A uma rodada do fim do Brasileirão, e com risco iminente de cair para a Série B, o Inter se agarra a todas as possibilidades para se manter na elite nacional. Mandar a campo o time do departamento jurídico é uma delas. O ingresso no STJD, provocando a procuradoria-geral para que se posicione no caso Victor Ramos, alegando irregularidade na inscrição do zagueiro do Vitória, é a tentativa, fora dos gramados, de não cair.
O caso, que já havia sido levantado pelo Bahia durante o campeonato baiano, veio à tona por conta da documentação de 42 páginas entregue pelo Inter ao STJD sobre supostas provas que confirmariam "má-fé" do Vitória na inscrição do zagueiro. Nesta quinta-feira, Zero Hora teve acesso à troca de e-mails entre o diretor de registros da Confederação Brasileira de Futebol, Reynaldo Buzzoni, e o chefe de Registros e Contratos do Vitória, Edson Vilas Boas, em que a CBF orienta o Vitória a registrar Victor Ramos via internacional.
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Veja a troca de e-mails entre o diretor de registros da CBF e o Vitória sobre caso Victor Ramos
Entenda o caso:
Após seu empréstimo ao Palmeiras pelo Monterrey, do México, ter se encerrado em dezembro de 2015, Victor Ramos foi anunciado pelo Vitória-BA em 14 de fevereiro deste ano.
Mesmo com o fim do empréstimo, o zagueiro seguiu registrado no TMS (sistema de transferências da Fifa) como jogador do Palmeiras, com contrato ativo com o clube paulista.
Em vez de cumprir os passos de uma transferência internacional, a transação com o Vitória seguiu os trâmites de uma negociação entre clubes do mesmo país.
O Vitória alega que a negociação foi nacional. O argumento é que, ao final do empréstimo de Victor Ramos ao Palmeiras, em dezembro de 2015, o ITC (Certificado de Transferência Internacional) não saiu do Brasil. A Federação Bahiana de Futebol (FBF), na ocasião, teve a mesma a visão sobre o caso.
A CBF, por meio do diretor de registro, Reynaldo Buzzoni concorda que a negociação foi nacional, uma vez que o Monterrey deu uma autorização para a entidade brasileira fazer a transferência direta do Palmeiras para o Vitória.
O Inter, no entanto, alega que o Vitória escalou de forma irregular o zagueiro em 26 jogos do Brasileirão e pede que o caso seja enquadrado de acordo com o Artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de escalação irregular de atletas e prevê como pena, em caso de condenação, perda de pontos.
Por isso, o clube ingressou no STJD pedindo que a procuradoria-geral se posicionasse no caso Victor Ramos. O Inter entende, segundo documentação de 42 páginas entregue aos tribunais, que o Vitória agiu de má-fé, já que deu entrada no processo de inscrição internacional e desistiu.
Na segunda-feira, a procuradoria do STJD, através de seu titular, Felipe Bevilacqua, pediu explicações ao clube baiano e à CBF a respeito do caso e deu prazo de 48 horas.
O prazo concedido ao Vitória e à CBF encerrou às 19h de quarta-feira. Com as alegações do clube baiano e da entidade, o STJD decidirá aceita ou não a denúncia. É possível que Bevilacqua se pronuncie já na quinta-feira. Nesta quinta-feira, Zero Hora divulgou os e-mails entre o diretor de registros da Confederação Brasileira de Futebol, Reynaldo Buzzoni, e o chefe de Registros e Contratos do Vitória, Edson Vilas Boas. Nas mensagens, a CBF instrui que o Vitória faça o procedimento internacional, ao contrário do que disse Buzzoni em entrevista à Rádio Gaúcha na terça-feira, quando viu como regular a inscrição nacional feita pelo time baiano.
A CBF não se manifestou após o vazamento dos e-mails. Disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que falará apenas após o parecer do STJD.
* ZHESPORTES