Em julgamento realizado na 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Inter foi condenado a pagar uma multa de R$ 720 mil pela acusação de utilizar e-mails falsos no caso do zagueiro Victor Ramos, do Vitória-BA.
Como o clube estava ameaçado de ser excluído da Série B, a punição, apesar de envolver altos valores, pode ser considerada branda. O valor da multa será encaminhado para entidades assistenciais, possivelmente gaúchas.
Vitorio Piffero, presidente do clube na época em que o caso veio à tona, foi condenado a pagar multa de R$ 90 mil e a suspensão de 555 dias.
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Apesar de criticar o encaminhamento dado ao caso pelo clube, o relator José Nascimento disse que a exclusão seria medida excessiva.
– Saio daqui com o sentimento de justiça. A discussão que se tem agora é que houve falta de cautela. Não houve isso, nem qualquer infração de parte do Inter – analisou Gustavo Juchen, vice jurídico do Inter.
Questionado se a procuradoria poderá recorrer da decisão, Nascimento foi contundente:
– Espero que não. Entendo que os pedidos de exclusão do campeonato são muito graves. Mexem com o âmago dos torcedores, que têm no futebol a sua alegria. Acho algo ditatorial e equivocado.
Já em Belo Horizonte, minutos antes da partida contra o América-MG, o presidente do Inter Marcelo Medeiros não fez um julgamento definitivo sobre a decisão. Nem disse se o clube irá ou não recorrer da multa.
– Não digo que sim, nem que não. Vamos aguardar neste momento a publicação da decisão. Vamos nos reunir com o departamento jurídico e conselho de gestão. A Procuradoria também pode recorrer. Nossa intenção é resolver essa questão da maneira mais rápida, viável e tranquila para o clube– comentou.
Iniciado às 15h10min, o julgamento teve uma interrupção e se prolongou até 19h20min. Houve momentos de tensão, como o que exigiu a intervenção de Rodrigo Mendonça Raposo, presidente da 5ª Comissão, diante de uma forte discussão entre o advogado Rogério Pastl, do Inter, e Reynaldo Buzzoni, diretor de registro da CBF.
Também arrolado pela Procuradoria, Bernardo Zalan, funcionário do Departamento de Registros e Transferências da CBF, disse que os e-mails sofreram alteração de conteúdo, de assinaturas e de erros de português.
A primeira testemunha arrolada pelo Inter foi o próprio Piffero, que buscou desvencilhar-se de qualquer responsabilidade pelo envio dos e-mails. Na sequência, o clube pretendia chamar Pitágoras Dytz, testemunha técnica do Internacional, ex-consultor do Ministério dos Esportes, mas o pedido foi negado por ele não ter vivenciado os fatos.
Conforme Gustavo Juchem, vice jurídico do Inter, ficou comprovado nos autos do inquérito que o clube não tinha conhecimento sobre a falsidade dos documentos.
– O Inter foi surpreendido, porque recebeu esses documentos de fonte confiável, o conteúdo era verossímil –defendeu.
Ao fazer a defesa de Piffero, Pastl reclamou da falta de paridade, já que, em 110 dias de inquérito, o clube teve somente três para se defender. Chegou a dizer que seu filho pergunta que crime o Inter havia cometido, já que o tema tomou proporções de caso policial.
– Todo o STJD sabe que o registro do Victor Ramos foi irregular– ressaltou o advogado.
*ZHESPORTES