Rebaixado à Série C, o Sampaio Corrêa ainda está em reestruturação. O time que enfrentará o Inter nessa quarta-feira, no Estádio Castelão, tem uma folha salarial de R$ 250 mil, semelhante à do Passo Fundo, e muitíssimo inferior aos R$ 6 milhões mensais investidos pelo Beira-Rio na equipe de Antônio Carlos Zago. Presidente do Sampaio Corrêa há 10 anos, o deputado estadual pelo PSDB-MA, Sérgio Frota, aposta na recuperação do clube via Copa do Brasil.
Nessa entrevista a ZH, Frota elogia o Inter de Zago, conta que estava acertado com Roger Machado antes de o técnico fechar com o Grêmio, em 2015, e lamenta que o futebol brasileiro seja um reflexo da sociedade, com uma grande distância entre os clubes ricos e pobres. Confira os principais trechos da entrevista:
Quais as pretensões do Sampaio Corrêa nesse mata-mata com o Inter?
Veja bem. Montei um time que veio do rebaixamento da Série B para a C. Estou há 10 anos na presidência do Sampaio. Montei o time mais caro da história no ano passado, mas não deu liga. O Inter, que é uma potência, também caiu. Agora, montei um time muito regional porque ficou um passivo grande do ano passado. Tecnicamente, o Inter é melhor que o Sampaio Corrêa, mas vamos fazer o máximo para dificultar para o Inter aqui.
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Mas as diferenças econômicas entre os dois clubes são enormes.
Sim. Mas nem sempre time caro é um time bom. Futebol é conjunto. No ano passado, investi R$ 500 mil mensais no elenco da Série C e... caímos. Agora, meu time custa R$ 250 mil. O teto salarial do clube é R$ 15 mil. Vamos investir mais para a Série C porque queremos voltar ainda nesse ano para a Série B. Futebol é a coisa mais difícil de administrar. Um exemplo para vocês, do Sul: em 2015, perdi Roger Machado para o Grêmio.
Como assim?
Roger havia deixado o Novo Hamburgo e estava sem clube. Entrei em contato com ele, para que assumisse o Sampaio na Série B daquele ano. Ele pediu uns dias e, antes que voltássemos a conversar, o Grêmio o contratou para o lugar do Felipão. Sou um apaixonado pelo futebol do Rio Grande do Sul. Já contratei o Luís Carlos Winck como treinador. Acho que o Brasil de Pelotas é um clube muito organizado e que ainda vai crescer na temporada. Tenho observado o bom trabalho do Beto Campos no Novo Hamburgo, é um treinador muito competente.
Voltando ao Sampaio, quantos sócios têm o clube?
Já tivemos 3,5 mil. Agora, temos menos de mil associados. Mas a queda para a C desiludiu o torcedor. E ainda estamos mal no Estadual, perdemos o jogo no sábado. Contra o Inter, deveremos ter uns 20 mil torcedores no Castelão. Se estivéssemos bem, teríamos quase 40 mil torcedores.
Mas a presença do Inter em São Luís não entusiasma?
Aqui, para entusiasmar a torcida mesmo, só Flamengo e Vasco, que têm grande torcida local. Eu quero ver o D'Alessandro. espero que ele venha. Sei que o Inter está em reconstrução e vai subir esse ano, como o Vasco subiu no ano passado. Mas o torcedor colorado precisa ter paciência. Vai subir com facilidade para a A porque o nosso futebol é como a nossa sociedade: os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. O Inter tem muito mais dinheiro para investir do que qualquer outro clube da B.
O senhor se elegeu deputado estadual devido ao futebol?
A minha bandeira é a do esporte. Esporte é saúde, é inclusão social. Não sou político profissional. Tenho 10 anos como dirigente e cinco anos como político. Político só ganha dinheiro quando é ladrão e, aí, vão todos presos. Eu não vivo da política. E acho que o que atrapalha o Brasil é justamente a política.
* ZHESPORTES