Volta e meia, quando penso na Série B que nos aguarda logo ali, uma cena vem à cabeça. Estádio Beira-Rio, noite de 6 de outubro de 2016. Aos 33 minutos do segundo tempo, Juan, do Coritiba, se preparava para cobrar um pênalti que, se convertido, colocaria moralmente o Inter na Segunda Divisão. Mais de 30 mil pessoas aguardavam mudas o golpe. Era aquele estado de ânimos que precede a catástrofe. Mas Danilo Fernandes voou no canto e pegou o pênalti. Pegou e vibrou. Só ele vibrava naquela equipe!
Sete minutos depois, Vitinho, também de pênalti, fez o gol que deu a vitória que tirou momentaneamente o Colorado da zona de rebaixamento. Parecia que, dali em diante, uma grande virada aconteceria. Só parecia, porque a sequência todos nós conhecemos. Porém, mesmo em meio à derrocada que seguiu até dezembro, Danilo Fernandes adquiriu outro patamar junto à torcida do Inter, e muito por lances como o da noite do alento contra o Coritiba.
Além de técnico e vibrante, Danilo aparenta ter o DNA de jogadores com potencial para marcar a história de um clube. Quando surge a dificuldade, ele cresce. Quando tudo parece sem volta, ele resgata a auto-estima e empurra os companheiros para a reação. Quando todos se omitem, ele chama a responsabilidade para si. As provas estão dadas dentro de campo.
Por tudo isso, a notícia de que ele provavelmente seja o goleiro da decisão de domingo, contra o Novo Hamburgo, tem tudo para se eternizar na história do futebol gaúcho. No futuro, se o Inter confirmar o hepta, diremos aos nossos filhos e netos que o goleiro jogou a final com o dedo quase quebrado e que, mesmo numa das piores crises da nossa história, havia jogadores com personalidade como ele para erguer taças e tirar o clube do buraco.
Tive a certeza, naquela noite terrível contra o Coritiba, de que algo bem maior está guardado para Danilo no Inter. Para os céticos, lembro que Clemer foi de Belém do Pará, em 2002, ao Japão, em 2006. Alguém apostaria nisso na época?