Argel está acuado. Nos minutos em que atendeu os repórteres no treino de sexta-feira, as respostas deram uma amostragem do tamanho da pressão que está passando, a maior nos 11 meses de Inter. Externamente, como não poderia ser diferente, o discurso geral no Beira-Rio é de "superar o mau momento", "mudar a atitude", "seguir com o pezinho no chão" e outras expressões típicas de demonstração de confiança durante uma sequência negativa.
Mas, contra o Santa Cruz, domingo, 16h, está em jogo mais do que os três pontos da 14ª rodada do Brasileirão. A estreia de Ariel é a esperança do técnico de manter a tranquilidade e seguir com seu trabalho no clube que o projetou para o esporte.
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Contra um adversário que tem uma série ainda pior do que a colorada, o centroavante argentino é a arma para estancar a sequência que deixou seu time com um ponto nos últimos 15 disputados. O momento é o de maior tensão de Argel no Beira-Rio, apesar de garantir se sentir pressionado "desde o dia que chegou".
Garantido entre os titulares pelo técnico, o atacante que estava no Pachuca será responsável por uma mudança no estilo do Inter de atacar. Sai de cena o chamado falso 9, jogador que até tem a missão de se posicionar mais à frente, mas por suas características de mobilidade e dribles, sai bastante da área para armar jogadas, e entra o centroavante de verdade, aquele que fica entre os zagueiros, parte para trombadas, faz parede e tenta cabecear.
Na teoria, é a ferramenta de Argel para que sua estratégia ofensiva mais repetida, enfim, dê resultado. Recordista de cruzamentos para a área no Brasileirão, o Inter terá um jogador de 1m89cm para levar vantagem sobre a defesa pernambucana.
– A bola tem pipocado na área, mas precisa de um cara de ofício, experiente, para botar para dentro. É isso que o Ariel dará. É uma peça que não tínhamos – comentou o técnico, que citou Fred, Guerrero, Pratto e Ricardo Oliveira como exemplos de atacantes que "brigam e deixam defesas preocupadas" na comparação com o argentino.
A escalação de Ariel representa uma mudança de sistema de jogo. Gustavo Ferrareis partirá de uma posição centralizada. Sasha estará pela direita, Vitinho pela esquerda. Mas os três terão liberdade total para se movimentar. Assim como é esperada a chegada constante de Fabinho, o segundo volante, e de um dos laterais. A ideia é ter sempre cinco ou mais jogadores no ataque.
– É importante ter paciência com Ariel. É um líder, tem boa atitude. No Pachuca, a lesão o atrapalhou. Mesmo assim, deixou sua marca – lembrou a jornalista mexicana Abigail Parra, do jornal Diario Deportivo Esto.
Geralmente afeito a expressões-chave, seus "mantras", Argel usou mais uma para definir o argentino, ainda nesta questão da paciência: não é um "salvador da pátria". Quis, assim, diminuir "a pressão natural que já tem por jogar no Inter".
Pressão, aliás, que Argel está sentindo com mais intensidade nesses 11 meses de Beira-Rio. Ainda que ocupe a quinta posição do Brasileirão e insista em dizer que o "time foi apontado como um dos rebaixáveis pela imprensa", o técnico reconhece o mau momento e exige uma nova postura para sair desta situação desconfortável. O discurso encontra eco na direção, que, pelo vice de futebol Carlos Pellegrini, demonstra otimismo após a semana de trabalho:
– A mudança de atitude foi muito significativa. A confiança só virá com o resultado.
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