Se o Inter sonha retornar à Libertadores já na edição do ano que vem, é preciso conquistar a Copa do Brasil. O torneio permite esse conto de Cinderela: um time que não esteja na Série A se tornar campeão e jogar o principal torneio do continente. E, para isso, depois de eliminar o Corinthians, agora é preciso superar o reenergizado Palmeiras de Cuca – com o jogo de ida marcado para esta quarta-feira, às 21h45min, no Allianz Parque.
O atual campeão brasileiro começou o ano de maneira um tanto instável. Eliminado no Paulistão, na Libertadores, apesar de liderar o Grupo 5, o então time de Eduardo Baptista estava sendo mais reconhecido pelas brigas com o Peñarol do que pelo futebol apresentado.
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Para azar do Inter, o retorno de Cuca parece ter mudado tudo isso. A estreia do treinador, nesse domingo, contra o Vasco, mostrou um time agressivo no ataque e mortal em um dos maiores dramas colorados: a bola parada. A goleada por 4 a 0 sobre o Vasco mostrou um Palmeiras voraz. O Palmeiras de Cuca joga no 4-2-3-1 e, diante do Inter, deverá ter: Fernando Prass; Jean, Edu Dracena, Mina e Zé Roberto; Felipe Melo e Tchê Tchê; Guerra, Dudu e Willian; Borja.
Conheça as principais armas do novo time de Cuca:
1. Bola parada
Está certo que o Vasco não chega a ser um primor defensivo, mas a zaga carioca sofreu no Allianz Parque. Além das inúmeras bolas cruzadas para a área, em cobranças de faltas e de escanteios, dois dos quatro gols do Palmeiras foram marcados em penalidades. Jean e Borja cobraram e converteram. No ano passado, com Cuca, o Palmeiras marcou 49% dos seus gols através de bola parada. E, como a temporada colorada mostrou até aqui, esse tipo de jogada costuma ser um tormento para zagueiros, volantes e goleiros do Inter. O risco é altíssimo de sofrer gol pelo alto desse novo Palmeiras de Cuca.
2. Marcação individual
Em poucos dias, desde que voltou ao Palmeiras, Cuca mexeu nas funções defensivas do time. A primeira mudança foi abolir a marcação por zona e estabelecer a marcação individual. O Palmeiras marca e muito. D'Alessandro terá em seu encalço ninguém menos do que o polêmico Felipe Melo. Dois cabeças-quentes... Ou se entenderão em campo, sendo cordiais um com o outro, ou a chance de acabarem expulsos será enorme. Diante do Vasco, Felipe controlou o meia Nenê a tarde toda. Ainda que o Vasco tenha tentado reagir, não chegou a assustar a defesa palmeirense.
– Foram só quatro dias de treino e intensidade requer condicionamento perfeito do jogador. Ninguém tem 90 minutos intensos, é preciso variar marcação em cima e mais compactação defensiva. Esse é meu trabalho e ficou muito claro, é normal. O que a gente tem feito pelo Palmeiras é montar um time para três, quatro anos. Quando a gente repõe uma peça com idade baixa é para pensar mais para frente. Perdi o Vitor Hugo e trouxe outro zagueiro. Perdi o Alecsandro e de repente tem uma peça de reposição. Não sei quanto tempo vai demorar para ter minha cara, pode demorar – disse Cuca.
3. Pressão na saída de bola
Aqui, mais um perigo à defesa colorada. O Palmeiras marca em cima, desde a saída de bola dos zagueiros. Não será surpresa se o goleiro Daniel e os zagueiros Léo Ortiz e Victor Cuesta começarem as jogadas do Inter a chutões. Borja, Guerra, Willian e Dudu estarão atentos a cada tiro de meta colorado.
– Saímos bem nos primeiros 10 minutos, com marcação alta, pressão, mas daí em diante o Vasco tomou conta e poderia ter empatado. Aí trocamos o Jean com o Tchê Tchê. Às vezes um jogador não está bem em uma posição, mas encaixa na outra. (Contra o Vasco) Os dois não estavam bem, mas a equipe encaixou e o jogo emparelhou. E os dois fizeram jogadas de gols – comentou Cuca.
4. Intensidade
O Palmeiras joga em alta rotação. Não raro, os seus jogadores encerram as partidas extenuados. Tamanha a intensidade do time. E muito disso ocorre devido à exigência de Cuca para que a marcação comece sobre a saída de bola do adversário e que não se alivie essa pressão em momento algum. Um dos grandes exemplos dessa doação é o lateral-esquerdo Zé Roberto, que em 6 de julho cumprirá 43 anos de vida.
– Vou esperar, porque foi uma semana intensa, em que trabalhamos dois períodos. Foi jogo de intensidade também. Teve jogador que teve cãibra, o Jean. Foi desgaste grande. Vamos esperar o que de melhor temos. O Inter tem que um dia a mais de descanso – ponderou o treinador do Palmeiras.
5. Caldeirão x goleiro novato
Se o Londrina não chegou a pressionar a zaga do Inter e o estreante goleiro Daniel, o Palmeiras deverá ir ao ataque desde o primeiro minuto. Com previsão de um publico superior a 35 mil torcedores, em São Paulo, o time de Cuca pressionará a fim de tentar definir o jogo ainda no primeiro tempo. Daniel, que fará a sua segunda partida como o inesperado titular do Inter, terá no Allianz o seu teste de fogo.
*ZHESPORTES