Jeovânio não joga mais futebol. Aos 39 anos, está começando a carreira como agente de jogadores. Trabalha na empresa Flashforwards, que tem como um dos proprietários Daniel Alves, lateral da Juventus e da Seleção. O ex-volante gremista, que participou da subida tricolor da Série B para a A em 2005 e do terceiro lugar no Brasileirão de 2006, mora em Goiânia.
Leia mais:
Zago é apresentado no Inter: "Espero contar com o D'Alessandro"
Leonardo Oliveira: a primeira vitória de Zago no comando do Inter
Diogo Olivier: Antônio Carlos fez bem em abordar ele mesmo o caso de racismo
Está estudando, quer seguir carreira na gestão. Tem saudade do Grêmio. Mesmo tendo rodado o país (passou por Figueirense, Santa Cruz, Palmeiras, Atlético-GO, entre outros) e até jogado na Europa, no Valenciennes-FRA, são as lembranças do Estádio Olímpico que estão guardadas com mais carinho. Vibrou com o título da Copa do Brasil, muito pelo sucesso de Maicon, seu colega nos tempos de Figueira.
Mas foi por outra razão que seu nome reapareceu, e justamente no rival do Grêmio. Com a confirmação de Antônio Carlos Zago como técnico do Inter, voltou à pauta o caso de racismo envolvendo os dois jogadores, em 2006, quando o treinador era zagueiro do Juventude e ofendeu o então camisa 5 tricolor.
Partiu do próprio comandante colorado, antes da entrevista de apresentação, o pedido de desculpas e o arrependimento pelo gesto. Dez anos depois, Jeovânio perdoou o ex-zagueiro. Desejou sucesso. Ele conversou com Zero Hora.
Você e Antônio Carlos já conversaram?
Eu não tenho nada contra a pessoa do Antônio Carlos. Foi um momento de besteira, que aconteceu. Depois disso, conversei com o Pereira, que jogou comigo no Grêmio e foi atleta dele no Juventude. E o Pereira mesmo me disse: "o Antônio falou que o maior arrependimento da vida dele é esse". E eu acredito. Porque é o tipo de coisa que não se faz. Claro que ainda mexe muito comigo, mas já ficou para trás. Nunca conversamos sobre isso, nem ele me ligou nem eu fui atrás. Naquela época, só fiquei sabendo quando cheguei em casa, e meu filho me falou. Na verdade, não tenho nada para dizer para ele. Só agradeço a Deus que meus filhos estão bem, que estamos todos bem. E que ele está seguindo a vida da forma que tem que seguir. Tomara Deus que ele consiga alcançar os objetivos no Inter. Não torço para que nada dê errado na vida dele, pelo contrário.
Assim como fez Antônio Carlos, você também fala em Deus. A religião tem a ver com essa atitude de deixar a vida seguir?
A gente não pode parar no tempo. Ele também passou por problemas, o assunto racismo foi lembrado quando ele estava sendo procurado por Palmeiras e Vasco. Ele vai levar isso para o resto da vida. Desejo tudo de bom para ele nesta oportunidade.
Que lição fica?
Olha, meu filho também é branco. O que posso transmitir para meus filhos é que não é porque o cara faz alguma coisa errada que vira uma má pessoa. Não é porque fiz mal para alguém que eu seja uma má pessoa. Não é assim. Ele tem qualidades. O Antônio Carlos também é pai. Aliás, quem sou eu para falar alguma coisa para o Antônio Carlos? Ele é um vencedor, foi multicampeão. Ele sabe, também passou por situação assim, na Itália (na verdade, quando jogava na Roma, Zago e familiares foram agredidos por torcedores da Lazio em um restaurante, pouco depois de uma desavença com Simeone). Insisto: torço muito para que ele tenha sucesso na carreira.
Acompanhe o Inter através do Colorado ZH. Baixe o aplicativo:
*ZHESPORTES