Em pouco mais 22 anos de vida, Geferson já viveu a expectativa, a ascensão, a surpresa, a glória, a vergonha, a queda, a dor, a reserva e o ostracismo. Agora, o lateral-esquerdo do Inter ganha sua primeira oportunidade de ser titular em uma partida do Brasileirão após 285 dias. Com Artur suspenso, ganhou de Argel a chance de começar o jogo de hoje, 19h30min, contra o Atlético-MG, no Beira-Rio, pela oitava rodada.
Desde o início de 2015 no grupo principal do Inter, Geferson vivia a expectativa de ser usado por Diego Aguirre, mas precisava sempre aguardar qualquer brecha deixada por Fabrício. Quando o então titular "surtou", por assim dizer e, num acesso de raiva, xingou a torcida e foi expulso contra o Ypiranga, viu aparecer sua chance. Ainda inexperiente, ficou na reserva em algumas partidas da Libertadores, quando o técnico uruguaio improvisava Ernando na função. Depois, fixado como titular, teve a ascensão esperada.
Leia mais:
Inter x Atlético-MG: tudo o que você precisa saber para acompanhar a partida
Luiz Zini Pires: o que falta para Vitinho ganhar os corações colorados
"Não temos de nos preocupar só com Robinho e Fred", diz Fabinho
Com atuações sólidas, virou peça importante. Apresentou capacidade defensiva e boas aparições também no campo de ataque, principalmente com bom aproveitamento de cruzamentos. Então veio a surpresa. Quando tinha 18 jogos como profissional, acabou chamado por Dunga para disputar a Copa América, no Chile, substituindo Marcelo, cortado.
– Tive participação nesta convocação. Dunga me consultou sobre o jogador e falei que era hora de arriscar. Como ele tinha mostrado boa capacidade técnica, leitura tática e força física, vivia um bom momento, é jovem, faria parte do processo de rejuvenescer a Seleção – comenta o ex-lateral-esquerdo do Inter e da Seleção, André Luiz, então parte integrante da comissão técnica das categorias de base da CBF.
Mas o que deveria ser a glória para o jogador – que chegou a ser sondado por Sampdoria e outros clubes europeus –, transformou-se em um problema. Com a convocação contestada e com os relatos de ter sido discreto nos treinos, ficou apenas no banco na campanha da Seleção que caiu nas quartas de final.
Em seu retorno, viveu a vergonha. Na partida de volta das semifinais da Libertadores, fez um gol contra, o do 2 a 0 do Tigres sobre o Inter (o placar acabou 3 a 1 para os mexicanos). Com o desempenho em queda, sentiu intensificar as dores no ombro esquerdo. Sem alternativas, passou por uma cirurgia para corrigir os problemas articulares que traziam constantes luxações. Sua última partida de 2015 foi em setembro. Só voltou no Gauchão seguinte e foi titular apenas uma vez, quando Argel usou grande parte dos reservas contra o Aimoré. Em boa parte do Estadual, viveu o ostracismo e acabou fora inclusive do banco em algumas partidas, preterido por Raphinha. Depois, chegou a recuperar um lugar entre os relacionados, mas Artur acumulava exibições sólidas e não dava brecha. Até hoje.
Aproveitando a suspensão do titular, ganhará a chance de Argel, que antecipou sua escalação já no sábado passado:
– Coloquei o Geferson para dar um pouco de ritmo de jogo.
Tem a confiança dos companheiros.
– Argel tem passado que tem que estar todo mundo preparado, é um campeonato longo e uma hora vai aparecer a oportunidade. Geferson é jovem, mas tem experiência, vai entrar e dar conta do recado – anunciou Fabinho ontem.
O lateral vive novamente a expectativa de recomeçar sua história no Inter, atrás de ascensão, surpresa e glória. Mas sem a vergonha, a queda, a dor e o ostracismo.
Acompanhe o Inter no Colorado ZH. Baixe o aplicativo:
Publicidade
*ZHESPORTES