Daqui a três dias, o Inter celebra 10 anos da conquista do Mundial de Clubes em 2006. A comemoração pelo maior título da história do clube, no entanto, vem em um momento diametralmente oposto àquele vivido no Japão. O rebaixamento à Série B do Brasileirão, confirmado no último domingo, ainda machuca os colorados. E não é compreendido nem mesmo por quem passou pelo Beira-Rio nos melhores momentos vermelhos.
Índio, Clemer e Perdigão estiveram em Yokohama na vitória sobre o Barcelona. Bolívar foi titular nas duas Libertadores – como capitão em 2010 –, e Magrão faturou a Sul-Americana em 2008. Todos viveram o auge com a camisa colorada. Por isso mesmo, não conseguem encontrar uma resposta à pergunta que não cala nos ouvidos colorados: como o Inter foi rebaixado?
– É complicado. O Inter é uma potência, com as condições que tem. Sou colorado, os maiores títulos ganhei aqui. Mas foram vários pontos. Parecia que o Brasil torcia contra o Inter – tentou explicar Clemer, na terça-feira, durante o lançamento de um projeto social capitaneado por Índio. O ex-goleiro, atualmente técnico, comparou a situação com 2002, quando o clube quase foi rebaixado. – Nosso time naquele ano era bem inferior tecnicamente, montado ao longo do campeonato, mas a gente jogava sempre com raça. Dava tudo dentro de campo. No último jogo, tínhamos que fazer a nossa parte, era o mínimo. Fizemos, e conseguimos escapar. Agora, não, você via que o time não funcionava. É uma pena, mas era uma morte anunciada.
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Magrão, titular do meio-campo colorado na conquista da Sul-Americana em 2008, com Tite, e na campanha do vice da Copa do Brasil do ano seguinte, ressaltou que o Inter apostou em jogadores que não conseguiram corresponder no momento em que o clube precisava.
– Tem jogadores que fizeram bons campeonatos em outros clubes, mas não estavam prontos. A cobrança aqui é muito grande. Joguei em São Paulo, e lá é diferente, mesmo no Corinthians e no Palmeiras. Meu diagnóstico é de que alguns jogadores não estavam preparados. Em equipes menores, podiam estar bem, mas em time grande é preciso ter algo mais.
Perdigão também achou difícil encontrar uma explicação para a queda. O volante, xodó dos colorados nas campanhas de 2006, destacou que o mais importante é trabalhar com a compreensão de que o campeonato no ano que vem será bem diferente do que o Inter está acostumado.
– É difícil falar de fora. No meio do percurso, não saiu da melhor maneira. Um clube desta grandeza... Desejo sorte ao clube, a essa torcida, o clube do povo, que já deu mostras de ser fantástica. Agora é hora de poucas palavras e de trabalhar. A Série B é coração, emoção, transpiração. A camisa faz diferença, mas os times menores vêm mais fortes. Eles vão enfrentar um campeão do mundo e vão dar a vida. O nível de entrega pesa muito – afirmou.
Bolívar, por sua vez, lamentou a queda e fez questão de pedir apoio à torcida. Prestes a iniciar a carreira de técnico – já acertou períodos de observação em diversos clubes pelo Brasil em 2017 –, o capitão na conquista do bi da Libertadores disse que o momento é de tristeza.
– Você entra no Beira-Rio, vê uma estrutura dessas, e agora está na Série B. Ficamos tristes. Os jogadores falaram do ano péssimo. Mas o torcedor vai comprar a ideia, vai lotar o estádio. Ele fica chateado, mas vai encher o Beira-Rio no ano que vem.
Se os motivos para a queda são diversos, e a expectativa é de dificuldades com a diferença que faz jogar a Série B, os ídolos colorados foram unânimes: o Inter voltará à elite em 2018.
– A direção já fez bem. O Antônio Carlos, pela sua experiência no Juventude, será fundamental. Gostei de uma frase dele na coletiva: disse que vai montar um time de Série A – destacou Bolívar, enquanto Índio espera um retorno com "toda a força". – Como colorado, também estou muito triste. Mas o Inter vai voltar com tudo, retomar com toda a força.
Já Clemer elogiou a nova diretoria, que assume em janeiro, e lembrou que o Inter tem a obrigação de conseguir o acesso até com certa tranquilidade.
– O clube é maior. Com a diretoria nova, tenho certeza de um grande trabalho. A torcida tem que abraçar. O Inter tem que fazer um time que faça frente a outros clubes. A obrigação é subir.
Jogador com experiência na Série B, que disputou com o Palmeiras em 2003, Magrão disse que os jogadores terão de se dedicar totalmente dentro de campo.
– A gente mesclou o time naquela época, com Marcos de veterano e Vágner Love, Edmílson surgindo. Agora, temos jovens de muita qualidade. Sou fã do Dourado, do William e do Ferrareis, pode mesclar um time com eles e fazer um grande campeonato. Vou ficar torcendo. Vim nos jogos, trouxe meu filho, a gente brincava sobre a seca do Grêmio. Fiz ele ser colorado, e continuo semeando isso. Quando voltei ao Palmeiras, em 2003, vi uma torcida carente. Aqui vai ser assim: se os caras transpirarem, e trouxerem a torcida junto, vai dar – completou o ex-volante.
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