O auditor do STJD e relator do inquérito que apontou a utilização de e-mails adulterados pelo Inter, para exigir punição ao Vitória no Caso Victor ramos, Mauro Marcelo, não costuma ter papas na língua (tampouco em seus textos). Recentemente, ele esteve em Porto Alegre a fim de tentar ouvir o ex-presidente Vitorio Piffero mais o ex-vice-jurídico Giovani Gazen, além dos advogados Daniel Cravo, Rogério Pastl, Diego do Canto e Felipe Dallegrave, todos que participaram do pedido do Inter junto ao Tribunal, no ano passado.
Mauro Marcelo, porém, não conseguiu ouvir nenhum deles. Piffero alegou doença. Os demais, se escudaram em determinações da OAB que impedem um advogado ter de testemunhar em um caso no qual está envolvido, e igualmente não responderam ao relator. Na época, Mauro Marcelo chegou a publicar em sua conta no Twitter:
– "Playing with fire" (Brincando com fogo, em inglês livre).
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E disparou contra os dirigentes e advogados colorados:
– Em total desrespeito à Justiça Desportiva, os cinco intimados do SCI (Sport Club Internacional) não compareceram. Inquérito será concluído sem oitivas.
Agora, com o inquérito finalizado, ele escreveu em sua conclusão:
– Na ânsia de buscar o famigerado "tapetão", burlando assim o esperado fair play, o clube e seus advogados feriram a ética desportiva, atuando de maneira dolosa e, no mínimo, assumiram o risco do resultado, consentindo e permanecendo indiferentes aos prováveis vícios do material apresentado. Nessa linha, do mesmo modo que o avestruz vê e finge que não viu, o sujeito também observa, suspeita de ilicitude, mas a ignora com a intenção de obter o proveito e o resultado que lhe interessa.
Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.
*ZHESPORTES