O novo presidente do Inter, Marcelo Medeiros, participou do Paredão do Guerrinha neste sábado. Ele relembrou o início de sua vida no Inter, a atuação na administração Luigi, as críticas a Piffero e projetou o ano de 2017, quando retorna ao clube.
Confira os principais trechos:
A paixão pelo Internacional
A paixão pelo clube é comum a muita gente. O avô que leva o neto, o pai que leva o filho. Sempre tive laços familiares intensos e íntimos com a vida do clube. Pra mim era natural entrar no vestiário e conhecer jogadores. Quando comecei a conhecer o Inter, o Beira-Rio não estava pronto, eu entrava com meu avô, nos Eucaliptos, e meu pai e meu tio faziam parte da diretoria. Nos anos que o Inter teve destaque no Nacional, no Robertão, onde o Inter jogava no Olímpico. Foi o início da minha vida como torcedor. A gente tinha o hábito de acompanhar a obra do Beira-Rio. Fui ao festival de inauguração. Desde menino indo a jogos.
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O início na vida política do clube
É muito bom ser torcedor. É bacana a energia de ir ao estádio, vibrar, fazer festa, criticar, xingar quando está descontente. Pra mim o domingo perfeito é ganhar o Gre-Nal, sair pela rampa vendo o Guaíba emoldurando o Beira-Rio. Quando, em 1988, recebi o convite do presidente Zachia que quis homenagear ex-presidentes homenageando os filhos para o conselho, naquela época não havia voto direto, fomos eu João Patrício, Arnaldo Balvet e Kiko Asmus. Daquele grupo ficaram eu e o João, fazemos 28 anos do conselho.
Hoje estamos novamente juntos, com ideias parecidas. Foi esse amadurecimento no conselho, no ano 2002, quando o Fernando assumiu, fiz a proposta para me dedicar o clube. Para isso a vida profissional e pessoal tem que te proporcionar e deixar tranquilo. Fui para a base, durante o período que o Fernando foi presidente. Quando o Vitório entrou eu sai, nunca tivemos muita afinidade quanto a forma de trabalho. O Giovanni me convidou e desde 2012 respiro Internacional todos os dias.
A primeira experiência no time principal
A convivência em um departamento de futebol é uma experiência que não sei se algum curso superior pode te dar. Estudar, aprimorar, sempre ajuda. Mas administração de crise, de grupo, convívio com a mídia e intensidade, popularidade que o futebol exige, é um segmento que só grandes clubes têm. Isso dá maturidade, paciência e uma capacidade de conviver com o nível de exigência.
É uma experiência muito rica. Fomos eleitos em 2012 e 2013 seria o ano do Beira-Rio fechado. O presidente Giovanni propôs, fez um convite a mim e outro companheiro para dividir a diretoria de futebol. Foi um grande aprendizado pelas dificuldades de jogar fora. Foram 69 partidas longe de Porto Alegre. É uma experiência rara.
A experiência do Inter longe do Beira-Rio
Se tu pensar que tu tens um mês de férias e um mês de pré-temporada, 69 rodadas em 10 meses é muito tempo viajando, fora de casa. A gente fez uma contagem que a gente chamava de muito tempo de confinamento, longe da família, onde eles encontram equilíbrio emocional. Foi desgastando muito. Aquela queda de qualidade, de competitividade, foi nas últimas rodadas e o Clemer foi fundamental. Agradeço ao Dunga, mas o desgaste natural, fisicamente falando, pelo excesso de viagens, foi fundamental para que a queda ocorresse, mas os remédios surtiram efeito e em 2014 conseguimos uma melhora.
A eleição contra Piffero
Acho que são vários fatores. Em 2014, o currículo do Vitório era maior que o meu. A bagagem, pelos anos, por ter feito parte de diretorias competentes, era maior do que o meu. Seria uma arrogância não reconhecer. O outro aspecto é que não fizemos campanha de ideias para apresentar algo contra o Vitório. Aquela temporada terminou em um sábado, contra o Figueirense, vitória no último minuto com vaga na Libertadores. É pouco para os anseios da torcida. Mas é muito para continuidade do trabalho e a projeção institucional da equipe. A eleição foi no outro sábado. Só fui a Montenegro e a Canoas, não tive a chance de ter contato com sócios distantes.
Atuação no conselho após a eleição
De 2014 a 2016, no primeiro semestre procurei ter uma postura atenta e silenciosa no conselho deixando espaço para a direção trabalhar. Sem oportunismo para me destacar. O gestor que chega com respaldo das urnas precisa de um período de credibilidade. Ao longo do tempo fiz críticas construtivas e hoje estamos aqui, aguardando a posse para assumir a presidência.
Assumir o Inter na segunda divisão
É uma pergunta complicada. Quando tu tens um processo estatutário para te habilitar a presidência, que começa em novembro. Naquele momento tu credencia teu nome, é ali que tu te habilita. Não dá para voltar atrás. Sempre acreditei, meus familiares cobravam, mas eu dizia que ia dar certo. Foi a ilustração do paciente mal, que dá sinais de melhora e no domingo vivemos o pior dia da nossa história.
Mas, a nossa determinação, dos nomes que foram apresentados essa semana para o futebol, nos conforta e nos animam, porque todos estão determinados. Temos certeza que a torcida está determinada a apoiar o clube, o time. Vamos voltar de uma forma reta, honrosa. Com a coluna vertical e a cabeça em pé para onde não deveria ter saído.
A escolha de Antonio Carlos
Esse ano a gente acompanhou todos os campeonatos. Temos o hábito de nos reunirmos eu, o Roberto e o Alexandre. O Antonio Carlos fez um Gaúcho muito bom. A Copa do Brasil foi uma injustiça não ter passado do Atlético. A forma de jogar dele, as mudanças na equipe, as entrevistas. Teve uma entrevista que ele estava dando e perguntaram o que ele achava das reciclagens dos treinadores na Europa.
Ele disse que reciclagem não existe. Ir para a Europa, assistir jogos e treinos não serve. O importante é estudar. Aguardávamos o resultado das urnas para ter legitimidade. A ideia era no domingo da eleição ter uma conversa com o presidente do Juventude, em Caxias. Por conta da agenda conversamos pelo telefone. É uma relação que os presidentes precisam ter. Fechamos a conversa no final da noite e na segunda-feira anunciamos o Antonio Carlos.
*GAÚCHA