Alex caminha com a bola dominada na intermediária de ataque. Conduz a pelota em velocidade, com curtos toques de perna esquerda. Atrás dele, dois marcadores tentam alcançá-lo antes que seja tarde. À sua frente, dois outros aparecem para tentar bloquear seu caminho. Dali, são uns 30 metros até a goleira adversária. Enquanto vê a jogada se desenhar, o torcedor colorado tem apenas uma certeza na vida:
Vai ser gol.
O chute é mera formalidade. O tiro sai rasante, violento, preciso. A rede do Boca Júniors ainda balança enquanto o camisa 10 dispara aos sorrisos para receber o abraço dos companheiros de time. O Inter abria o placar do confronto contra os argentinos no Beira-Rio.
Meia hora depois, repeteco. Alex. Perna esquerda. Intermediária. Adversários desesperados. Torcedor colorado tranquilo: "vai ser gol". E foi. Um golaço. Chute forte, alto, cruzado, longe do alcance do arqueiro argentino. Dois a zero, dois de Alex.
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Se fosse egoísta, o Alex de 2008 pediria para bater tudo. Escanteio, tiro de meta, falta no campo de defesa... Bateria e marcaria. Afinal, não havia outro caminho para qualquer arremate que ele tentasse àquelas alturas. Vê-lo com a bola dominada, puxando para a canhota, era certeza de alegria. O juiz, se quisesse, já poderia dar bola ao centro assim que ele armasse a finalização. Pouparia os inúteis esforços de zagueiros e goleiros.
Naquele ano, Alex personificou algo que nós não tínhamos há uma década (e, provavelmente, passaremos outros dez anos sem ver novamente): o "apelão". No video-game, esta é a palavra atribuída àquele jogador que, por ter habilidades muito superiores às dos outros bonequinhos, tira a graça da jogatina. Alex era o "Roberto Carlos no ataque" da vida real.
Pelo Inter, foram 12 títulos, 323 partidas e 78 gols. Alex levantou a América (Libertadores e Sulamericana). Alex derrotou o Barcelona em Yokohama. Alex trucidou o Boca Júniors. Alex comandou o Inter naqueles 4x1 contra o Grêmio em 2008 e 2014. Alex foi camisa 10. Alex foi capitão.
Foram tantos anos e tantas glórias que a última temporada não será nada além de nota de rodapé de quem quiser analisar a sua trajetória no Inter. Daqui a alguns anos, quando esta tempestade tenebrosa e triste passar, vamos olhar para trás e nos lembrar da única certeza que tínhamos na vida quando Alex engatilhava o zurdazo:
Vai ser gol.
Obrigado por tudo!
*Marcelo Carôllo é assistente na editoria de vídeos de ZH e colabora com o Blog Torcedor Colorado ZH
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