O baiano Carlos Alberto Carvalho da Silva Júnior virou apenas Carlos quando começou a fazer gols e mais gols na base do Atlético-MG. Chegou à Cidade do Galo aos 14 anos, depois que um olheiro o viu jogando bola em Santos. Os números das categorias menores acabam sendo imprecisos, mas o atacante marcava em média um gol por jogo a cada temporada. Neste domingo, às 17h, ele conhecerá o interior gaúcho, ao enfrentar o Passo Fundo, no Vermelhão da Serra.
– Acabei virando só Carlos porque já havia muitos outros Carlos Alberto no clube. Começaram a me chamar só de Carlos e acabou pegando – justifica o camisa 11 do Inter.
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Aos 21 anos, Carlos é pai de Pietro, cinco meses, e casado com Bianca, com quem namora desde 2014. A dupla chegou nesta semana a Porto Alegre. Ainda que a sua carreira no Beira-Rio esteja no começo, o atacante tem esperanças de permanecer na cidade para 2018. Para isso, o Inter precisará comprá-lo ao Atlético. Dono de 35 tatuagens, de tribais a Homer e Bart Simpson, Carlos conversou com ZH nesta tarde desta sexta-feira. Contou que aprendeu com os medalhões do Atlético Robinho, Fred e Pratto a melhorar as conclusões a gol e que, agora, no Inter, está jogando em sua verdadeira posição. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como está sua adaptação a Porto Alegre?
Estou começando a conhecer a cidade. Minha esposa e meu filho chegaram a Porto Alegre nesta quinta-feira. E aqui, no clube, está dando tudo certo. Estou começando a conhecer a cidade e vou levá-los para conhecer os pontos turísticos.
Por que Carlos Alberto virou apenas Carlos?
Acabei virando só Carlos porque já havia muitos outros Carlos Alberto no clube. Começaram a me chamar só de Carlos e acabou pegando.
Como foi a sua decisão de deixar o Atlético-MG e vir para o Inter jogar Série B?
Minha escolha foi para sair de um time grande para ir para outro time grande. Não importa o que o Inter esteja disputando, o que vale é a história do clube. Então, como saí de um grande, minha esperança era ir para outro. E apareceu o Inter, não pensei duas vezes. O Inter, sendo um time grande, vai brigar para ser campeão e subir. Quero disputar todos os campeonatos, mas para ser campeão.
A concorrência no ataque vai aumentar com a chegada de William Pottker e Marcelo Cirino. Como você vê essa disputa?
Isso é bom, porque sempre tem uma disputa no ataque. Venho para ajudar. E, se eles vierem, vai ser positivo. É sempre bom.
Teve algum tipo de dificuldade neste início de temporada?
No ano passado, terminei o ano e não joguei muito. E, quando joguei, foi pela beirada. Esse ano, estou jogando na posição que eu mais gosto. Querendo ou não, você vai começando se adaptar. Tem umas coisinhas que eu a gente esquece e vai lembrando. No jogo, antes, eu pegava a bola, arrastava. Agora, não. Chego, finalizo de primeira. Uma coisa ou outra tenho que parar e pensar.
Você é tido como um dos maiores goleadores da base do Atlético-MG. Jogava de uma maneira e, quando subiu ao profissional, Levir Culpi mudou um pouco o seu posicionamento. Qual é a sua preferência?
É assim como o Zago está me colocando. É onde eu mais gosto, como centroavante. Como eu estava jogando de ponta, voltava para marcar. De centroavante agora, esqueço. Vejo o adversário com a bola e quero marcar. Gosto disso. Então, a marcação começa comigo, ali na frente. Mas procuro sempre estar perto do gol.
Em recente entrevista para a Zero Hora, o auxiliar da comissão permanente, Diogo Giacomini, revelou que não era desejo de Roger Machado que você saísse. Como convenceu o treinador do Atlético-MG que seria melhor para você?
É, isso. Eles falaram que eu era um centroavante que movimentava mais, que nunca ficava parado. Mas falei que eu era um moleque novo, fazia pouco que eu tinha subido. Tinha Pratto, Rafael Moura e Fred e, para a minha posição, eu não me sentia favorável. Pedi para pegar experiência para voltar, e voltar bem.
Pretende voltar ao Atlético-MG?
Inter tem a possibilidade de compra ao fim do empréstimo. Espero que dê resultado em campo. Quero fazer história aqui.
Deu para aprender algo com Robinho, Fred e Pratto?
Sim, muito. Antes, eu finalizava sem olhar para o goleiro, ia afobado. E comecei a olhar como era com Robinho, Fred e Moura. É muita calma, muita tranquilidade. E eu pensava: "pô, marcador vem por cima de mim como um leão e em cima dos caras, param". Mas é respeito, né? Os caras já conquistaram. Então, eu pensava que, quando eu pegar a bola na frente da área, para ter mais tranquilidade, antes de finalizar, olhar o goleiro. tinha que ter mais tranquilidade. O que eles fazem é simples, mas muda muito.
E isso se dá no treino ou no jogo?
É no treino. Muito treino. É o que eles mais fazem lá. Aqui, também. Termina o treino, chamam dois ou três atacantes para ficar treinando. Eu fico ali, faço uns treinos extras para melhorar a posição que eu jogo.
O esquema 4-2-3-1 é o que mais te favorece?
Sim. É bom que, quando eu estou na frente, sempre vai ter mais gente por trás, para dar opção, fazer parede. É sempre melhor.
O interior gaúcho pode ser tão complicado quanto o mineiro?
Sempre quem vai pra lá, para Minas, diz que os times do interior são difíceis.
Na Série B, o que esperar de adversários que você conhece bem, como América-MG e Boa-MG?
O time do América virá forte, acho até que melhorou da Série A para a Série B, por incrível que pareça. Se reforçou, vai ser difícil. Do Boa, sei pouco. Mas sempre que jogamos lá foi bem complicado.
E essa sua paixão pelas tatuagens?
Eu sou apaixonado por tatuagem. Tenho 35 e quero fazer mais 30. Sempre que eu vejo algo bonito e que me interessa, faço. Quando iniciei no profissional, fiz o número 13. Era a minha camisa. Tenho um terço, mas agora estou cobrindo. Ainda vou fazer o nome do meu filho Pietro, de cinco meses. A primeira tatuagem foi aos 16, 17 anos.
Você é baiano, como foi parar aos 14 anos no Atlético-MG?
Eu estava em São Paulo. Tenho família em Santos. Fiquei na casa da minha vó e disputei um campeonato. Um empresário me perguntou se eu queria continuar com a carreira, respondi que era o meu sonho e fiz teste no Atlético-MG.
Você é de Santaluz, sertão baiano, o que tem para fazer lá?
Quase nada (risos). A economia da cidade é baseada em cima do ouro, né? Junto com Nordestina, cuja economia é baseada na extração de diamantes.
Você surgiu bem no clássico de Minas. Fez dois gols na vitória por 3 a 2 diante do Cruzeiro. O que espera do clássico Gre-Nal?
Eu sei que clássico é sempre difícil. Não importa que o Inter esteja na B e o Grêmio, na A. Fica parelho, os dois times crescem. O que manda é a camisa. É bom jogar clássico, porque nenhum pipoca.
Porque você disse que marcaria 22 gols pelo Inter?
Eu disse 22 porque marquei 21 pelos profissionais do Atlético-MG. Então, cada novo clube, quero superar a meta.
Nós não encontramos o número de gols feitos por você na base. Você sabe quantos marcou?
A cada ano eram 45 jogos e 45, 46 gols. Dizem que fui um dos maiores artilheiros da base. Com 16 anos, subi para o sub-20, joguei competições, já era artilheiro. Nunca parei para contar.
A campanha do Inter no Gauchão é fraca até agora. O que Zago tem pedido a vocês?
Ele pede para ter tranquilidade, que na hora certa vai vir. Quando começarmos a engrenar, vai dar. Sabemos que o Gauchão não é fácil. Nós empatamos com um time que foi lá e ganhou do Grêmio, para você ver a importância do Gaúcho.
Já pensa em convocação para a Seleção?
Sim. Para este ano é difícil, mas não impossível. Então, quero primeiramente ser titular no Inter, marcar os meus gols e ajudar. A Seleção é segundo plano, consequência.
* ZHESPORTES