A vitória do Inter sobre o Fluminense, pela Primeira Liga, serviu para reanimar o ambiente do Beira-Rio, após a apreensiva derrota para o Novo Hamburgo, no Gauchão. A partida mostrou ainda algo mais importante: uma mudança no plano tático de Antônio Carlos Zago. Com os três volantes, Anselmo, Charles e Rodrigo Dourado, o treinador conseguiu dar maior solidez defensiva ao time e força para o ataque. Anselmo se manteve por mais tempo à frente dos zagueiros, permitindo que Charles e Dourado se transformassem em presença constante no setor ofensivo.
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No Beira-Rio, a formação de um time com três volantes teve início modernamente com o adversário de quarta-feira: Abel Braga. Foi ele quem montou o time a partir da temporada 2006 com Edinho, Tinga e Alex. Depois, no Mundial, já sem Tinga, com Edinho, Wellington Monteiro e Alex. O resto da história é bem conhecida.
Contando com pelo menos dois volantes com qualidade para sair jogando, o Inter ingressou em sua Era de Ouro, na década passada. Em 2008, com mais pegada e um pouco menos de virtuosismo, Tite montou o time campeão da Copa Sul-Americana com Edinho (com o então novato Sandro sendo lançado em alguns jogos), Guiñazu e Magrão. Em 2010, já com Celso Roth, a semifinal da Libertadores foi disputada com Sandro, Guiñazu e Tinga, repetindo a fórmula de sucesso da América em 2006.
– Contra o Fluminense, o esquema com os três volantes funcionou, até porque Charles e Dourado foram os melhores em campo. Anselmo teve muitos erros de passe, não fez boa partida, mas liberou os outros dois. E esse tripé deu conforto a D'Alessandro jogar o seu melhor futebol. E, para D'Alessandro ser usado na plenitude, esse esquema funcionou – entende o comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha Maurício Saraiva.
O Inter não contava com dois volantes com boa saída de bola desde a Libertadores de 2015, quando Dourado e Aránguiz formavam uma parceria no meio-campo, se transformando em trio em determinadas partidas, com a entrada de Jorge Henrique na equipe de Diego Aguirre. O Inter acabou eliminado pelo Tigres na semifinal e Aránguiz deixou o Beira-Rio. Agora, ao que tudo indica, Dourado tem em Charles um novo companheiro a sua altura.
– O Dourado é muito inteligente, um jogador com potencial gigante. A gente procura nos treinos fazer as tabelas e deu certo – explica Charles.
Na desastrosa campanha de 2016, Argel Fucks chegou a montar um meio-campo com três volantes: Dourado, Fernando Bob e Fabinho. Essa formação perdeu o Gre-Nal do primeiro turno por 1 a 0. Por isso, Maurício Saraiva pede cautela:
– A minha dúvida a partir de agora é: esse sistema funcionará contra o Caxias, que vai ficar esperando o Inter atacar para contra-atacar? Será que dará certo? Tenho sérias dúvidas, mas o Inter tem de ter um Plano A e um Plano B. Zago está fazendo testes para encontrar um time ideal até o Gre-Nal (de 5 de março).
*ZHESPORTES