
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado (10) que Índia e Paquistão chegaram a um acordo para um “cessar-fogo total e imediato”, após uma noite de negociações mediadas por Washington.
A trégua ocorre após dias de confrontos entre as duas potências nucleares do sul da Ásia, que vinham trocando mísseis, drones e bombardeios desde o início da semana.
“Após uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos, tenho o prazer de anunciar que a Índia e o Paquistão concordaram com um CESSAR-FOGO TOTAL E IMEDIATO. Parabéns a ambos os países por usarem o bom senso e a grande inteligência”, escreveu Trump na plataforma Truth Social.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou o acordo e elogiou a decisão dos dois governos.
“Os governos da Índia e do Paquistão demonstraram prudência ao evitar um conflito maior e iniciarão negociações sobre uma série de questões em um local neutro”, declarou na rede social X.
Rubio destacou ainda que conversou diretamente com os chanceleres dos dois países na manhã deste sábado. Ele agradeceu ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi e ao premiê paquistanês Shehbaz Sharif “por sua sabedoria, prudência e estadismo na escolha do caminho da paz”.
O Paquistão confirmou oficialmente o acordo. Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores, Ishaq Dar, disse que a trégua entra em vigor “com efeito imediato” e reafirmou o compromisso do país com a estabilidade regional.
“O Paquistão sempre se esforçou pela paz e segurança na região, sem comprometer sua soberania e integridade territorial”, escreveu.
Até o momento, o governo indiano não se manifestou publicamente sobre o cessar-fogo.
Escalada na tensão
O anúncio ocorre após um dos episódios mais violentos entre Índia e Paquistão desde o início dos anos 2000. A crise começou em 22 de abril, quando um atentado matou 26 turistas na parte indiana da Caxemira. Nova Délhi culpou o grupo extremista Lashkar-e-Taiba, com base no Paquistão — o que Islamabad negou.
Na quarta-feira (7), a Índia bombardeou o que chamou de "campos terroristas" em solo paquistanês, desencadeando uma escalada rápida de hostilidades. Desde então, os dois lados trocaram mísseis, drones e disparos de artilharia, com mais de 50 civis mortos, incluindo mulheres e crianças, segundo balanços oficiais.
Na madrugada deste sábado, o Paquistão acusou a Índia de atacar três bases aéreas com mísseis — uma delas próxima à capital Islamabad. O exército paquistanês afirmou que “a maioria dos mísseis” foi interceptada, mas prometeu retaliar.
A cidade de Rawalpindi, onde ficam os quartéis-generais das forças armadas e dos serviços de inteligência, também foi atingida.
Do lado indiano, autoridades relataram a presença de drones em regiões fronteiriças da Caxemira e no estado de Punjab. Ambos os lados negaram responsabilidade direta por alguns dos ataques.
O G7 e países como Irã e Reino Unido haviam feito apelos por moderação. Já o vice-presidente americano, JD Vance, declarou na sexta-feira (9) que os EUA “não se envolveriam em uma guerra que, em essência, não é nosso problema”, mas que apoiavam uma solução pacífica.
A Caxemira, região de maioria muçulmana, é disputada por Índia e Paquistão desde 1947, quando ambos se tornaram independentes do Reino Unido. Os países já travaram três guerras — duas delas por disputas relacionadas ao território.