O Inter tomou o caminho da esquerda. Ao menos para começar a arrumar o time na temporada 2017. Com a chegada de Carlinhos, de 30 anos, em fins de janeiro, buscado no São Paulo, na segunda onda de contratações no Beira-Rio, o técnico Antônio Carlos Zago ficou com "dois titulares" para a lateral-esquerda. Uendel, 28 anos, já havia desembarcado do Corinthians em Porto Alegre.
Dois jogadores com histórico vencedor, em grandes clubes, e que já haviam demonstrado versatilidade atuando em diversas funções. No Inter de Zago, Carlinhos e Uendel parecem ter sido feitos um para o outro. Eles carregam boa parte da esperança dos colorados em passar pelo Corinthians, nesta quarta fase da Copa do Brasil, no mata-mata que terá início às 21h45min desta quarta-feira, no Beira-Rio.
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A primeira experiência da dupla canhota ocorreu em meio à vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, pela Primeira Liga, no Beira-Rio. Carlinhos saiu do banco de reservas, substituiu Anselmo, e passou a se revezar em avanços pelo lado esquerdo com Uendel – que iniciou o jogo na lateral. De lá para cá, foram mais sete partidas com a dupla escalada como titular. Em duas delas, Carlinhos foi o jogador mais agudo, deixando Uendel na contenção. Com Carlinhos e Uendel em campo, o Inter soma seis vitórias e dois empates na temporada – com 16 gols marcados e cinco gols sofridos.
– Carlinhos e Uendel já fizeram as funções de lateral, de ala, de volante, de armador e até de ponta. Essa alternância entre eles é terrível para o adversários, pois confunde a marcação – diz o ex-capitão do Inter Bolívar.
Em 2006, o ex-zagueiro passou pela construção do time campeão da Libertadores. Para aproveitar o que tinha de melhor no elenco, Abel Braga se utilizou muitas vezes de uma formação com três zagueiros (Índio, Bolívar e Fabiano Eller), a fim de permitir que o virtuoso lado esquerdo criasse (com Jorge Wagner de ala e Alex no meio-campo).
– Jorge Wagner e Alex tinham grande qualidade técnica, mas Carlinhos e Uendel marcam bem mais. Como o Abel queria um time ofensivo, ele montou uma formação com nós três na zaga para dar segurança para que o resto do time atacasse. E isso está ocorrendo também no Inter de Zago: com a chegada do Edenílson, o Rodrigo Dourado está mais fixo atrás, dando confiança à equipe e liberando Carlinhos, Uendel, Edenílson e William para subir – comenta Bolívar.
Talvez o Gre-Nal da Arena seja o melhor exemplo da eficiência da dupla. A reação do Inter no clássico, com a virada no segundo tempo, teve muito da participação de Carlinhos e de Uendel pelo lado esquerdo. Naquela tarde, a equipe de Zago acabou não tendo a vitória consolidada porque Carlinhos sofreu uma lesão muscular – que o afastou do time por um mês –, deixando o Inter praticamente com um jogador a menos em campo, pois as três trocas já haviam sido feitas.
– Já havíamos contratado Uendel e, quando buscamos o Carlinhos, queríamos um jogador igualmente versátil, um canhoto que consegue jogar em diversas funções. São dois jogadores de alta qualidade e seria simplificar demais trazê-los para disputar posição na lateral-esquerda – afirma o vice de futebol do Inter, Roberto Melo.
Se o histórico recente de Inter e Corinthians é desfavorável aos colorados – dos últimos 17 jogos, a partir de 2009, quando os paulistas voltaram à Série A, são 11 vitórias corintianas e apenas três vitórias gaúchas; além de o Inter estar em reconstrução após o rebaixamento –, ao menos Carlinhos e Uendel conhecem o adversário como poucos. Carlinhos havia passado as duas últimas temporadas enfrentando o Corinthians pelo São Paulo. Já Uendel, estava no Parque São Jorge desde 2014, antes de chegar ao Beira-Rio.
– Carlinhos saiu do São Paulo com a imagem do lateral que apoia muito e que marca pouco. Já Uendel, não sabia marcar. Ele mesmo dizia isso, e aprendeu a defender com Tite. Juntos, compensando eventuais deficiências mútuas, formaram uma dupla sólida – analisa Mauro Cezar Pereira, comentarista dos canais Espn. – São jogadores que conhecem muito bem as virtudes e as deficiências do Corinthians, e isso pode ser uma vantagem no Beira-Rio – acrescenta.
Mauro Cezar lembra ainda que a dupla esquerdista colorada tem facilidade para desempenhar muitas funções em campo, mantendo uma boa média de atuações:
– Com o Osorio (o técnico colombiano Juan Carlos Osorio, que comandou o São Paulo em 2015), Carlinhos foi escalado até mesmo de ponta-direita. Ele queria um canhoto que atuasse pela direita, como o Robben, no Bayern Munique. Carlinhos foi bem, mas não teve continuidade. E Uendel evoluiu muito desde que trabalhou com o Tite. Por isso também essa mescla do Zago tem funcionado.
No grande desafio colorado da temporada até aqui, o caminho do Inter pode ser pela esquerda.
Os jogos do Inter em 2017 com a dupla Carlinhos-Uendel
Inter 1x0 Fluminense
Inter 1x0 Brasil-Pel
Inter 1x1 Caxias
Princesa do Solimões-AM 0x2 Inter
Inter 4x1 Oeste-SP
Grêmio 2x2 Inter
Inter 3x1 Cruzeiro-RS
Cruzeiro-RS 0x2 Inter
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