física e para segurar os zagueiros – avalia Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, do Globoesporte.com.
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Não é pequeno o contraste entre as características de quem sai para quem entra. A troca de Nico por Damião pode ter forte impacto sobre como o time atua em campo. A seguir, uma análise de possíveis vantagens e desvantagens da mudança.
VANTAGENS
Alguém para segurar os zagueiros
Criar espaços no meio-campo é das tarefas que o Inter tem mais dificuldades para executar. Um centroavante de referência muitas vezes ajuda na missão.
Ao permanecer fixo, próximo ao gol, o camisa 9 "prende" os zagueiros lá atrás. Quando o atacante mais adiantado sai muito da área, dá oportunidade para que os defensores adversários avancem, povoando mais o meio e "encurtando" o campo, em um movimento que tira espaços de quem busca criar jogadas. Um centroavante posicionado pode, ao cumprir bem sua tarefa, causar algum distanciamento entre as linhas de meio-campo e defesa do adversário.
– Quando o Inter ataca, o Damião pode jogar de costas, se movimentar e arrastar um zagueiro. Os times na Série B marcam com encaixes individuais, então o zagueiro vai perseguir o Damião e deixar um espaço onde um jogador rápido, como o Pottker, pode infiltrar – diz Miranda.
O pivô ajuda a jogar pelo meio
Insistir demasiadamente pelos lados do campo tem sido um dos vícios do Inter desde o início do ano. Não há jogadas de tabela pelo meio, o que contribui para o altíssimo número de cruzamentos por jogo. Com um centroavante capaz de proteger a bola de costas para a marcação, há mais uma opção de passe para o meia combinar jogadas na entrada da área.
Miranda ressalva, porém, que o problema da falta de jogadas centralizadas é comum a todos os clubes grandes que passam pela Série B. Há, também, a questão da característica do grupo de jogadores:
– A dificuldade de jogar por dentro qualquer time grande vai enfrentar na Série B. Com o Inter, é natural do elenco, por ter escassez de jogadores de bom passe. Aí, o pivô do Damião pode ser uma arma.
DESVANTAGENS
Chuveiradas demais
O problema é crônico: o Inter cruza bolas demais. A média é de 27,47 cruzamentos tentados por jogo na Série B, quase um cruzamento a cada três minutos de partida. Contra o Luverdense, um recorde: 53 bolas cruzadas. A presença de um centroavante pode acentuar o problema.
Ter Damião pode causar a tentação de aumentar ainda mais as tentativas de jogo aéreo, tirando o Inter do caminho de buscar mais armas ofensivas que incrementem seu repertório.
Miranda destaca, porém, que há outro lado da questão: a presença do centroavante pode tornar o "chuveirinho" um pouco mais perigoso.
– Com o Damião, o chuveirinho tende a se tornar uma jogada mais interessante. A própria jogada pelos lados fica mais perigosa para o adversário, já que há um bom cabeceador na área – afirma.
Um driblador a menos
As dificuldades do Inter na Série B se resumem em sua incapacidade de criar espaços para jogar. Diante das defesas fechadas, uma das alternativas para criar problemas para a marcação é o drible. Sem Nico, o time perde um driblador.
A formação treinada por Guto tem, a rigor, apenas um jogador com alta capacidade de ganhar no um contra um: Pottker. De Camilo, que também tem bom drible, se espera destaque com passes precisos e poder de articulação, já que substituirá D'Alessandro.
– Sem o Nico, o Inter perde em velocidade, perde no drible. É uma questão de escolhas – lembra Miranda.
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