Mesmo no comando do Fluminense, Abel Braga fala do Inter como se estivesse em Porto Alegre. O técnico usa o pronome "nós" quando fala do clube e não esconde o seu sentimento pelo time do Beira-Rio. Em entrevista ao programa Show dos Esportes desta terça-feira, Abel voltou a lamentar o rebaixamento colorado – e destacou que a responsabilidade maior cabe toda ao presidente Vitorio Piffero e à direção.
– Tudo aquilo que estava ao alcance dos jogadores foi tentado. O antídoto mais forte, que foi o apoio do torcedor, não faltou. Um incentivo inacreditável. Vi uma entrevista do presidente no final do ano, em que ele assumiu a responsabilidade. Foi digno, correto. Pelo menos desta vez, não vai se culpar treinador, jogador, porque é óbvio que a maneira que foi feita foi muito errada – disse Abel.
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Ainda muito identificado com o Inter, o treinador destacou a sua mágoa com a opção de Piffero por não mantê-lo no clube em 2015, após ter garantido a classificação à Libertadores, e disse que o desempenho nos anos anteriores já servia como aviso para um possível risco de queda à Série B.
– Já tinha um certo aviso, no ano anterior ao meu, que só ficou vivo na última rodada. Foi um aviso. Não mexemos muito no grupo, e pela campanha todo mundo dizia que tinha de mudar, tirar o pessoal mais antigo. Falei: "deixa os caras que a gente vai resolver". Conquistamos o Gauchão e o terceiro lugar no Brasileirão, foi um ano bom. Pensava que, depois de terminar em terceiro, ia poder mexer na equipe, preparar para o ano seguinte. Eu tinha a convicção de que a gente ia conseguir uma Libertadores. Aquilo me chateou muito, mas cada um sabe o que quer.
Abel fez questão de elogiar a atual direção e lembrou do seu trabalho com Marcelo Medeiros e Roberto Melo em 2014.
– Vai voltar rápido, o trabalho está sendo feito com os pés no chão. O pessoal foi muito claro: quer contar com quem quer tirar o Inter deste momento. E vai conseguir, não tenho dúvida disso. O Inter não pode, de maneira nenhuma, lamentar o passado, o ontem. Senão vai deixar de conseguir o que quer no futuro. Isso passou. Tem que provar as coisas ruins para saber o que é bom, e o que é ruim não será repetido – filosofou.
O técnico voltou a ressaltar, por fim, a sua relação com o Inter – e disse que um dos principais pontos que o chateou no rebaixamento foi ter dado munição para a corneta dos torcedores do Grêmio.
– O meu lado colorado, das tantas vezes que passei por aí... Tenho muito orgulho deste clube. E me chateou muito. A gente curte muito esse negócio. Sou totalmente vermelho. Acho que se aprendeu bastante, e com certeza não vai voltar a acontecer. Falo de coração, por mim e por milhões de colorados. A única coisa ruim foi ir para a Segunda, onde o Grêmio já passou, e dar um prazer que a gente não queria dar a eles. Isso dói. Antes, eles tinham o Mundial, e aí nós conquistamos. Agora temos que aguentar isso – brincou.
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